domingo, 23 de novembro de 2014

Árvore de Natal e presépio

Como já todos, de alguma maneira sabemos, o nosso país é extremamente rico em cultura, variando esta de região para região. Na época natalícia, muitas são as tradições que vêm à tona, mas muitas delas suscitam duvidas, principalmente sobre a árvore de natal e o presépio.

Civilizações antigas que habitaram os continentes europeu e asiático no terceiro milénio a.C já consideravam as árvores como um símbolo divino. Essas crenças ligavam as árvores a entidades mitológicas, pois a sua projeção vertical desde as raízes fincadas no solo, marcava a simbólica aliança entre os céus e a mãe terra.
Nas vésperas do solstício de inverno, os povos pagãos da região dos países bálticos cortavam pinheiros, levavam-nos para seus lares e enfeitavam-nos de forma muito semelhante ao que se faz nas atuais árvores de Natal. A primeira árvore de Natal foi decorada em Riga, na Letónia, em 1510.

Árvore de Natal, sendo que o pinheiro é artificial
No início do século XVIII, o monge beneditino São Bonifácio tentou acabar com essa crença pagã que havia na Turíngia, para onde fora como missionário. Com um machado cortou um pinheiro sagrado que os habitantes locais adoravam no alto de um monte. Como teve insucesso na erradicação da crença, decidiu associar o formato triangular do pinheiro à Santíssima Trindade e as suas folhas resistentes e perenes à eternidade de Jesus. Nascia aí a Árvore de Natal.

Acredita-se também que esta tradição começou em 1530, na Alemanha, com Martinho Lutero. Certa noite, enquanto caminhava pela floresta, Lutero ficou impressionado com a beleza dos pinheiros cobertos de neve. As estrelas do céu ajudaram a compor a imagem que Lutero reproduziu com galhos de árvore em sua casa. Além das estrelas, algodão e outros enfeites, ele utilizou velas acesas para mostrar aos seus familiares a bela cena que havia presenciado na floresta.
Há outras versões, porém, a moderna árvore de natal teria realmente surgido na Alemanha entre os século XVI e XVIII. Não se sabe exatamente em que cidade ela tenha surgido. Durante o século XIX a prática foi levada para outros países europeus e para os Estados Unidos. Apenas no século XX esta tradição chegou à América Latina.

A tradição portuguesa é de facto o presépio. Começando pela extrapolação da palavra, presépio significa o local onde de se guarda o gado. Por outro lado, sabe-se também que o presépio é a referencia cristã que relaciona o nascimento de Cristo numa gruta especial em Belém, na companhia de Nossa Senhora, São José, uma vaca e um burro. O nascimento deu-se numa gruta, pois Nossa Senhora e José andavam em recenseamento de toda a região e, na noite de 24 de Dezembro refugiaram-se numa gruta destinada ao abrigo de animais, daí Jesus ser representado no presépio, deitado numa manjedoura com palhinhas.

Contudo, e de maneira a celebrar o nascimento de Jesus – Nosso Salvador – várias culturas começaram a construir o presépio aquando da chegada da época natalícia. Muitas podem ser as diferenças, tanto de tamanho, como em figuras, mas o mais importante é reunir a sagrada família Jesus, Nossa Senhora e São José. O primeiro presépio que surge foi concebido em Argila por São Francisco de Assis, em 1223. Com esta pratica, o costume espalhou-se por entre as principais catedrais, igrejas e mosteiros da Europa, durante a Idade Média. Foi já no século XVIII que o costume se disseminou por todo o mundo.


Presépio Português

Tal como foi dito anteriormente, o presépio pode apresentar-se de várias maneiras, contudo o elemento chave é o Menino Jesus. Existe também o costume de colocar o Menino Jesus nas palhinhas, depois da Missa do Galo. Tendencionalmente é também junto do presépio que se colocam os presentes que posteriormente serão distribuídos pela família, em referencia aos presentes que os Reis Magos ofereceram ao Menino Jesus. A execução do presépio dá-se no dia 8 de Dezembro – Dia de Nossa Senhora da Conceição – e o desmontar dá-se no dia 7 de Janeiro, dia seguinte ao Dia de Reis.

Presépio tradicional português
Alenquer é a vila portuguesa conhecida por ser a Vila Presépio, pois em 1968 começou a montar um gigantesco presépio da autoria de Álvaro Duarte de Almeida, numa das suas colinas altaneiras. No entanto, este epítome era já desta vila portuguesa desde o século XIII, altura em que fixou aí o primeiro convento franciscano da península ibérica. Frei Zacarias, enviado por São Francisco de Assis encontra em Alenquer um cenário a que chama de autêntica Belém, terra onde nasceu Jesus.

O Presépio Português é diferente dos presépios que encontramos noutros países, pois é formado por figuras que não correspondem à época que deveriam de facto representar. Excluindo a Sagrada Família, os Pastores e os Reis Magos, as restantes peças que surgem no presépio foram adicionadas de maneira a dar um cunho “aportuguesado” à história. As peças são normalmente dispostas numa plataforma firme, revestida com musgo, de maneira a tornar o artefacto mais natural, há que use também água para simular os rios, também há quem opte por colocar espelho ou papel de prata. Pode-se encontrar o moleiro, a lavadeira, bailarinos de rancho folclórico, banda de música, mulher com cântaro à cabeça, castelos, pontes romanas, fontes, variados animais, entre outros. Estas peças são normalmente de cerâmica provenientes dos arredores de Barcelos, onde ainda hoje são produzidas em larga escala. Já em Estremoz, o presépio é bastante típico, concebido com base nas peças dos conhecidos Bonequeiros de Estremoz.

Em Lisboa, existe na Basílica da Estrela um presépio da autoria de Joaquim Machado de Castro que é um verdadeiro ex-libris.

Presépio da autoria de Machado de castro, Basílica da Estrela
Atualmente muitos são os artistas ou curiosos que criam os seus presépios.

Presépio concebido com base em pessoas.