sexta-feira, 22 de junho de 2012

“La disputa vera tra il design caldo e design freddo”



O Design é uma matéria que é pouco conhecida do público comum. Muitas vezes associamos somente o Design à forma ou à aparência dos objetos. Este simples conceito não está totalmente errado, mas carece de uma fundamentação mais cuidada. Para tal, muitos teóricos, durante os anos 70 do século XX, começaram a “tentar” teorizar sobre o Design, pois não se sabia o que realmente era, e qual a área de intervenção. Alguns críticos descuravam a disciplina, dizendo que não tinha qualquer importância, outros apoiavam-na fazendo dela o que é hoje.

De maneira simples, o Design é uma disciplina transdisciplinar, ou seja, tem uma área de intervenção bastante dispersa, podendo trabalhar em áreas bastante distintas. Este conceito veio “atrapalhar” a teoria de que o designer era um decorador, mas com estudos. Tanta teoria foi escrita que, de certa maneira, chegou-se a um “buraco sem saída”. O Design é feito por poucos e para poucos!

Andrea Branzi (1934) e Alessando Mendini (1934) passaram também por este dilema, mas enquanto teóricos da disciplina de Design foram mais longe e, tentaram fazer uma separação entre o Design Artesanal e o Design Industrial, denominando-os com recurso a metáforas térmicas por: Design Caldo (“Design Artesanal”) e Design Freddo (“Design Industrial”). Estes termos italianos que significam quente e frio referem-se ao método de produção dos objetos. Para eles, o design freddo era um design feito industrialmente, com recurso a máquinas, destinado a um grande publico alvo – design pós Revolução Industrial. Em contrapartida, o design caldo remete-nos para o design artesanal, então todo o design pré industrial é um design caldo, pois não recorria de máquinas.

Este par conceptual veio “remexer” um pouco com as ideias de alguns teóricos surgindo posteriormente várias abordagens. Muitos diziam, e com razão, que o design freddo é desumano; o design caldo, por seu lado, feito por poucos (não industrial) e para poucos.




A garrafa Coca-Cola é um exemplo de Design, elevada a ícone do Design, pois é um produto bem desenhado e que é facilmente reconhecida. Inicialmente eram feitas manualmente, através de operários vidreiros que as sopravam, fazendo com que não houvessem duas iguais. Com a evolução da técnica, começaram a produzir-se industrialmente, tornando-se ainda mais conhecidas e chegando a um maior público, ou seja, design caldo passando a ser categorizadas como design freddo.



No caso do Jogo de Xadrez de André Lopes Cardoso, foi desenhado segundo uma necessidade que era criar um jogo de xadrez baseado num tema, neste caso o escritor Fernando Pessoa. Apesar de utilizar peças que podem ser produzidas industrialmente, o jogo é considerado design caldo; remetendo para uma abordagem Arts & Crafts,  o tabuleiro é único, não existindo um igual, podendo somente ser copiado. Para Mendini e para Tomás Maldonado, este sim era o design que realmente interessava, pois era feito especialmente para um fim, tendo um público-alvo bastante restrito.

            O verdadeiro Design é feito por poucos e para poucos!

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