É a festa mais castiça do Ribatejo. Foi idealizada pelo lavrador
José Van-Zeller Pereira Palha, em 1932 e decorre em Vila Franca de Xira, tendo como ponto fulcral a Homenagem ao Campino, personagem ilustre nas
terras ribatejanas.
Campino |
Campino |
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O campino é um “cowboy à
portuguesa”, pois trabalha no campo, ou seja, é um trabalhador do campo
cavaleiro. É uma personagem-tipo que representa um grupo social, os escudeiros
ribatejanos e, tem como tarefa predominante, conduzir gado, especialmente touros.
A sua indumentária é também bastante característica e cheia de pequenos
pormenores. O barrete verde com dobra encarnada é um dos símbolos que mais o
destacam perante os outros trabalhadores (lavradores), camisa branca, colete
encarnado e jaqueta sobre o ombro esquerdo. Na cintura possui uma faixa
encarnada, calça azul e meias brancas até ao joelho, estas profusamente
desenhadas e sapatos pretos com esporas, para picar a montada. Para facilitar a
sua fascina diária possuem também um pampilho, que é utilizado na condução do
gado.
O Colete Encarnado comemora-se no primeiro fim-de-semana de Julho
e traz imensos turistas à pequena cidade, invadindo as estreitas ruas e ruelas.
Touros são largados nas ruas, de modo a que os festeiros brinquem com eles e mostrem
os seus dotes tauromáquicos. Alguns aventuram-se, mostrando aquilo que valem,
na esperança que algum toureiro os contacte para fazer parte da sua equipa.
A noite característica é a de Sábado, onde a Câmara Municipal
oferece sardinhas, pão e vinho a toda a população. O cheiro é completamente
proliferado por toda a cidade. Existem palcos com animação itinerante,
fandango, bailes, concertos.
“-eis a legenda que se adapta, como uma luva,
à época que corre durante a qual tem a sua expressão máxima, essa Lezíria que é
o nosso orgulho. Enche-se a planura de risos e benesses. As ceifas avizinham-se
e pelos campos – Sol ao alto – não há viv’alma. Tudo amodorra e se prepara para
a grande festa da eira – o grão a surgir como pepitas de ouro, bem mais preciso
por ir ao encontro da fome e despejar no estômago do povo o saboroso pao do
almoço.
FESTA
DO COLETE ENCARNADO – legenda heroica de terra que cria o pasto tenro e
alimenta o touro, o dominador da Lezíria. É êle – o Colete Encarnado – o
símbolo da festa pagã por excelência – a corrida. Drapejam estandartes,
salpica-se o ambiente de gritos e de sons e o lavrador, satisfeito, tira da
bravura ou da fraqueza dos animais, ensinamentos para a próxima experiência.
FESTA
DO COLETE ENCARNADO... mas já se ouvem os primeiros alarmes. A apartação
terminou e os touros, enquadrados pelos cabrestos, pelos campinos e não poucos
amadores. Vêm, a passo, pelo campo. As primeiras casas surgem. Um ou outro
atrevido... mas a calma dos animais não se altera. Mais uns passos... a poalha
doirada do sol cede um pouco do terreno conquistado à sombra dos muros, das
árvores, das casas... os primeiros gritos de povoação... o apêrto do quadrado
que envolve os touros e ei-los que, em desfilar rápido – friso magnifico de
impetuosidade – se atiram para a frente.
-Aí
estão eles...Eh!boi... pega-lhe de cara... aguenta-te...
É
uma aguarela viva. Há panos que se revolvem no ar; corpos que se esgueiram nos
portais; bôcas abertas numa gargalhada provocante. A rua é um friso animado de
mulheres bonitas e de flôres. Os campinos são a nota rubra da manhã...
FESTA
DO COLETE ENCARNADO... legenda de Vila Franca – a guarda avançada da lezíria.”
Citado do Jornal “O Ribatejo”, Ano II – Nº
78-79, Vila Franca de Xira, 11 de Julho de 1937
Esta imagem e respectiva descrição constam da capa do Jornal “O
Ribatejo”, jornal este que fazia as resenhas semanais regionais, tendo como diretores
o Sr. José Maria Guedes e Sr. Josué Rodrigues Malta.
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