Esta investigação visa esclarecer todo o processo
criativo de Teresa Amabile. Sendo ela uma conhecedora deste campo,
Criatividade, poderá então esclarecer como funciona o processo criativo.
Todos os dias somos confrontados com este
paradigmático conceito, que ainda hoje, é difícil de definir. Talvez por
haverem diversas definições sobre este tema, tantas opiniões podem levar a um
beco sem saída e sem respostas concretas. Para clarificar toda esta ideia,
considero interessante abordar algumas tentativas de definições do que é a
Criatividade.
“«Como o novo vem a ser: Uma pergunta natural
é frequentemente levantada: Como começar sempre novas criações verbais, como um
poema ou um ensaio brilhante? A resposta é que podemos obtê-‐los através da
manipulação de palavras, colocá-‐las sobre até que um novo padrão é bater em
cima.»”
1. Pressupostos e Observações Preliminares
O modelo componencial de criatividade sugerido
por Teresa Amabile é composto por um conjunto de componentes considerados
necessários e suficientes, para a produção criativa, em qualquer domínio.
O modelo define-‐se por três componentes
essenciais para a produção de cada resposta ou projecto: capacidades relevantes
num determinado domínio, capacidades relevantes de criatividade e, por último,
a motivação para uma determinada tarefa. Após várias tentativas, Amabile apresenta um
modelo componencial de Criatividade.
“Um produto ou resposta será julgado como
criativo na medida em que é novo e apropriado.”
O modelo visa explicar de que maneira os
factores cognitivos, a motivação do individuo, factores sociais e a
personalidade influenciam o processo criativo. Afirmando que estes três componentes têm
obrigatoriamente que estar em interação, Amabile remata que se isso não
acontecer, não haverá processo criativo.
“«No seu sentido estrito, a criatividade
refere-‐se às competências que são mais características das pessoas criativas
... Por outras palavras, os problemas que o psicólogo da personalidade criativa
... Eu tenho frequentemente definido personalidade de um indivíduo como o seu
padrão único de características. Um traço é qualquer forma relativamente
permanente em que as pessoas diferem uma da outra. O psicólogo está
particularmente interessado nos traços que se manifestam no desempenho; por
outras palavras, em traços de comportamento. Traços de comportamento estão sob
amplas categorias de aptidões, interesses, atitudes e qualidades temperamentais
... Personalidade criativa é então uma questão desses padrões de traços que são
característicos das pessoas criativas.»” Guilford’s, 1950
2. Características do Desempenho Criativo
As características do desempenho criativo são,
como que, as normas que regem o pensamento criativo. Estas normas são
universais, mas por vezes são nomeadas de diferentes modos, o que complica a
compreensão. Apresentam-‐se três características do desempenho criativo que
são as habilidades de domínio, os processos criativos de relevância e a
motivação.
A criatividade só “funciona” caso estas três
normas estejam interligadas.
Fig. 1 – Componentes do processo criativo
2.1. Habilidades de Domínio
Trata-‐se do conhecimento numa área definida,
onde o individuo tenta ser criativo. Também denominado por Expertise, este
processo depende inteiramente da sua educação, experiência, treino informal,
capacidades técnicas desenvolvidas, qualquer tipo de aquisição naquele domínio.
Não nos é possível fazer trabalho criativo em Biologia Molecular, a não ser que
saibamos imenso sobre esta temática, sendo que isso faz expertise neste
campo. Esta componente também depende do talento de
cada indivíduo, que é provavelmente inato e que nos orienta para o trabalho e
para o pensamento, numa área particular. Existe toda uma panóplia de talentos,
todos eles são talentos iniciais, impulsionando o caminho que é desenvolvido
pela experiencia, treino formal e informal, tudo o que constitui a componente expertise.
2.2. Processos Criativos de Relevância
Também denominado por processo de pensamento
criativo, esta componente, processo criativo, pode ser aplicada a qualquer
domínio, não estando confinada às áreas em que individuo é especialista. Esta é
uma forma pessoal de pensar os problemas, de os resolver, de olhar para o mundo
em geral.
É um estilo cognitivo, pois inclui um conjunto
de técnicas cognitivas, tácticas, para produzir novas ideias, tais como
resolver problemas, ter capacidade de apresentar novas perspectivas, capaz de
tolerar a ambiguidade, ou seja, sentir-‐se bem com algo que não está
encerrado, ser capaz de lançar novas e diferentes ideias. Importante também é o facto de ser orientado
para enfrentar riscos, ser independente e não conformista, no seu próprio
pensamento e atitudes. Todos estes traços cognitivos e pessoais tornam propício
que o individuo surja com novas ideias aplicáveis – ideias criativas.
Alguns destes aspectos são inatos, podem ter
que ver com a personalidade básica de cada indivíduo, com a estrutura cognitiva
bélica, mas muitas destas capacidades criativas podem ser aprendidas e
desenvolvidas. Os indivíduos podem aprender a tornar-‐se mais flexíveis no seu
pensamento, mais fluentes e, até mesmo, mais originais.
2.3. Motivação
Segundo Teresa Amabile, o factor primordial de
criatividade vem da motivação intrínseca dos indivíduos. Factores como o
conhecimento e o pensamento criativo são importantes para o nosso processo
criativo, mas não são suficientes para criar um individuo criativo por si só. É
a motivação que determina e permite que o individuo passe do sonho à
concretização da mesma. Se o sujeito não possuir tal motivação, simplesmente
não será executada com sucesso, ainda que exista o conhecimento e o pensamento
criativo. Desde a Revolução Industrial e da produção em
série que, vários autores, estudam a enorme questão da motivação. Actualmente,
já podemos afirmar que, tanto factores internos, como factores externos, podem
influenciar a nossa motivação.
Em criatividade, a Motivação assume duas
formas distintas, a motivação extrínseca e a motivação intrínseca. Sendo que a
extrínseca provém do exterior do indivíduo, ou seja, terá que ver com o
ambiente no qual está inserido o indivíduo. Quanto à motivação intrínseca, esta
tem que ver o interior do próprio indivíduo, as emoções, as vivencias, a herança
cultural, são tudo factores que podem influenciar a motivação intrínseca. O que move realmente um individuo a criar é a
motivação intrínseca, pois não são as pessoas mais criativas, as que estão mais
motivadas intrinsecamente. Isto significa que, é muito mais importante ser-‐se
motivado pelo empenho, prazer, trabalho, do que por factores externos –
motivações externas. A motivação intrínseca depende, até certo
ponto, das inclinações naturais do individuo para fazer determinada tarefa.
Como por exemplo, podemos gostar imenso de ensinar ou fazer música, mas essa
inclinação natural pode ser constrangida pelo ambiente social em que o
individuo se encontra inserido enquanto faz algo. Este constrangimento pode
conduzir a profundas alterações na sua motivação intrínseca, que por sua vez,
pode resultar em constrangimentos exteriores e, por outro lado, oferecer
imensas motivações externas. Assim sendo, pode-‐se matar a motivação
intrínseca, matando, por sua vez, a criatividade.
Em suma, os indivíduos são mais criativos ao
serem motivados pelo prazer, satisfação, e não por pressões exteriores.5
3. Modelo Componencial e as suas Dimensões
A Criatividade surge de forma desordenada, mas
através do modelo criativo e componencial de Teresa Amabile, é-‐nos possível
simplificar e esquematizar todo o processo criativo. O processo é possuidor de
cinco etapas, e as suas características são:
1. Preparação – esta fase serve para a criação
de um reportório de conhecimento, sobre um determinado tema. Aquando da
identificação de um problema ou oportunidade, o exame refere-‐se à busca dos
factores que influenciam ou actuam sobre o problema ou que criam a
oportunidade; quais as formas que já foram criadas para solucionar o problema.
Quando não existe um problema identificado, a preparação envolve o
acompanhamento dos factores externos à empresa, como por exemplo, hábitos e
atitudes dos consumidores, tendências.
2. Oportunidades
de criação – é a identificação de um problema ou de uma oportunidade.
3. Gerar
opções: divergência – é a busca de uma série de alternativas, tendo em conta o
maior número de alternativas, mesmo que algumas não sejam viáveis a curto prazo
ou mesmo que pareçam impossíveis.
4. Incubação
– período de descanso, esta é uma fase, durante a qual, não se trabalha com o
problema de forma consciente.
5. Seleção
de opção: convergência – o momento de escolher a melhor ou as melhores
alternativas. É também a fase de julgamento.
4. Factores Sociais e Ambientais
O ambiente criativo é o local em que o
individuo se encontra, ou no qual o produto é criado. Todo este espaço, onde o
processo criativo ocorre, é o lugar onde a criatividade ocorre ou por outro
lado, desaparece. O ambiente tem influencias organizacionais na criatividade e
inovação.
O ambiente de trabalho exerce claramente um
enorme impacto sobre qualquer componente de criatividade individual, mas é com
a motivação que o efeito surge como imediato. É perfeitamente possível que um
profissional, procure conhecimento fora da organização, mas em casos
específicos, como por exemplo, profissionais de saúde, informática, marketing,
o conhecimento necessário para actuar em determinada área, vem da formação,
fora da empresa.
O pensamento criativo de cada um dos
profissionais está intimamente relacionado com as características de cada
individuo, além do que foi aprendido sobre ferramentas criativas que este
profissional, pode também aprender, fora do ambiente de trabalho.
Fig. 2-‐ Detalhe do modelo componencial:
mecanismos de influência sócio-‐ambientais na criatividade.6
Conclusão
O modelo componencial de Teresa Amabile surge
com base noutros modelos componenciais, mas mais simplificado, de modo a que
possamos compreender, mais facilmente, o funcionamento do nosso pensamento
criativo – situações criativas.
A criatividade e não é algo que possa ser
forçado, depende de vários factores e, o que é mais complicado é reunir todos
esses factores, para criar situações propícias, à manifestação da criatividade.
Elementos como o espaço, que o individuo frequenta, o ambiente social em que se
encontra inserido, o material de trabalho actualizado e mesmo a vida pessoal do
mesmo, têm que ser favoráveis para que este se sinta capaz, confiante e
satisfeito, para que a criatividade não seja abafada.
Os actos criativos sé precisam de espaço para
se poderem desenvolver; ideias surgem abundantemente, mas acabam por se
esvanecer ainda dentro da mente do autor, normalmente pelos próprios
preconceitos pessoais, mas ainda que sobrevivam a isso e saiam da mente, acabam
por cair nos preconceitos da sociedade.
É preciso haver tempo e encorajamento para que
as ideias vivam o suficiente, encorajando a autonomia do individuo, evitando o
controle excessivo do sujeito, respeitando a individualidade.7
Bibliografia
AMABILE, Teresa M.. Creativity in Context. Westview
Press, 1996.
Sternberg, Robert J.. Handbook of Creativity. Cambridge
University Press, 1999.
Boa entrada no blog, muito interessante!
ResponderEliminarsafou!! Obrigado!! :DDDD
ResponderEliminarObrigado pelos vossos testemunhos.
ResponderEliminarCumprimentos
André Lopes Cardoso