domingo, 21 de fevereiro de 2016

Sarreira

Não se sabe ao certo a origem desta família, mas sabe-se que existe na zona Oeste de Portugal, mais propriamente na região de Torres Vedras algumas pessoas com o apelido Sarreira. Porém, descobriu-se um lugar "Sarreira" entre Casal do Vale e Casal da Castelhana, na zona circundante a Freiria, que poderá ser uma pista para aprofundar os conhecimentos relativamente a este raro apelido. Encontrámos também Rua da Sarreira em Quintal, um lugarejo próximo de Mafra.

Segundo alguma investigação encontrámos algumas personalidades que assinavam com este apelido.


Padre Doutor Raúl Dias Sarreira

Foi a 06 de Novembro de 1889, em Ponte do Rol, uma localidade perto de Torres Vedras, que nasceu o Padre Doutor Raúl Dias Sarreira. Cedo ingressou no Noviciado do Barro (também perto de Torres Vedras) e foi lá que se formou sacerdote. Colaborou com a Revista Brotéria e foi professor de Física no Colégio dos Jesuítas em La Guardia (Álava).
Foi missionário em vários países africanos, fale-se de Zambézia, Somália, Moçambique (entre 1943 e 1968), entre outros. Pensa-se que foi em Boroma (Somália) que teve a sua maior missão, tendo sido professor e director da Companhia de Jesus na Igreja de S. José.

Padre Dr. Raúl Dias Sarreira

"La escuela de Boroma formó maestros y catequistas para las diócesis de Beira, Tete y Quelimane. Raul Dias Sarreira, su director, hombre de talento y gran curiosidad, dejó escritos sobre prehistoria, etnografia, numismática, física, química y cartografia. Excellentes colaboradores fueron los profesores que iban llegando, y que después tomaron la dirección de la escuela."


Igreja S. José, Boroma, Somália

Foi também diretor do INA (Instituto Nun'Alvares) entre 1932 e 1936, ainda quando este estava localizado em Caldas da Saúde, Santo Tirso.

Está mencionado na Enciclopédia Luso-brasileira e na tese de Doutoramento em História e Filosofia das Ciências de Francisco Maria de Sousa de Macedo Malta Romeiras, sob o tema "Das Ciências Naturais à Genética: A Divulgação Científica na Revista Brotéria (1902-2002) e o Ensino Cientifico da Companhia de Jesus nos Séculos XIX e XX em Portugal".
Avenida Padre Dr. Raul Sarreira, Ponte do Rol

Faleceu em Angónia (Moçambique), onde jaz, a 11 de Abril de 1968.



Boaventura Dias Sarreira

Este indivíduo foi Alferes Médico Meliciano, natural de Ponte do Rol, Torres Vedras, filho de Francisco Dias Sarreira e de Carlota Dias Sarreira. Nasceu a 23 de Novembro de 1891.
Embarcou em 20 de Janeiro de 1917 (com apenas 26 anos) para Cherburgo (localizada a norte de França), tendo chegado a Lisboa em 04 de Março de 1919; pensa-se que esta viagem foi para socorrer na 1ª Grande Guerra Mundial.
Casou com Justa Quaresma Ventura (natural do Montijo) aos dias 26 de Junho de 1923, filha de António Máximo Ventura e de Joaquina Rosa da Piedade Quaresma.

Mais tarde foi Director Clínico das Termas dos Cucos, tendo sobre as quais elaborado vários estudos de cariz médico, relativamente às potencialidades das águas e a hipertensão arterial. Este cargo ocupou-o durante 32 anos sobre a "Royai Portuguesa", tendo sido o segundo Director Clínico das Termas.


Presidente da República General Óscar Carmona com Dr. Boaventura Dias Sarreira
Inauguração Hospital Torres Vedras, 18.07.1943 

Está representado na Biblioteca Nacional de Portugal com o livro: Algumas Palavras Sobre a Terapêutica Termal dos Cucos.

Existe uma Praceta no centro de Torres Vedras dedicada ao excelente médico que foi: Praceta Dr. Dias Sarreira.


Francisco Dias Sarreira

Este membro da família foi director do Centro Académico de Democracia Cristã (CADC), em Coimbra. Percebe-se pelos escritos que deixou que era um apoiante da Nova Democracia Cristã, promovendo a cooperação, mas em simultâneo as raízes tradicionais do movimento. 
"Calcula-se a alegria de todos os rapazes ao verem desaparecer a casa antiga, tão carregada de tradições, – e que era a esperança segura de que a aspiração de tantos rapazes ia finalmente rea- lizar-se. Deve no entanto observar-se que a nossa alegria era nimbada por uma grande saudade. Dentro dessas velhas paredes tinham decorrido os sonhos, os projectos e os sacrifícios de apostolado de muitas gerações. Houve até quem chorasse ao ver tirar as primeiras telhas da casa que tinha sido a sede do CADC. E as obras foram decorrendo em ritmo nor- mal. Os alicerces, em alguns pontos fundíssimos, levaram muito tempo a cavar, e ainda mais tempo a encher. Para nossa ansiedade, cada dia que pas- sava parecia eterno, até que, à superfície começaram a surgir as paredes novas que se nos afiguravam uma aurora. No momento em que foi lançada a primeira varanda, a nossa alegria pareceu-nos não ter limites e era de ver então a “malta” a trepar pelos andaimes, conversando amigavelmente com os operários e a mirar constantemente os trabalhos que se iam efectuando com uma lentidão difícil de suportar pela nossa ânsia de rapidez.", in Jornal Novidades (1939)."

Vem referenciado na Revista do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa - Lusitânia Sacra - sob o tema Correntes Cristãs, Políticas e Missionação nos Séculos XIX e XX.


Bibliografia:

Brites, Joana (1930) Construir a História: A Sede do CADC de Coimbra 

Diccionario histórico de la Compañía de Jesús: Infante de Santiago-Piatkiewicz, Mozambique, p. 2759.

Lepierre, Charles (1932) Cucos Termal - análises por Charles Lepierre; indicações terapêuticas por Boaventura Dias Sarreira, Sociedade Progresso Industrial.

Sarreira, Boaventura Dias (1955). Algumas Palavras Sobre a Terapêutica Termal dos Cucos.

Sarreira, Francisco Dias (1939). "Depondo..." in Novidades, ano LIV, n-o 14060, Lisboa, 1 de Dezembro de 1939, pág. 5.