terça-feira, 3 de setembro de 2013

Pessoa's Chess


Boa noite caros blogueiros,
Há já algum tempo que quero divulgar convosco um projeto que tive imenso gosto em desenvolver, um jogo de xadrez. Este projeto foi desenvolvido no IADE, em Dezembro de 2010, na sequência da unidade curricular de Design de Produto, com a colaboração da Profª Paula Trigueiros. É este cruzamento de artes que realmente me fascina e faz do Design uma Arte Maior.








Conceito
O projeto “Um Designer em Jogo” tem como objectivo principal integrar várias matérias leccionadas nas diferentes disciplinas, bem como estudar a morfologia de vários elementos de uma mesma “família de objetos”.
 O primeiro ponto e, se calhar o mais complexo, foi a escolha do autor a abordar, podendo este ser um pintor, um artista plástico, designer, escritor. A escolha acabou por recair em Fernando Pessoa. Após uma vasta investigação sobre a sua vida e obra, conciliaram-se vários tópicos que se consideraram pertinentes, de maneira a serem projetados no desenvolvimento projetual. Posteriormente, reuniu-se diferentes conjuntos de informação, tanto do autor, como do jogo de xadrez, pois esse era um dos objectivos – cruzamento de temáticas; criar um jogo de xadrez com base num autor, como se fosse o próprio autor a concebê-lo. Assim sendo, criaram-se checklists para facilitar o projeto, atribuindo as funções das peças do jogo do xadrez a marcos da vida de Fernando Pessoa. Conceptualmente, o projeto baseia-se em retratar a vida de Pessoa com base em objetos e artefactos que o caracterizem, sendo cada peça reminiscente a um amigo, familiar ou ao próprio Fernando Pessoa.

Fernando Pessoa
Fernando António Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935), foi um poeta e escritor português. É considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de Camões. 
O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo".
Por ter crescido em África do Sul, para onde foi aos sete anos em virtude do casamento de sua mãe, Pessoa aprendeu a língua inglesa, uma mais-valia na sua formação. Das quatro obras que publicou em vida, três são em língua inglesa. Pessoa dedicou-se também a traduções desse idioma.
 
Ao longo da sua vida trabalhou em várias firmas como correspondente comercial, mas também foi empresário, editor, crítico literário, ativista político, tradutor, jornalista, inventor, publicitário, publicista, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literária. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterónimos, objeto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e obra. Centro irradiador da heteronímia, autodenominou-se um "drama em gente". 
Fernando Pessoa morreu de cirrose hepática aos 47 anos, na cidade onde nasceu. 
Sua última frase foi escrita em Inglês: "I don't know what tomorrow will bring... " ("Não sei o que o amanhã trará").

Explicação das Peças e Tabuleiro
Rei
Valor da Peça
O Rei é a peça mais importante do xadrez ocidental, cuja captura é o único objectivo do jogo.
 A sua mobilidade é o maior problema, pois tem de estar segura e no papel ativo que desempenha até ao final do jogo. A sua movimentação consiste no deslocamento de uma casa na direção horizontal, vertical ou diagonal, desde que ela não esteja sob ataque adversário. Caso ainda não tenha sido movimentado no jogo, é permitido ao Rei realizar um movimento especial denominado roque com uma das torres, deslocando-se várias casas horizontalmente, caso nenhuma das casas entre o Rei e a Torre estejam sob ataque e o Rei não esteja em xeque.
Personagem atribuída ao Rei
Visto que o Rei é a peça mais importante do Jogo de Xadrez, decidiu-se colocar o próprio Fernando Pessoa para o representar. O atributo escolhido para representar o Rei foi o Aparo. Sendo assim, criou-se uma coroa feita em aparos em torno da rolha do tinteiro representativo, de modo a materializar o conceito de que o rei está intimamente ligado à coroa, bem como ao Aparo (veículo da sua escrita).


Rainha
Valor da Peça
É a peça de maior valor relativo do jogo. Assim como a Torre, é capaz de, com o auxílio do Rei, vencer uma partida contra um Rei solitário. Pela sua alta mobilidade é a peça preferida do enxadrista iniciante. A Rainha ou Dama movimenta-se em linhas rectas pelas fileiras, colunas e diagonais no tabuleiro. Não pode saltar as suas próprias peças ou as adversárias e captura tomando a casa ocupada pela adversária. Devido ao seu valor, normalmente é trocada somente pela dama adversária e o seu sacrifício, em função de outras peças, são posições que normalmente determinam o desfecho da partida.
Personagem atribuída à Rainha
Visto que a Rainha é uma peça com um enorme destaque no Jogo de Xadrez, decidi colocar Ophélia Queiróz para a representar, pois não só era a amada de Fernando Pessoa (Rei) como era uma mulher de forte carácter. O atributo escolhido para representar o Rei foi o Aparo, sendo assim, criou-se igualmente para a Rainha uma coroa concebida com aparos em torno da rolha do tinteiro representativo. O que a diferencia do Rei são os aparos que compõem a sua coroa, estes são mais delicados, bem como o frasco que é mais abaulado, de silhueta angulosa.


Torre
Valor da Peça
A Torre é uma peça maior do xadrez, muito empregada na fase final do jogo devido ao seu valor estratégico e tático, sendo amplamente estudada na literatura sobre o enxadrismo. Usualmente o seu valor relativo é alto, podendo variar em função das posições das torres em colunas ou fileiras abertas, ou formações estratégicas como baterias. No início de uma partida, cada enxadrista (jogador ou interessado em jogo de xadrez) tem duas peças que são dispostas nas colunas. Raramente são utilizadas na fase de abertura devido à sua pouca mobilidade em posições fechadas e pelo seu valor. No meio-jogo são posicionadas de modo a ocuparem uma coluna aberta, visando o ataque ao Rei adversário, onde podem tomar peões não movimentados e desprotegidos. No final da partida, sobressaem sobre peças menores e peões, podendo tornarem-se decisivas. Movimenta-se em linhas retas nas colunas e fileiras do tabuleiro não podendo entretanto, pular peças adversárias ou aliadas e capturando ao ocupar a casa deixada pelo adversário.
Personagem atribuída à Torre
A torre é uma peça muito importante, então atribuí a escrita pessoana para a representar. A peça será apresentada e representada por letras, pois é desta maneira que pessoa se mantém até aos nossos dias, através da sua majestosa escrita.


Bispo

Valor da Peça
O Bispo é uma peça menor do xadrez. Na fase de abertura os bispos desempenham funções de defesa dos peões ao centro e no conceito hipermoderno são flanqueados de modo a atacar o centro à distância. No meio-jogo e final o seu valor aumenta à medida que as posições se tornam mais abertas, embora não tanto se o enxadrista possuir o par. Movimenta-se em diagonal não podendo pular peças intervenientes e captura tomando o lugar ocupado pela peça adversária. Devido à característica do seu movimento tem a deficiência da fraqueza da cor onde o seu movimento fica limitado à cor da casa de onde inicia a partida.
Personagem atribuída ao Bispo
Atribuiu-se aos bispos duas pessoas muito importantes na vida de Pessoa, Mário de Sá Carneiro e Cesário Verde. Juntos formaram o grupo que mais tarde se veio a apelidar de Geração do Orpheu. Ambos tinham uma mentalidade muito futurista e tentavam impressionar a sociedade com os textos que escreviam para a Revista Orpheu, a qual chocou a população através das temáticas e crónicas abordadas. Para a representação figurativa da peça, escolheu-se a capa do volume número 2 da Revista Orpheu, pois faz uma ligação muito boa com o conceito das restantes peças.


Cavalo

Valor da Peça
O Cavalo possui uma movimentação peculiar, não partilhada por nenhuma das outras peças do jogo. É a única peça que pode atacar a Rainha sem ser atacado por ela ao mesmo tempo. De uma maneira geral, o Cavalo ataca qualquer outra peça, com excepção do próprio cavalo, sem ser atacado por ele. A sua movimentação dá-se num padrão assemelhado a um "L". Diferente de todas as outras peças de xadrez, o Cavalo não tem o movimento tolhido por peças no meio do caminho, pois “salta” sobre quaisquer peças que estejam no seu caminho, tanto peças da mesma equipa, como peças adversárias.
Personagem atribuída ao Cavalo
O cavalo é uma peça bastante peculiar, salta por cima dos seus amigos/obstáculos para conquistar o que mais pretende, tal como Almada Negreiros e Santa-Rita Pintor. A minha escolha foi bastante simples, pois ambos os pintores eram muito próximos de Fernando Pessoa e sempre o quiseram ajudar. Pertenciam à Geração do Orpheu, geração esta que foi muito importante para “agitar as águas” em Portugal. O atributo escolhido para representar os Cavalos foram pincéis, visto que os personagens eram ambos pintores, deixando bem clara a ideia de Pintura e de pelagem de equinos.


 Peão
Valor da Peça
O Peão é a mais modesta das peças de xadrez, e cada jogador conta com 8 peões no início da partida, na segunda fileira. Quando se dão valores para as peças, geralmente o peão é a peça menos valiosa. Movimenta-se sempre para a frente, sendo a única peça que não pode retornar ou retroceder. Na primeira jogada de cada peão, ele tem a permissão de andar uma ou duas casas, mas nas outras o peão que já foi movido pode mover-se apenas uma casa de cada vez. O peão também tem uma característica interessante: ele captura de forma diferente ao seu movimento. O peão captura sempre a peça que está na próxima linha, mas nas colunas adjacentes à sua posição.
Personagem atribuída ao Peão
Atribuiu-se aos peões os heterónimos pessoanos. Visto que Fernando Pessoa utilizava imensas vezes os seus heterónimos para comunicar, decidiu-se colocá-los representativamente nos peões, pois são eles que se “chegam à frente”, os primeiros a dar a cara ao adversário, tal como Pessoa fazia. O atributo escolhido para representar os peões foram papéis, papéis estes que se encontram amassados, tal como as suas cartas perdidas. Pretende-se também assegurar a ideia da bagunça, do desconhecido, própria dos heterónimos pessoanos.


Tabuleiro
Valor da Peça
O tabuleiro de xadrez é um equipamento para a prática do xadrez, sobre o qual são dispostas as peças do jogo. 
Geralmente é de forma quadrangular, com um padrão reticulado característico com alternância de duas cores entre as suas subdivisões. Normalmente é fabricado em madeira ou em plástico, mas pode ser empregue uma grande variedade de materiais como couro, mármore, marfim, vidro ou metal.
Personagem atribuída ao Tabuleiro
O tabuleiro é uma peça muito importante no jogo de xadrez, é lá que se desenvolve todo o jogo. 
Com base no conceito ,, decidiu-se criar um tabuleiro em madeira tosca, o qual seria revestido no seu interior por veludo bordeaux. O tabuleiro é de formato tipo contentor, pois dentro do mesmo contém algumas fotografias de Fernando Pessoa, dos amigos, dos pais, os seus vícios. A "tampa" que fecha o contentor é em vidro, no qual são dispostas as peças, de modo a poder observar-se os artefactos que se encontram por debaixo do mesmo. Pensou-se que seria pertinente colocar os seus vícios, então colocou-se cigarros, fumava cerca de oitenta por dia, um poema representando a sua escrita, estudos do Horóscopo Ocidental. 


André Lopes Cardoso

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