terça-feira, 2 de outubro de 2012

Design Industrial



Apesar de ser estudante de Design, interesso-me imenso por Pintura, seja ela de que estilo for, da mais antiga à mais contemporânea.  A meu ver, os designers são os “desenhadores do futuro”, pelo menos, é o que desejo ser, um “construtor de ideias”, ainda que muitas vezes possam não funcionar, mas o iphone quando foi projetado, também ninguém pensava que um dia iria funcionar.
Em Portugal, a profissão de designer industrial é rapidamente confundida com um marceneiro ou até carpinteiro, mas é bem mais do que isso. Projetista é o termo que mais me agrada, pois para além do projetar e conceptualizar ideias, um designer projeta de acordo com as necessidades da população ou por prazer. Muitas pessoas pensam que, um designer industrial ou um designer de produto é um tipo que faz mesas e cadeiras, como se isso não tivesse mérito, mas dizem-no em tom pejorativo, difamação. Queria aqui colocar e explicar o meu processo metodológico de criação, que apesar de virgem, pouco representativo, é o meu pensamento, o qual pode eventualmente elucidar designers, nem que seja somente como termo de comparação. Quando estudamos na faculdade existem sempre imensas restrições projectuais, ou porque o professor gosta mais da área da iluminação, ou porque prefere formas rígidas, pouco dinâmicas.
É importante conseguir enquadrar o nosso gosto com o do professor, e claro com o exercício em questão, caso contrário acabamos por estar a projetar sem querer.
Ao nível do Ensino, o Design tem muito por onde expandir, começando pelo simples facto de que, na Faculdade de Arquitetura, os futuros designers de produto têm maioritariamente aulas com engenheiros e técnicos especializados. Relativamente são uma mais valia, pois são exímios na concepção estrutural, mas por outro, levantam tantos problemas que acabam com a criatividade de qualquer ser. A realidade que eu conheço não será de longe a realidade perfeita, mas é na que eu me encontro e a que fez de mim o projetista que sou hoje.

“Design for needs”

Esta polémica frase, não sei de quem, já deu origem a muitos desacatos, pois alguns projetistas preferem reger-se por ela, enquanto que outros, usam-na só quando não têm mais argumentos para defender os seus projetos. Para mim, a afirmação faz sentido, na medida em que não nos devemos reger por ela, pois se assim fosse, estávamos (designers) a desenhar orçamentos económicos do Estado.

O Design é tão subjetivo como uma qualquer pintura de Klee. Apesar de ser uma disciplina do “bonito” ou “feio”, teres de ter open mind para puder proliferar no mundo empresarial. Eu gosto de projetar produtos que para mim fazem sentido, a Habitação no seu estadium geral. Desde a torneira da cozinha, à Pintura da sala. Certo é que, não existem objetos perfeitos, mas há objetos que servem...que cumprem as necessidades requeridas pelo utilizador. Enquanto projetista, prefiro que me peçam o que eu apelido de Arte Total. Isto de Arte Total tem muito que se lhe diga, porque para um intelectual do século XX seria a Ópera, pois é uma manifestação artística que reúne várias Artes como a Pintura, Escultura, Representação, Canto, Dança. A Arte Total no Design é um conceito bastante paradigmático, mas que tem como ponto fulcral a concepção geral de um espaço, na sua totalidade máxima; Mobiliário, Pintura, Escultura, Multimédia, Iluminação, Música, Representação - não esquecendo as premissas do Conforto, Bem-estar, Ergonomia, Funcionalidade, Equilíbrio, Beleza. Este conceito só é aprovado e vincado se for utilizado, obviamente pelo público-alvo a quem foi destinado e para o qual foi projetado.
Projetar uma casa é o paradigma clássica de sonho para um designer. O que colocar, como colocar, como revestir, qual a melhor textura, são percepções que muitos arquitetos não estão capacitados para o efeito (com pena!). Aposto que muitos de vós se entusiasmam sempre que alguém vai trocar de casa ou simplesmente vai trocar a mobília do salão. É isso mesmo, os designers são sarcásticos, principalmente os de produto, que querem sempre passar a sua doutrina ética visual, como que de um testemunho se tratasse. Querem deixar a sua marca e serem aclamados por tal feito – Foi X que fez, foi Y que deu a ideia.
Em qualquer ambiente tem de existir a atmosfera perfeita, a qual é muito difícil de encontrar ou atingir, ou por não haver gosto e conhecimento do espaço a tratar ou, por não haver condição económica, ou por a disposição da casa não ser a ideal... Os designers de produto são os especialistas na criação de objetos ou produtos para espaços específicos e em condições peculiares.



O caso da Kamay Chair é o exemplo de que uma poltrona não é um sofá grande, pode ser aquilo que nos quisermos. Kamay Chair foi desenhada para espaços exteriores, mas coaduna-se a qualquer ambiente. Por ser construída em resina de poliéster e os braços em madeira MDF, esta poltrona é extremamente contemporânea e conjuga dois materiais pouco prováveis de serem utilizados em poltronas. A verdadeira é que correr riscos é para muitos, mas superá-los é só para alguns. A Kamay funciona!

O facto de ser português e de ter nascido imbuído na crise fez de mim um “projetista barato”, alguém que faz muito, mas com pouco; para isso tem que haver um conhecimento vasto ao nível dos materiais que vamos aplicar.

Os designers são uns conhecedores do mundo, têm de ser interessados em todas as áreas e raramente podem falhar.

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