sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Casas devolutas em Vila Franca de Xira, dezembro 2018


Há muito tempo que ando para escrever este artigo, tem-me faltado a coragem, pois interesso-me pela minha cidade, mas não me parece que a CM tenha feito pressão junto dos moradores, para que ganhem brio e vontade fazer melhor, numa cidade que é de todos e para todos.

Esta paisagem urbana não cativa, ter-se-á que criar um incentivo para que os moradores mais desinformados consigam reparar as suas habitações.

O problema que encontro é a quantidade de comércio encerrado. Muitas lojas encontram-se para alugar, mas com valores extremamente altos, impróprios para uma cidade com esta dimensão e para o tipo de negócio que aqui se pratica.


Antigo edifício da Barbearia "Atomica", em Vila Franca de Xira. Este espaço em plena Rua Serpa Pinto, em Vila Franca de Xira, aumenta o cenário péssimo de ruína em que a cidade se encontra. Até quando vamos ter que olhar para esta rede horrível?


Esta obra encontra-se começada há mais de 10 anos, junto à Marisqueira União, será para continuar com este aspecto?



É inutil ter um edifício abandonado na principal rua de comércio de Vila Franca de Xira. Este edifício de três pisos e loja (que está a funcionar) foi onde esteve implementado vários anos o Posto Médico e de Vacinação. Se fosse recuperado, poderia albergar algumas famílias...


Este lençol gigante "Mais Habitação Jovem" encontra-se a cobrir o edifício há mais de um ano. para quando uma resolução?


Mais uma obra da Câmara...




Esta era uma carvoaria, agora é uma parede prestes a ruir. O telhado já foi...



Este edifício prestes a ruir encontra-se na travessa da Misericórdia, junto à unica Igreja da cidade que serve o proposto, em dignas condições.

Este edifício sofreu um incêndio há uma série de anos. Localiza-se na Praça Pedro Vitor, uma das mais centrais da cidade. Neste momento é um pombal em ruínas.


Edifício de 2 pisos e loja num dos principais largos da cidade. É ridiculo manter este enorme edificio em ruínas, ainda para mais num sítio com imensa visibilidade, só denigre a cidade e aumenta o cenário "pós-guerra".

Outra na Praça Pedro Vitor

Esta é mesmo à entrada da cidade, junto ao cemitério.



Rua Dr. Miguel Bombarda (Rua Direita)

Rua Dr. Miguel Bombarda (Rua Direita)


Rua Serpa Pinto

Rua Serpa Pinto

Rua Serpa Pinto


Todo um quarteirão que poderia ser potenciado, junto à Estação de Comboios de Vila Franca de Xira. É incrivelmente mau o aspecto que dá à famosa "Rua da Estação" e quantas famílias caberiam em todos estes edifícios?


Assembleia Municipal da Câmara Muncipal de Vila Franca de Xira


Antigo Edifício da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, junto à Igreja Matriz de S. Vicente Mártir.


segunda-feira, 24 de setembro de 2018

sábado, 24 de março de 2018

Capitalismo centralizador e problemas adjacentes


Breves notas sobre a (re)evolução civilizacional
“ Hoje em dia, o ser humano apenas tem ante si três grandes problemas que foram ironicamente provocados por ele próprio: a super povoação, o desaparecimento dos recursos naturais e a destruição do meio ambiente. Triunfar sobre estes problemas, vistos sermos nós a sua causa, deveria ser a nossa mais profunda motivação.”
 Jacques Yves Cousteau (1910-1997)

Os grandes centros urbanos encontram-se sobrelotados ou superpovoados, quer de edifícios, quer de pessoas, o que faz com que as zonas mais rurais fiquem despovoadas, ou até desertificadas. O despovoamento do interior assume-se como um problema de fortes dimensões, a população vê nas cidades a fonte das suas possibilidades, desencantando-se e desacreditando-se dos potenciais benefícios de viver e trabalhar no campo. Em consequência, descurou-se a qualidade de vida que as zonais rurais oferecem, em prol de um stress citadino, indissociável da manifestação de imensos casos de perturbações mentais.
A falta de emprego nas zonas mais rurais acaba por se revelar num dos factores impulsionadores da imigração: interior-litoral, para as zonas de onde se concentram as maiores cidades. Estes territórios do interior careceram de estudos de oportunidades e viabilidades socioeconómicas e de interesses capazes de garantir a sustentabilidade e autenticidade das populações vernaculares. Esta forte lacuna teve como resultado muitas aldeias que se viram praticamente em estado de abandono.
Sabe-se que a ocupação destes territórios mais remotos tem sido assegurada por estrangeiros que acabam por adquirir quintas e aí se fixam, investindo e criando postos de trabalho, particularmente na área do Turismo. Criam-se Estalagens de Turismo Rural com diversas atividades ao ar livre e puro, atraindo um tipo de turista adepto da vida saudável, que procura um refúgio longe das grandes cidades e que valoriza a Natureza.
Este êxodo rural, fortemente impulsionado pela Revolução Industrial, não está isento da responsabilidade da criação de graves impactes ambientais. A problemática da poluição tem vindo a ser um tema vastamente debatido mas, ao invés de uma reversão nesta matéria no sentido de uma evolução positiva, lê-se que o nosso país, em particular, e o planeta, no geral, estão cada vez mais poluídos. Perceba-se que este índice de poluição, em certa parte, advém de plataformas fabris que, durante e após a Revolução Industrial, não cessam de contaminar o nosso mundo. O uso da máquina “pro-bono”, como sejam os transportes, ou até maquinaria agrícola e industrial, também contribuem para aumentar a pegada ambiental.
Entre os principais factores para este aumento da poluição estão: a queima de resíduos urbanos, industriais, agrícolas e florestais, feita muitas vezes, em situações incontroladas; a queima de resíduos de explosivos, resinas, tintas, plásticos, pneus são responsáveis pela emissão de compostos perigosos; os fogos florestais, com especial incidência nos últimos anos, são responsáveis por emissões significativas de CO2; o uso de fertilizantes e o excesso de concentração agro-pecuária; as indústrias de minerais não metálicos, a siderurgia, as pedreiras e áreas em construção, são também fontes importantes de emissões de partículas.
Foi no reinado de D. Sancho I (Coimbra, 11 de Novembro de 1154 – Coimbra, 26 de Março de 1211) que se começou a perceber a importância de um povoamento descentralizado, numa tentativa de proteção territorial e da criação de rotas entre cidades chave, garantindo e facilitando trocas comerciais e obviamente a ligação entre todo o território, em condições de segurança.
                  Apelidado de O Povoador, D. Sancho I apadrinhou o povoamento do território português, realizado à medida das conquistas das várias cidades, chamando colonos estrangeiros que distribuiu pelas diversas terras, entregando-lhes o cultivo dos campos, conseguindo assim aumentar não só a população do país, como também a sua riqueza. Por outro lado, D. Sancho I tentou reforçar e proteger as fronteiras do inimigo, para o que decidiu então entregar grandes propriedades no Alentejo aos freires de Évora, verdadeiros profissionais de guerra, e à Ordem de Santiago, para que as defendessem. As zonas de fronteira tinham pouca gente, e estavam portanto à mercê de possíveis invasões, assim D. Sancho I debaixo de uma forte intenção em desenvolver e fortificar aquelas áreas procurou atrair famílias para estas zonas. Para tal concedeu regalias a quem aí se quisesse instalar, tais como terras para cultivo, pastagens, dispensa de pagamento de alguns impostos, perdão de crimes, entre outros.
A centralização de bens e serviços é prática comum que apresenta as suas vantagens, pois concentra-os junto do sistema civilizacional. Por outras palavras, a sociedade acaba por ter acesso à informação mais rapidamente, evitando longos percursos, demorados tempos de viagem e gastos desnecessários. Em contrapartida, com a grande desvantagem de termos o congestionamento da cidade e consequentemente dos sistemas que, à pirori, seriam a vantagem desta centralização. Esta vantagem, torna-se numa grande desvantagem.
A vida moderna, como foi bem foi representada no filme Playtime de Jacques Tati, em 1967, continuará a ser vivida com uma grande dose se solidão, maior do que a vivida nos grandes campos rurais. O Homem moderno é individualista, ainda que viva numa avenida muito povoada ou até num edifício com bastantes fogos, não se perde em saudar os demais transeuntes, antes ignora-os. O smartphone pode afirmar-se como marco civilizacional, pois veio facilitar muito o quotidiano, a questão da velocidade e da portabilidade, por outro lado, veio trazer um novo universo de preocupações. Alimentar as redes sociais, nas quais somos pessoas fictícias e fazemos amizades virtuais, de maneira a acalentar o ego, parecendo assim que estamos rodeados de amigos, o que na verdade não passa de um álbum fotográfico de dezenas de retratos que, na maioria, nem conhecemos.
Escravos de uma sociedade consumista e fútil que vive o momento e que valoriza as relações virtuais ao invés das relações presenciais. As camadas mais jovens integram-se pelos consumos, seja em que formatos forem, gastando tempo e iludindo-se em que estão acompanhadas, quando no final a sua verdadeira companhia consiste numa parafernália de equipamentos ou gadjets que devoram um tempo sem tempo, como que compensando assim o tédio citadino ou uma solidão perpétua. O nosso tempo de hoje é rápido e efémero, gasta-se e pouco ou nada se vive, contrapondo-se a uma elevação dos comportamentos autênticos e ao verdadeiro regresso à “pureza” das coisas da vida.

André Lopes Cardoso
Secretário-Geral da JMP