O campino é um “cowboy à portuguesa”, pois trabalha no
campo, ou seja, é um trabalhador do campo cavaleiro. É uma personagem-tipo que
representa um grupo social, os escudeiros ribatejanos e, tem como tarefa
predominante, conduzir gado bravo (touro para lide). A sua indumentária é
também bastante característica e cheia de pequenos pormenores. O barrete verde
com dobra encarnada é um dos símbolos que mais o destacam perante os outros
trabalhadores (lavradores), camisa branca, colete encarnado e jaqueta sobre o
ombro esquerdo. Na cintura possui uma cinta encarnada, calça azul e meias brancas de renda até ao joelho, estas profusamente desenhadas e sapatos pretos com
esporas. Para facilitar a sua fascina diária possuem também um pampilho, que é
utilizado na condução do gado.
Por ser uma
personagem-tipo do Ribatejo, foi implementada em Vila Franca de Xira, a festa
do Colete Encarnado (1932), por José Van Zeller Pereira Palha, na qual o
Campino é figura ilustre.
Campino, Ribatejo, Portugal
http://ranchobenficaribatej.home.sapo.pt/Rancho_Etnografia/
Etnografia_ficheiros/imagens/trajos/campinos/campino.jpg,
acedido a 7 de Janeiro de 2013.
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"Enche-se a planura de risos e benesses. As ceifas avizinham-se e pelos campos – Sol ao alto – não há viv’alma. Tudo amodorra e se prepara para a grande festa da eira – o grão a surgir como pepitas de ouro, bem mais preciso por ir ao encontro da fome e despejar no estômago do povo o saboroso pão do almoço.
FESTA
DO COLETE ENCARNADO – legenda heroica de terra que cria o pasto tenro e
alimenta o touro, o dominador da Lezíria. É êle – o Colete Encarnado – o
símbolo da festa pagã por excelência – a corrida. Drapejam estandartes,
salpica-se o ambiente de gritos e de sons e o lavrador, satisfeito, tira da
bravura ou da fraqueza dos animais, ensinamentos para a próxima experiência.
FESTA
DO COLETE ENCARNADO... mas já se ouvem os primeiros alarmes. A apartação
terminou e os touros, enquadrados pelos cabrestos, pelos campinos e não poucos
amadores. Vêm, a passo, pelo campo. As primeiras casas surgem. Um ou outro
atrevido... mas a calma dos animais não se altera. Mais uns passos... a poalha
doirada do sol cede um pouco do terreno conquistado à sombra dos muros, das
árvores, das casas... os primeiros gritos de povoação... o apêrto do quadrado
que envolve os touros e ei-los que, em desfilar rápido – friso magnifico de
impetuosidade – se atiram para a frente.
-Aí
estão eles...Eh!boi... pega-lhe de cara... aguenta-te...
É
uma aguarela viva. Há panos que se revolvem no ar; corpos que se esgueiram nos
portais; bôcas abertas numa gargalhada provocante. A rua é um friso animado de
mulheres bonitas e de flôres. Os campinos são a nota rubra da manhã...”[1]
Apresento uma série de fotografias dos episódios da vida do Maioral José Tavares, um dos maiores e mais valorosos campinos da campina ribatejana.
André Lopes Cardoso
Campino a Cavalo, Simão Luís Frade da Veiga (1879-1963) óleo s/ tela 60 X 49 cm |
Apresento uma série de fotografias dos episódios da vida do Maioral José Tavares, um dos maiores e mais valorosos campinos da campina ribatejana.
Maioral José Tavares saltando uma vala na Lezíria de Vila Franca de Xira |
Maioral José Tavares picando touro |
Picaria no Ribatejo |
Maioral José Tavares, envergando o traje de trabalho |
André Lopes Cardoso
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