O Design é uma matéria que é pouco conhecida do público comum.
Muitas vezes associamos somente o Design à forma ou à aparência dos objetos.
Este simples conceito não está totalmente errado, mas carece de uma
fundamentação mais cuidada. Para tal, muitos teóricos, durante os anos 70 do
século XX, começaram a “tentar” teorizar sobre o Design, pois não se sabia o
que realmente era, e qual a área de intervenção. Alguns críticos descuravam a
disciplina, dizendo que não tinha qualquer importância, outros apoiavam-na
fazendo dela o que é hoje.
De maneira simples, o Design é uma disciplina transdisciplinar, ou
seja, tem uma área de intervenção bastante dispersa, podendo trabalhar em áreas
bastante distintas. Este conceito veio “atrapalhar” a teoria de que o designer
era um decorador, mas com estudos. Tanta teoria foi escrita que, de certa
maneira, chegou-se a um “buraco sem saída”. O Design é feito por poucos e para
poucos!
Andrea Branzi (1934) e Alessando Mendini (1934) passaram também
por este dilema, mas enquanto teóricos da disciplina de Design foram mais longe
e, tentaram fazer uma separação entre o Design Artesanal e o Design Industrial,
denominando-os com recurso a metáforas térmicas por: Design Caldo (“Design Artesanal”) e Design Freddo (“Design Industrial”). Estes termos italianos que
significam quente e frio referem-se ao método de produção dos objetos. Para
eles, o design freddo era um design feito industrialmente, com recurso a
máquinas, destinado a um grande publico alvo – design pós Revolução Industrial.
Em contrapartida, o design caldo remete-nos para o design artesanal, então todo
o design pré industrial é um design caldo, pois não recorria de máquinas.
Este par conceptual veio “remexer” um pouco com as ideias de
alguns teóricos surgindo posteriormente várias abordagens. Muitos diziam, e com
razão, que o design freddo é
desumano; o design caldo, por seu
lado, feito por poucos (não industrial) e para poucos.
A garrafa Coca-Cola é um exemplo de Design, elevada a ícone do
Design, pois é um produto bem desenhado e que é facilmente reconhecida.
Inicialmente eram feitas manualmente, através de operários vidreiros que as
sopravam, fazendo com que não houvessem duas iguais. Com a evolução da técnica,
começaram a produzir-se industrialmente, tornando-se ainda mais conhecidas e
chegando a um maior público, ou seja, design
caldo passando a ser categorizadas como design
freddo.
No caso do Jogo de Xadrez de André Lopes Cardoso, foi desenhado
segundo uma necessidade que era criar um jogo de xadrez baseado num tema, neste
caso o escritor Fernando Pessoa. Apesar de utilizar peças que podem ser
produzidas industrialmente, o jogo é considerado design caldo; remetendo para uma abordagem Arts & Crafts, o
tabuleiro é único, não existindo um igual, podendo somente ser copiado. Para
Mendini e para Tomás Maldonado, este sim era o design que realmente
interessava, pois era feito especialmente para um fim, tendo um público-alvo
bastante restrito.
O verdadeiro
Design é feito por poucos e para poucos!
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