domingo, 3 de junho de 2012

Rock in Rio 2012


A entrada estava aberta, pouca gente se movimentava pela capital. O tempo não ajudava, caiam chuviscos e estava um “calor estranho” que fazia os corpos suarem de desespero. No cimo do monte começou-se a verificar algum movimento, mas ainda assim pouco, se calhar devido ao olhar atento das autoridades que asseguravam todo o local.

Havia alguma animação, pouca, mas que ia alegrando os foliões nesta festa. Existiam alguns palcos distribuídos por todo o cenário, que iam enquadrando e iam dando vida ao espetáculo que tantos ambicionavam ver. Desde danças, a karaokes, brindes, os farristas iam começar a divertir-se e a darem o seu cunho pessoal à festa.

Cerca das 19 horas começou a primeira banda – The Gift – com a grande vocalista Sónia, detentora de uma voz forte, potente, convicta, com a enorme responsabilidade de abrir o maior palco que eu já tinha visto na vida. Arrasou com temas bem conhecidos – Primavera – se calhar foi o mais arrebatador, conseguindo chegar a toda a cidade. De entre alguns piropos, Sónia conduziu bem a sua banda, extremamente cautelosa à critica que poderia surgir à posteriori.

Seguiu-se a menina loura londrina, com a voz nasalada -  Joss Stone – já bastante conhecida em Portugal, pois o ano passado estivera no Terreiro do Paço (Lisboa) a presentear um grande concerto. Se não soubéssemos antemão que era londrina, rapidamente perceberíamos devido ao seu sotaque bem vincado e ao seu gosto pelo chá, que se observou durante todo o recital. A meu ver, foi um pouco exibicionista aquando abordava o frenético publico, apresentando um inglês bem marcante, que poucos percebiam, atirando por terra muitas cabeças convictas que eram bons falantes da língua padrão.

Bryan Adams não sei se foi uma surpresa ou se foi mesmo uma explosão de anfetaminas. Aos 52 anos, não se deixou ficar, cantou e encanto todas as gerações presentes, com garra e determinação. Escusado será dizer que todo aquele show off de beach boy que me irrita, deixando-me num estádio de nervos. Cantou temas bastantes conhecidos – nada que não se esperasse – mas saiu por cima quando foi buscar a cantora Vanessa Silva, esta grande fã das suas músicas. Juntos cantaram o tema “When your gone” , o qual ressuscitou muitos pés cansados que se vincavam contra o chão de terra. Vanessa Silva, personagem já bastante conhecida do público português, representou muito bem o país que a acolhe – já trabalhou em coros, programas da manhã, e atualmente no espetáculo de Filipe La Féria intitulado “Judy Garland”.
Após este grande momento o espetáculo voltou ao que estava a ser, acabando cerca de dez minutos depois.

A espera foi longa, mais de uma hora, mas por volta da 01h da manhã começa-se a ouvir um sintetizador e eis se não quando começam a surgir os músicos e banda de STEVIE WONDER. O sintetizador ecuava em toda a cidade aumentando gradualmente o ritmo, motivando cada vez mais o publico cansado. A entrada do rei do soul deu-se momentos depois, conseguindo entrar pelo seu próprio pé no palco mundo, foi um momento de extrema emoção, o qual culmina quando Stevie se deita no chão a tocar o sintetizador freneticamente. Este senhor canta imenso é uma referencia para muitos cantores em todo o mundo, ele consegue encher casas e casas, nunca perdendo a sua boa disposição e conseguindo assim angariar cada vez mais fãs. Eu já o era, mas depois de ontem, comecei a ver o mundo de outra maneira. Stevie canta o amor, canta a paz, a harmonia, a beleza, a proporção – é um cantor do mundo – com uma voz forte e vibrante, Stevie sente vincadamente cada palavra que profere, é um fenómeno, é um cantor que recebeu mais de 25 Grammys, é o Rei da Soul.
Aos 62 anos, não se deixou vencer pelo cansaço e cantou temas célebres como “Isn’t she lovely”, “I just cal to say I love you” – com o groove que tanto o caracteriza – conseguiu estarrecer o publico que tanto o ambiciosa ouvir e ver. 



Trocando freneticamente entre os dois órgãos que trazia, fazia vibrar o publico a cada minuto, tocando também, pontualmente, a sua famosa gaita de beiços. Mas um dos grandes momentos da noite foi quando cantou a música “Overlay” seguida pela “Mon Cherrie Amour” conseguindo levar-me a um estádio muito sensacional, ficando com goosebumps durante todo o momento. Foi o paraíso ter ouvido aquelas duas canções, o publico silenciava, pois queria ouvir cada palavra como se fosse a última. Acho até que este concerto foi uma lição de vida, Stevie quis mostrar o potencial de cada individuo, pois não é por sermos diferentes que somos inferiores, ele é o grande exemplo de isso mesmo, lutou e conseguiu ter o seu próprio lugar ao sol. Cantou o amor, a paz, a harmonia entre os povos e disse que nos levava no coração, parece que estivemos bem no papel de público, disse também e isso percebi depois que, o nosso apoio foi importante durante o espetáculo. Ao cantarolar-mos “LALALA TATATA BADABIM” estamos a mostrarmo-nos perante Stevie e, só assim, ele consegue perceber se está a passar a mensagem, obtendo um bom feedback.
Após toda esta chuva de acontecimentos, Stevie despede-se, mas o público não queria de todo que o rei se fosse embora e, tanto aplaudiu que Stevie voltou e cantou mais dois temas, fechando o concerto duas horas após o início.

“LALALA LALALA

My cherie amour, lovely as a summer day
My cherie amour, distant as the milky way
My cherie amour, pretty little one that I adore
You're the only girl my heart beats for
How I wish that you were mine “

Depois de consumado este momento, o público começou a dissipar-se e eu a não esquecer o que vivi neste dia.

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