domingo, 12 de agosto de 2012

Museu Franco


Situado a caminho da famosa e conhecida praia da Ericeira, na costa Oeste de Portugal, encontra-se a pequena povoação denominada por Sobreiro. Conhecida por fazer parte da “Rota Saloia”, como é vulgarmente conhecida, esta povoação alberga a obra de José Franco, escultor português, tendo uma vasta obra ao nível de altos relevos e pequenas esculturas representativas de santos populares.

José Silos Franco (19 de Março de 1920 – 14 de Abril de 2009) foi um conhecido oleiro, escultor e ceramista português. A sua obra tem como ponto fulcral, a criação de estatuetas religiosas. Estas estatuetas são bastante marcantes, pois representam simbolicamente entidades religiosas, mas de maneira suave, sem grande recurso a pormenores – “tosco”. Conhecidas um pouco por todo o país e até no estrangeiro, estas representações adorativas são um marco na Olaria portuguesa. Filho de pais humildes, desde cedo tomou conhecimento com o barro, pois os seus pais eram produtores de produtos concebidos em barro. Franco e seus irmãos (catorze), vendiam as peças produzidas pelos pais em festas, colocando-as e transportando-as no lombo de um burro.


Intitulada por mim de “Vila Franca” é o local onde está exposta a obra deste grande escultor.
A vila descreve-se em rampa, como que uma vila presépio, na qual encontramos edifícios que são essenciais numa qualquer povoação. De entre pequenas casinhas, lagos, riachos, Franco conseguiu fazer uma excelente recriação da vida quotidiana campestre. No topo da vila encontramos a Igreja, referencia dos mais crentes, é essencial e marcante em todas as povoações portuguesas. Bem perto da Igreja, encontram-se casas de maiores dimensões, as quais fazem referência às famílias mais abastadas da região. À medida que vamos descendo na povoação vamos, cada vez mais, encontrar as casas referentes ao povo trabalhador, casas pequenas, simples, sem grandes luxos, o essencial para sobreviver. De entre tanto pormenor, Franco conseguiu de maneira soberba recriar o quotidiano das gentes do campo. O moleiro, o lenhador, o pescador, todas estas profissões foram representadas na sua “vila”. Caricaturou os seus movimentos sistemáticos, como o de serrar a lenha, de maneira rápida e convicta, que faz as caras mais sisudas esboçarem um sorriso. Estão muito bem conseguidas estas caricaturas em movimento, são uma graça e revelam bem o trabalho árduo do campo.








O rio que refresca esta “vila” está muito bem pensado, percorre toda a vila, utilizando sempre a mesma água, criando limos que o tornam bastante real.
Este conjunto ou até instalação ganha vida quando acionado o botão que garante e fornece energia a todas estas pequenas animações.

Para além desta “vila”, Franco projetou pequenos recantos no seu museu a céu aberto que representam as profissões por muitos esquecidas, como é o caso do boticário, do cesteiro, da professora. Estas representações são feitas em cera ou plástico, tornando os personagens bastante reais para o efeito.
Foram também criados ambientes bem portugueses, como a escola, a casa dos agricultores, a Igreja, a Padaria, pequenos ambientes que estão fielmente representados em comparação com os ambientes existentes por este por Portugal fora.





A obra de Franco é divulgada através dos objetos que são produzidos na sua oficina e vendidos na sua loja, existente no mesmo espaço do “Museu a Céu Aberto”. Muitos são os visitantes que passam por esta loja, nem que seja só para deixar um olhar maroto, mas o que é certo é que existem imensas pessoas interessadas em obter uma pequena réplica do trabalho do escultor. Existem pratos, conjuntos de chá, conjuntos de café, serviços de cozinha, utensílios de cozinha, castiçais, copos, animais em barro, relógios, galheteiros, tudo isto produzido em barro.
O desgosto foi as santas, que são o marco de Franco e, que atualmente já não são produzidas, pois o seu “pai” faleceu e ninguém deu seguimento ao seu trabalho.

Quem tem uma herança deste escultor, tem uma relíquia em casa. As centenas de santas e santos que foram produzidas são peças únicas, peças que já não são mais produzidas (com pesar). Estes objetos de arte valem imenso dinheiro, mas o dinheiro não é tudo e, quem tem a possibilidade de ter um exemplar destes, é um sortudo.