Boa noite caros blogueiros,
Há já algum tempo
que quero divulgar convosco um projeto que tive imenso gosto em desenvolver, um
jogo de xadrez. Este projeto foi desenvolvido no IADE, em Dezembro de 2010, na sequência da
unidade curricular de Design de Produto, com a colaboração da Profª Paula
Trigueiros. É este cruzamento de artes que realmente me fascina e faz do Design
uma Arte Maior.
Conceito
O projeto “Um
Designer em Jogo” tem como objectivo principal integrar várias matérias
leccionadas nas diferentes disciplinas, bem como estudar a morfologia de vários
elementos de uma mesma “família de objetos”.
O primeiro ponto e, se calhar o
mais complexo, foi a escolha do autor a abordar, podendo este ser um
pintor, um artista plástico, designer, escritor. A escolha acabou por recair em
Fernando Pessoa. Após uma vasta investigação sobre a sua vida e obra, conciliaram-se vários tópicos que se consideraram pertinentes, de maneira a serem
projetados no desenvolvimento projetual. Posteriormente, reuniu-se diferentes conjuntos
de informação, tanto do autor, como do jogo de xadrez, pois esse era um dos
objectivos – cruzamento de temáticas; criar um jogo de xadrez com base num autor,
como se fosse o próprio autor a concebê-lo. Assim sendo, criaram-se checklists para facilitar o projeto,
atribuindo as funções das peças do jogo do xadrez a marcos da vida de Fernando
Pessoa. Conceptualmente, o projeto baseia-se em retratar a vida de Pessoa com
base em objetos e artefactos que o caracterizem, sendo cada peça reminiscente a
um amigo, familiar ou ao próprio Fernando Pessoa.
Fernando Pessoa
Fernando António
Nogueira Pessoa (Lisboa, 13 de Junho de 1888 — Lisboa, 30 de Novembro de 1935),
foi um poeta e escritor português. É considerado um dos maiores poetas da
Língua Portuguesa e da Literatura Universal, muitas vezes comparado com Luís de
Camões.
O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo". Por ter crescido em África do Sul, para onde foi aos sete anos em virtude do casamento de sua mãe, Pessoa aprendeu a língua inglesa, uma mais-valia na sua formação. Das quatro obras que publicou em vida, três são em língua inglesa. Pessoa dedicou-se também a traduções desse idioma.
Ao longo da sua vida trabalhou em várias firmas como correspondente comercial, mas também foi empresário, editor, crítico literário, ativista político, tradutor, jornalista, inventor, publicitário, publicista, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literária. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterónimos, objeto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e obra. Centro irradiador da heteronímia, autodenominou-se um "drama em gente".
Fernando Pessoa morreu de cirrose hepática aos 47 anos, na cidade onde nasceu.
Sua última frase foi escrita em Inglês: "I don't know what tomorrow will bring... " ("Não sei o que o amanhã trará").
O crítico literário Harold Bloom considerou a sua obra um "legado da língua portuguesa ao mundo". Por ter crescido em África do Sul, para onde foi aos sete anos em virtude do casamento de sua mãe, Pessoa aprendeu a língua inglesa, uma mais-valia na sua formação. Das quatro obras que publicou em vida, três são em língua inglesa. Pessoa dedicou-se também a traduções desse idioma.
Ao longo da sua vida trabalhou em várias firmas como correspondente comercial, mas também foi empresário, editor, crítico literário, ativista político, tradutor, jornalista, inventor, publicitário, publicista, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literária. Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades conhecidas como heterónimos, objeto da maior parte dos estudos sobre a sua vida e obra. Centro irradiador da heteronímia, autodenominou-se um "drama em gente".
Fernando Pessoa morreu de cirrose hepática aos 47 anos, na cidade onde nasceu.
Sua última frase foi escrita em Inglês: "I don't know what tomorrow will bring... " ("Não sei o que o amanhã trará").
Explicação das Peças e Tabuleiro
Rei
Valor da Peça
O Rei é a peça
mais importante do xadrez ocidental, cuja captura é o único objectivo do
jogo.
A sua mobilidade é o maior problema, pois tem de estar segura e no papel ativo
que desempenha até ao final do jogo. A sua movimentação consiste no
deslocamento de uma casa na direção horizontal, vertical ou diagonal, desde que
ela não esteja sob ataque adversário. Caso ainda não tenha sido movimentado no
jogo, é permitido ao Rei realizar um movimento especial denominado roque com
uma das torres, deslocando-se várias casas horizontalmente, caso nenhuma das
casas entre o Rei e a Torre estejam sob ataque e o Rei não esteja em xeque.
Personagem atribuída
ao Rei
Visto que o Rei é
a peça mais importante do Jogo de Xadrez, decidiu-se colocar o próprio Fernando
Pessoa para o representar. O atributo escolhido para representar o
Rei foi o Aparo. Sendo assim, criou-se uma coroa feita em aparos em torno da
rolha do tinteiro representativo, de modo a materializar o conceito de que o rei
está intimamente ligado à coroa, bem como ao Aparo (veículo da sua escrita).
Rainha
Valor da Peça
É a peça de maior
valor relativo do jogo. Assim como a Torre, é capaz de, com o auxílio do Rei,
vencer uma partida contra um Rei solitário. Pela sua alta mobilidade é a peça
preferida do enxadrista iniciante. A Rainha ou Dama movimenta-se em linhas
rectas pelas fileiras, colunas e diagonais no tabuleiro. Não pode saltar as suas
próprias peças ou as adversárias e captura tomando a casa ocupada pela
adversária. Devido ao seu valor, normalmente é trocada somente pela dama
adversária e o seu sacrifício, em função de outras peças, são posições que
normalmente determinam o desfecho da partida.
Personagem atribuída
à Rainha
Visto que a
Rainha é uma peça com um enorme destaque no Jogo de Xadrez, decidi colocar
Ophélia Queiróz para a representar, pois não só era a amada de Fernando Pessoa
(Rei) como era uma mulher de forte carácter. O atributo escolhido
para representar o Rei foi o Aparo, sendo assim, criou-se igualmente para a
Rainha uma coroa concebida com aparos em torno da rolha do tinteiro representativo. O que a diferencia do Rei são os aparos que compõem a sua
coroa, estes são mais delicados, bem como o frasco que é mais abaulado, de silhueta angulosa.
Torre
Valor da Peça
A Torre é uma
peça maior do xadrez, muito empregada na fase final do jogo devido ao seu valor
estratégico e tático, sendo amplamente estudada na literatura sobre o
enxadrismo. Usualmente o seu valor relativo é alto, podendo variar em função
das posições das torres em colunas ou fileiras abertas, ou formações
estratégicas como baterias. No início de uma partida, cada enxadrista
(jogador ou interessado em jogo de xadrez) tem duas peças que são dispostas nas
colunas. Raramente são utilizadas na fase de abertura devido à sua pouca
mobilidade em posições fechadas e pelo seu valor. No meio-jogo são posicionadas
de modo a ocuparem uma coluna aberta, visando o ataque ao Rei adversário, onde
podem tomar peões não movimentados e desprotegidos. No final da partida, sobressaem
sobre peças menores e peões, podendo tornarem-se decisivas. Movimenta-se em linhas retas nas colunas e fileiras
do tabuleiro não podendo entretanto, pular peças adversárias ou aliadas e
capturando ao ocupar a casa deixada pelo adversário.
Personagem
atribuída à Torre
A torre é uma peça muito
importante, então atribuí a escrita pessoana para a representar. A peça será
apresentada e representada por letras, pois é desta maneira que pessoa se
mantém até aos nossos dias, através da sua majestosa escrita.
Bispo
Valor da Peça
O Bispo é uma peça menor
do xadrez. Na fase de abertura os bispos desempenham funções de defesa dos
peões ao centro e no conceito hipermoderno são flanqueados de modo a atacar o
centro à distância. No meio-jogo e final o seu valor aumenta à medida que as
posições se tornam mais abertas, embora não tanto se o enxadrista possuir o par.
Movimenta-se em diagonal não podendo pular peças intervenientes e captura
tomando o lugar ocupado pela peça adversária. Devido à característica do seu
movimento tem a deficiência da fraqueza da cor onde o seu movimento fica
limitado à cor da casa de onde inicia a partida.
Personagem
atribuída ao Bispo
Atribuiu-se aos bispos
duas pessoas muito importantes na vida de Pessoa, Mário de Sá Carneiro e
Cesário Verde. Juntos formaram o grupo que mais tarde se veio a apelidar de
Geração do Orpheu. Ambos tinham uma mentalidade muito futurista e tentavam
impressionar a sociedade com os textos que escreviam para a Revista Orpheu, a
qual chocou a população através das temáticas e crónicas abordadas. Para a
representação figurativa da peça, escolheu-se a capa do volume número 2 da
Revista Orpheu, pois faz uma ligação muito boa com o conceito das restantes
peças.
Cavalo
Valor da Peça
O Cavalo possui
uma movimentação peculiar, não partilhada por nenhuma das outras peças do
jogo. É a única peça que pode atacar a Rainha sem ser atacado por ela ao mesmo
tempo. De uma maneira geral, o Cavalo ataca qualquer outra peça, com excepção do
próprio cavalo, sem ser atacado por ele. A sua
movimentação dá-se num padrão assemelhado
a um "L". Diferente de todas as outras peças de xadrez, o Cavalo não
tem o movimento tolhido por peças no meio do caminho, pois “salta” sobre
quaisquer peças que estejam no seu caminho, tanto peças da mesma equipa, como
peças adversárias.
Personagem
atribuída ao Cavalo
O cavalo é uma
peça bastante peculiar, salta por cima dos seus amigos/obstáculos para
conquistar o que mais pretende, tal como Almada Negreiros e Santa-Rita Pintor.
A minha escolha foi bastante simples, pois ambos os pintores eram muito
próximos de Fernando Pessoa e sempre o quiseram ajudar. Pertenciam à Geração do
Orpheu, geração esta que foi muito importante para “agitar as águas” em Portugal. O
atributo escolhido para representar os Cavalos foram pincéis, visto que os personagens eram ambos pintores, deixando bem clara a ideia de Pintura e de pelagem de equinos.
Peão
Valor da Peça
O Peão é a mais
modesta das peças de xadrez, e cada jogador conta com 8 peões no início da
partida, na segunda fileira. Quando se dão valores para as peças, geralmente o
peão é a peça menos valiosa. Movimenta-se sempre para a frente, sendo a
única peça que não pode retornar ou retroceder. Na primeira jogada de cada
peão, ele tem a permissão de andar uma ou duas casas, mas nas outras o peão que
já foi movido pode mover-se apenas uma casa de cada vez. O peão também tem uma
característica interessante: ele captura de forma diferente ao seu movimento. O
peão captura sempre a peça que está na próxima linha, mas nas colunas
adjacentes à sua posição.
Personagem
atribuída ao Peão
Atribuiu-se aos
peões os heterónimos pessoanos. Visto que Fernando Pessoa utilizava imensas
vezes os seus heterónimos para comunicar, decidiu-se colocá-los
representativamente nos peões, pois são eles que se “chegam à frente”, os
primeiros a dar a cara ao adversário, tal como Pessoa fazia. O
atributo escolhido para representar os peões foram papéis, papéis estes que se
encontram amassados, tal como as suas cartas perdidas. Pretende-se também
assegurar a ideia da bagunça, do desconhecido, própria dos heterónimos
pessoanos.
Tabuleiro
Valor da Peça
O tabuleiro de
xadrez é um equipamento para a prática do xadrez, sobre o qual são dispostas as
peças do jogo.
Geralmente é de forma quadrangular, com um padrão reticulado
característico com alternância de duas cores entre as suas subdivisões.
Normalmente é fabricado em madeira ou em plástico, mas pode ser empregue uma
grande variedade de materiais como couro, mármore, marfim, vidro ou metal.
Personagem
atribuída ao Tabuleiro
O tabuleiro é uma
peça muito importante no jogo de xadrez, é lá que se desenvolve todo o
jogo.
Com base no conceito ,, decidiu-se criar um tabuleiro em
madeira tosca, o qual seria revestido no seu interior por veludo bordeaux. O tabuleiro é de formato tipo contentor, pois dentro do mesmo
contém algumas fotografias de Fernando Pessoa, dos amigos, dos pais, os seus
vícios. A "tampa" que fecha o contentor é em vidro, no qual são dispostas as peças, de modo a poder
observar-se os artefactos que se encontram por debaixo do mesmo. Pensou-se que
seria pertinente colocar os seus vícios, então colocou-se cigarros, fumava cerca de oitenta por dia, um poema
representando a sua escrita, estudos do Horóscopo Ocidental.
André Lopes Cardoso
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