segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Folclore


O folclore é a génese da Cultura Popular que se retrata através dos ranchos folclóricos. Um rancho designa um grupo de pessoas que tentarão recriar o passado de um povo, os seus usos e costumes, como a peixeira, o lavrador, o campino, a noiva, a camponesa - etnografia. Por outro lado, o Folclore é uma reunião de factos histórico-culturais de um povo, que são transmitidos de geração em geração. Com base em lendas, superstições, crenças, danças, canções, artesanato, jogos, religião, brincadeiras, dialetos, os ensaiadores criam cenários populares, de maneira a retratar os costumes do povo. Segundo a UNESCO, o Folclore é a marca do povo, criando a sua própria identidade social, comunicativa, através dos seus antepassados, retratando a sua nação. As criações feitas, por vezes, podem não ser fidedignas, mas como estão enraizadas há imenso tempo, acabam por ser acatadas por todos; muitos dos costumes resultam da migração, de trocas de conhecimento com o estrangeiro; outros, dos povos que por cá passaram há muitos anos e que foram deixando as suas origens entrarem na nossa cultura. O interesse pela temática Folclore (cultura popular) surgiu por oposição à cultura de elites, que sempre foi a mais aclamada por todo o mundo, se calhar por ser erudita. Os estudos dos Grimm e Herder (Alemanha), iniciados no final do século XVIII e início do século XIX, foram os pioneiros nesta área, cedo se difundiram por todo o mundo, procurando e investigando as formas literárias, músicas, práticas religiosas. O termo Folclore advém de folklore, criado em 1846 por Ambrose Merton (pseudónimo de William John Toms), compondo a palavra folk e lore, que significa povo e saber (Abílio, 2008).

"Um grupo folclórico (ou rancho folclórico, etnográfico) é por inerência da sua constituição uma força ao serviço da investigação, defesa e promoção dos valores patrimoniais da comunidade em que se insere, no campo específico das tradições orais. Orais e não só, na medida em que estas se articulam com registos escritos e materiais. E é a pensar nisso que muitos ranchos folclóricos têm preferido a designação de etnográficos, ampliando assim os objectivos até à descrição atenta das manifestações culturais das populações, a nível regional, sub-regional e local."  
                                                           
                                                                                                                              (Cabral 1999, s.p.)[1]

                  No caso dos Ranchos Folclóricos do Ribatejo retrata-se substancialmente a ceifeira, o campino, os Noivos e os Festeiros. A ceifeira é representada com um lenço de cor escura com ramagens de flores, papoilas e outras cores vivas, blusa de popelina branca com bordados alusivos ao campo, predominantemente a espiga e ramagens verdes, avental preto também ele desenhado com bordados, saia de fazenda vermelha com fita de seda debruando o terminar da saia, com os culotes franzidos de popelina rendados e saiote, meias tipo croché rendilhadas brancas, sapato fechado, que muitas vezes só calçavam à entrada da vila para não pagarem multa por andarem descalças. O campino é o guardador de gado bravo ribatejano, tendo no seu traje de festa o barrete verde, cinta encarnada, colete encarnado, camisa branca, jaqueta e calção de montar azul, meia banca de algodão extremamente bordada, sapato preto de salto de prateleira. Os Noivos são retratados como se fossem casar, para o homem fato de fazenda preto, camisa branca, sapato de tacão preto, meia fina e gravata cinza. A noiva normalmente utiliza um vestido de lã verde, azul ou ocre, sapato preto de presilha e meia de seda. No caso dos nobres festeiros o homem é retratado com o chapéu à mazantina (mazzantini), cinta preta, jaleca, colete e calça de fazenda preta ou cotim, meia fina e sapato de salto de prateleira preto ou ensebado. No caso da senhora, lenço de seda adamascado, vestido de seda ou lã clara meia branca e sapato preto com presilha. Eventualmente podem existir alterações aos trajes, até porque é bastante complicado encontrar este tipo de vestuário, fazendo-se adaptações. Retratou-se o rancho folclórico etnográfico por intervenientes camponesas, mas existem também Ranchos que representam o grupo social dos pescadores como é o caso do Rancho Folclórico dos Varinos e o Rancho Folclórico dos Avieiros, que são grupos sociais distintos do grupo social dos camponeses, não só pelos seus costumes, mas também pelo labor.
Existem cerca de 446 ranchos folclóricos ou grupos de folclore federados na Federação do Folclore Português. A maior concentração de ranchos recai para a zona Norte e Centro do país, mas estes existem por todo o território, incluindo ilhas. Existem ainda imensos outros grupos que não estão federados, mas que, de alguma maneira, vão mantendo vivos os costumes do seu povo (Federação do Folclore Português, 2013).


[1] Disponível em: http://folclore-online.com/ranchos/menu.html#.UastZGTwKQ1, consultado a 16 de Janeiro de 2013.

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