DESIGN GRÁFICO EM PORTUGAL
O Design gráfico tem evoluído muito nos últimos
anos. Ilustradores, Pintores, Ceramistas, desenhadores muito fizeram para que o
design gráfico evoluísse e se tornasse aquilo que é hoje.
O que é um designer gráfico? Na verdade não existe
um termo que consiga definir facilmente a profissão de designer, é todo um
conjunto de skills que, quando
reunidas, formam o dito designer. Não será somente alguém que desenha, mas algo
bem mais complexo. Um designer é um criativo que, neste caso (gráfico), pensa
cria, desenha, interpreta, reinterpreta, comenta, visualiza, pesquisa,
investiga, critica, teoriza. Não podemos apelidar de designer um individuo que
abre o Illustrator ou o Photoshop e faz desenhos ou até cópias de desenhos que
já visualizou outrora. Um designer não trabalha com o computador, o computador
é que trabalha com o designer! Este é o verdadeiro erro do século XXI, ensinar
Design através de um Apple que, como é “bonito” elucida os “pseudo-designers” a
trabalharem. O nosso trabalho vai muito para além de uma máquina “gira”, tudo
começa aquando do lançamento do briefing,
por outras palavras, o nosso pensamento começa a viajar enquanto nos estão a
explicar, ou a tentar explicar, a ideia. A nossa cabeça viaja por todo o mundo,
pensa em coisas ridículas, as quais nos fazem rir e dizemos para nós: “que
ideia ridícula”. A viagem continua, pensamos em maneiras de mostrar o nosso
valor, voamos mais alto e queremos surpreender o nosso cliente, tanto que
acabamos estafados e sem nada em concreto.
Outras vezes temos uma boa ideia inicial, mas não
gostamos dela, ou porque não vai chocar, ou porque é igual a tantas outras, mas
o que é certo é que ligamos o “motor da viagem”, viajamos imenso, mas acabamos
por ficar com a ideia inicial e o trabalho torna-se aborrecido, porque nunca
quisemos que aquela ideia fosse para a frente, mas por falta de tempo, teve
mesmo de ser aquela.
O designer é um viajante em busca de novidades.
O trabalho do designer gráfico assenta muito na
concepção de identidades corporativas, ou seja, criação de logótipos, cartões
de visita, papéis de carta, flyers, vouchers – acessórios ligados à área de
impressão (papel). Desde há muitos anos que se faz este tipo de trabalho em
Portugal, mas era um trabalho pouco reconhecido, também porque era pouco
divulgado, não havia maneiras de mostrar o talento que estes prodigiosos
designers nos deixaram, com algumas exceções.
Há uns meses falei do pintor e designer Stuart
Carvalhais, o qual deixou algumas marcas que ainda hoje são utilizadas. Podemos
pensar até que foi Stuart que impulsionou a Arte da Caricatura em Portugal.
Almada Negreiros, Santa- Rita Pintor, Amadeo de Souza Cardoso, conhecidos como
pintores, estes senhores foram os pais do Design em Portugal, não descurando
outros tantos. No século XX a profissão de designer não era reconhecida, eram
os pintores e desenhadores que faziam este trabalho. Desenhavam e caricaturavam
para revistas, desenhavam tipos de letra, como no caso do famoso designer
tipógrafo Daciano da Costa; faziam trabalho de paginação, de arte-final e, eram
conhecidos como pintores.
Felizmente o conceito tem-se vindo a alterar, mas o
que é certo é que com a era da máquina, muitas das práticas importantes têm
vindo a cair em esquecimento. Os designers do século XXI não usam papel para
desenhar, desenham diretamente no Illustrator sob a desculpa que as árvores
estão a desaparecer e que a subida das águas dos mares tem a ver com a falta de
árvores. Este lado ambientalista não lhes fica nada bem, até porque o computador
só nos mostra aquilo que nos queremos ver. Na verdade, o computador é uma
excelente acessório de trabalho, mas só faz aquilo que nós pedimos, sozinho não
faz nada. Tudo o que é projetado num computador tem um fundamento, parte do
nosso cérebro, e o computador realmente transforma a informação em algo
palpável. O método de impressão é um ponto muito importante para um designer,
pois tudo o que é feito no computador deve ser impresso, pois existem imensas
variações entre cores CMYK (papel) e RGB (ecrã do computador), as quais, por
vezes, podem gerar surpresas.
Às vezes dou por mim a ver se os flyers estão alinhados ou se a impressão
foi concebida numa plotter ou a jacto
de tinta, mas o que me impressiona mesmo é ver peças de design gráfico antigas
(anos 60, 70) e que parecem tão atuais.
Falando de Design gráfico em Portugal e de peças
dos anos 60,70 e 80, não posso descurar a empresa Olegário Fernandes, Artes
Gráficas S.A. que tem vindo a fazer um trabalho de excelente qualidade na área.
Anualmente é publicada uma Agenda Almanaque na qual estão reunidas peças de
design português de extrema importância e qualidade para a nossa área. Peças
estas que fazem parte da nossa memória e da nossa cultura e que, cada vez mais,
são procuradas, tanto por profissionais, como por curiosos, de modo a fazerem
parte das paredes de habitações ou até para fazerem parte de um café recatado.
A Agenda Almanaque oferece uma coleção vastíssima de imagens de design
português tais como: cartazes, fotografias, grafites, publicidades antigas,
memórias. A professora Theresa Lobo faz parte deste ambicioso projeto, pois
possui uma vasta experiência na História do Design Português. Theresa Lobo,
professora universitária, ilustratdora, pintora, jornalista, é uma das grandes
investigadoras de Design português, principalmente cartazes e ilustrações. No
seu livro intitulado “Ilustração em Portugal I – 1910 a 1940”, Theresa faz uma
recolha imensa de cartazes portugueses, demonstrando o espírito que se vivia na
época da sua concepção, bem como as dificuldades de os artistas e a população
em geral passavam. Esta recolha estruturada, fundamentada e bem documentada faz
de Theresa Lobo, a meu ver, uma das grandes investigadoras na área do Design
Editorial, a par de José Augusto França.
Antes mesmo de ter publicado o livro “Ilustração em
Portugal I – 1910 a 1940”, em 2009, publicou também o livro “Cartazes Publicitários”,
coleção Empreza do Bolhão, Porto, Edição Inapa.
Acho que todos os designers têm estas manias!
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