O tema é bastante vasto, mas bastante interessante. Começando por
descortinar a palavra reformista que, neste caso significa uma mudança tendo em
vista um melhoramento, em Inglaterra.
Por volta da segunda metade do século XX não existia uma linha
projectual coerente entre os diversos criadores. William Morris (1834-1896) foi um dos impulsionadores
do movimento Arts and Crafts que
surgiu na Inglaterra nos finais do século XIX. O movimento era essencialmente
estético, defendendo o artesanato criativo como alternativa à mecanização e à
produção em massa. Pregava também o fim da distinção entre artista e artesão.
Durou pouco tempo, mas influenciou o movimento Art Nouveau. Este movimento foi uma importante influência para o
posterior surgimento da Bauhaus.
“Feito por poucos, adquirido por poucos”, tendo a assinatura do
artesão um papel fundamental. Ao fundar a empresa Morris Co., em 1861, Morris tinha como premissa produzir produtos
baratos, bem desenhados, através do artesão com competências e bem remunerados.
O seu extraordinário poder de desenhar padrões (extremamente complexos)
tornou-o um marco no Design. O objectivo era produzir objetos a preços
acessíveis (IKEA) e de boa qualidade,
sendo apenas executados manualmente – rejeição à industrialização.
Escritório da Morris Co. - Inglaterra |
Entre os
seus vários projetos, Morris deu especialmente interesse ao Design de Ambientes
refletindo-se em produtos como papéis de parede (padrões), têxteis, livros,
inúmeras vezes inspirações orientais, especialmente dos tecidos indianos, à
semelhança do resto das produções Arts
and Crafts. Os seus padrões eram por norma elementos bidimensionais (a
tridimensionalidade ocasional (apenas surgia nos motivos florais) era dada por
planos de cores vivas). Estes soberbos padrões eram utilizados em papéis de
parede e têxteis para mobiliário. Rejeitou a utilização da máquina na produção
de mobiliário, mas incentiva o seu uso na produção de têxteis pela sua
capacidade de precisão de replicados padrões.
Projecto de ambiente interior Morris Co.. |
|
A par de Morris, Owen Jones (1809-1874) foi um perfeccionista na
adequação do ornamento às técnicas de produção (“The Grammar of Ornament”). Faz
uma releitura de padrões e de técnicas de ornamentação antigas para serem
reutilizadas e usadas na produção de novas peças.
Christopher Dresser foi mais um nome sonante desta época. Procurou
a depuração de figuras botânicas até à sua abstração, de modo a servirem de
inspiração aos seus trabalhos – simplificação da forma (esqueleto da planta).
Desenvolveu uma imensidão de padrões para mais de cinquenta produtores
e várias peças soltas de serviços de tableware
em prata e casquinha. Tal como Morris, utiliza os motivos naturais vegetalistas
tão característicos do movimento Arts
and Crafts. Não se deixava influenciar pelas culturas orientais e
africanas, como era costume na época, tinha um estilo próprio. Não praticava
noções de familiaridade num serviço como um todo; explorava as formas
geométricas na execução de peças soltas.
A sua depuração formal
advinha da inspiração da cultura material japonês, concebendo um serviço
de chá de viagem completo, inspirado nos japoneses (modern orientation). Para Dresser a decoração (ornamento) é importante
num produto, mas não descurando as suas capacidades funcionais, é como que um
complemento ao objeto.
Este movimento reformista veio reflectir o fenómeno da Revolução Industrial (meados do século XVIII) e da demasiado produção e também as consequências que dele advieram.
“O belo pode estar nas peças mais corriqueiras do quotidiano: “fazer
muito com pouco””.
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