quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Vila Franca de Xira


Vila  Franca de Xira foi um grande ponto de paragem, tanto de turistas, como de viajantes ou mercadores. Foi em Vila Franca que foi erigida a primeira ponte sobre o Rio Tejo portuguesa, ponte esta que veio facilitar as trocas comerciais entre as duas margens, proporcionando uma maior ligação de todo o território. Por outro lado, a ponte, de seu nome Marechal Carmona, veio extinguir praticamente o tráfego fluvial. A sua proximidade com Lisboa é mais um atrativo desta cidade, pois rápida e facilmente chegamos à capital, através da A1 (autoestrada do Norte).

A cidade está desenhada num vale, vale este que é flanqueado por dois montes: o Monte Gordo e o Bom Retiro. Ambos fazem parte da cidade (zona alta), dos quais se consegue alcançar visualmente as Lezírias e até a Ponte Vasco da Gama. O Monte Gordo, como é vulgarmente conhecido é o ponto mais alto da cidade, possui alguns prédios altos, moradias, escolas. O Bom Retiro, conhecido como zona de dormitório, é onde existe a maior concentração de prédios da cidade. Inicialmente este bairro era praticamente suportado pelas escolas que aqui haviam; atualmente já tem imensos espaços, como cafés, engomadorias, peixarias, minimercados, mercearias, escritórios, escolas...

A necessidade de que a cidade crescesse fez com que a área de construção fosse subindo os dois montes, pois a baixa da cidade está cheia e sem área de construção. Pena dá em onservar casas devolutas em pequenas ruas e becos, que podiam ser recuperadas, evitando o BOOM da Construção dos Anos 80 e 90.

A Arquitetura da cidade é muito interessante, pois apesar de ser uma cidade muito antiga, tem imensos estilos arquitectónicos diferentes. Podemos agradecer ao Governo de Maria da Luz Rosinha (PS) pelo excelente trabalho que fez desde a sua chegada à Câmara Municipal, pois revitalizou imensos espaços importantes da cidade, como por exemplo, o Jardim Municipal Constantino Palha, o Parque Urbano Luís César Pereira, ...  A criação de edifícios de estilo contemporâneo veio abrir um novo paradigma: “colocar caixotes no meio de casas bonitas”, estas são as frases dos vila-franquenses que pouco estão habituados a edifícios contemporâneos puristas.
Esta reviravolta na Arquitetura da cidade veio alterar a Arquitetura e abrir novos tópicos investigativos. Agora conta com passagens aéreas futuristas, paredão, de modo a proporcionar uma pista de corrida, museus, cafés, restaurantes, tertúlias.

O Páteo da Galache é uma das habitações mais conhecidas da velha vila. Em tempos era o Palácio da Família Galache, mesmo na Rua Direita, rua esta que faz a ligação entre a Igreja Museu em honra do Mártir Santo São Sebastião e a Câmara Municipal. Por cima do portão do Páteo e bem ao centro encontra-se o escudo das armas da família, que era pertença do Sr. Manuel Mendes. No mesmo páteo encontram-se lindos e valiosos painéis de Azulejaria, tanto na parede do alçado lateral, como no escoramento da habitação. 
Atualmente o espaço é ocupado por um lar de Idosos, no primeiro andar e por um Pub/ Restaurante denominado VariNaice, no Rés-do Chão.


Páteo da Galache, Vila Franca de Xira
Rua Dr. Miguel Bombarda (Rua Direita), Vila Franca de Xira

Vila Franca é uma localidade cheia de tradições, praticamente todas ligadas ao Campo e ao Rio. A Festa mais importante da cidade comemora-se no primeiro fim de semana de Julho, com a duração de 3 dias e denomina-se por Colete Encarnado. A festa do Colete Encarnado é uma homenagem ao Campino Ribatejano, campino este que é um guardador de gabo bovino e que opera, habitualmente nas Lezírias Ribatejanas. O outro momento de festa é em Outubro, com início no primeiro fim de semana e com a duração de 7 dias. Esta tradicional festa vila-franquense é bem mais antiga do que o Colete Encarnado, mas menos valorosa. É uma espécie de montra de Artesanato e diversões para os mais jovens; a meu ver, deveria ser a altura em que as gentes de Vila Franca vinham vender os seus produtos, de modo a divulgá-los a um vasto público, que visitava a cidade. Atualmente a feira alberga artesãos de todo o país, tendo um stand para cada zona de Portugal, de acordo com as regiões.

As Esperas de Touros e Largadas são um ponto de diferenciação de Vila Franca de Xira! Desde tempos longínquos que os vila-franquenses esperam touros vindos das lezírias, conduzidos por campinos e maiorais, que posteriormente eram largados nas ruas, de modo a fazerem as delícias dos aficionados. Atualmente os touros são largados da corraleta (cerca) situada junto à ponte. Os campinos conduzem as rezes até à praça de touros e lá são apartados. Depois de separados são largados em quatro zonas distintas da Rua 1º de Dezembro e da Rua Serpa Pinto. Para proteção dos aficionados, a Câmara coloca tranqueiras, de modo aos aficionados (marialvas) se resguardarem das investidas das rezes.
Apesar de ser um ritual que não constitui grande interesse para mim, acredito que sejam estes momentos que dinamizam a cidade. São nestas alturas que a cidade é bombeada por imensos foliões que vêm mostrar os seus dotes. Há algum tempo atrás, os rapazes que queriam seguir a carreira de toureiro ou forcado, aproveitavam estas festas para mostrarem a sua destreza, a sua habilis. Penso que atualmente a população vai às Largadas de touros para encontrar amigos que não vê há muito tempo ou então para tourear de tranqueira, com a imperial na mão.

A nível artístico, Vila Franca nunca foi um centro de artes por excelência. Existem alguns pintores anónimos que pontuam o Jardim Constantino Palha ao Domingo ou o GART (Grupo de Artistas e Amigos da Arte) que vai despertando a atenção a alguns pintores amadores que, de vez em quando, expoem os seus trabalhos "Realistas" no Salão da Patriarcal, antiga Vacaria de Arquitetura Clássica.

O Jornal "A Hora" foi um grande fornecedor de notícias a toda a região vilafranquense. Admnistrado por Bandeira de Tóro, o Jornal abordava os mais variados temas e tinha ainda espaço para expôr patrocínios, com imagens. 



Anúncios em jornal regional ribatejano


 Nesta imagem encontramos, tal como hoje em dia, uma lista imensa de Publicidade. O interessante nesta imagem é mesmo a variação de Lettering que encontramos. Já existia, por volta dos anos 50, uma preocupação com as fontes (tipos de letra) e penso que é até poderia passar o dia a redigir sobre este assunto, mas não vem a calhar...


Câmara Municipal de Vila Franca de Xira
Cimento tejo, atual Cimpor

 O edifíco da Câmara Municipal, tal como na atualidade, com a sua estrutura clássica, com a torre sineira, alinhada ao centro da fachada. Este edifício constitui um ícone arquitetónico vilafranquense.
A Cimento Tejo, atualmento Cimpor, foi das primeiras fábricas a produzir Cimento em Portugal. Situada em Alhandra, concelho de Vila Franca de Xira, esta fábrica já vem de longa data, contando com mais duas fábricas, uma perto de Faro e outra perto de Coimbra.

A cidade perdeu muitos habitantes devido ao valor do m2. Morar no centro da cidade é um “luxo”, pois as habitações são caríssimas, têm preços equiparados aos preços praticados na capital. A construção fugiu do centro por estes motivos e as habitações antigas existentes, encontram-se, muitas delas, em avançado estado de degradação.
A política de aquisição de imóveis tem de ser alterada, pois se continuarmos assim, iremos perder muito património relevante, como é o caso do Palácio do Farrobo.


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