É um tipo de revestimento de pavimento
que conta com materiais como o calcário (branco) e o basalto (preto),
pavimentando principalmente passeios e espaços públicos. Esta técnica é
bastante utilizada nos países lusófonos, sendo que o calcetamento é executado
com pedras de formato irregular, que podem ser dispostas de várias maneiras,
acabando por formar um pavimento regular. A combinação da pedra calcária com o
basalto pode originar padrões decorativos muito interessantes, devido ao
contraste das pedras (Bairrada, 1986) .
A técnica surgiu em meados do século XIX,
tendo os mestres calceteiros adquirido um lugar de grande notoriedade, mas no
século XV já se calcetava em Portugal, mas de uma maneira mais distinta da que
hoje conhecemos, segundo as cartas régias de 20 de Agosto de 1498 e de 8 de
Maio de 1500, ambas rubricadas por D. Manuel I, assinalando assim o começo do
empedramento das ruas de Lisboa. A pedra utilizada na época era o granito da
região do Porto, tornando a obra dispendiosa, devido ao transporte do material.
O terramoto de 1755 abalou toda a economia nacional, os materiais e técnicas
aplicados na reconstrução da cidade ficaram aquém dos que lá persistiam, optando-se
por racionalizar os gastos em obras públicas, ficando a Arte da Calcetaria
colocada de parte. Porém, em 1842 elaborou-se uma calçada calcária, muito
aproximada à que hoje conhecemos. Todo o trabalho foi realizado por grilhetas a mando do Governador de Armas
do Castelo de São Jorge, o Tenente-general Eusébio Pinheiro Furtado. O desenho adotado
para a pavimentação dessa área foi de cariz simples, mas foi um marco na
Calcetaria Portuguesa, marcando um momento de viragem nesta arte, motivando
cronistas e escritores a debaterem a temática como Almeida Garrett e Cesário
Verde. Após o sucesso da Calçada do Castelo, Eusébio Furtado ordenou que
pavimentassem toda a área do Rossio, expandindo e disseminando a calçada por
todo o país e colónias portuguesas (Bairrada, 1986) .
A exposição mundial atingida pelos
trabalhos desenvolvidos estava a ser admirado por todo o mundo, mestres
calceteiros eram solicitados a executar e ensinar a arte no estrangeiro. De
maneira a não se perder esta técnica, em 1986 foi criada uma escola para
calceteiros denominada Escola de Calceteiros da Câmara Municipal de Lisboa,
situada na Quinta Conde dos Arcos, na qual se ensinam as técnicas da calçada
portuguesa. Em 2006 foi inaugurado o monumento ao calceteiro, patente na Rua da
Vitória, em plena Baixa lisboeta (Bairrada, 1986) .
A técnica de calcetar não é complicada,
mas extremamente cansativa. Os calceteiros tiram partido do sistema de
diáclases do calcário, com recurso a um martelo, fazendo pequenos ajustes na
pedra, de maneira a que encaixem umas nas outras. Para padrões desenhados, os
calceteiros recorrem a marcações, delimitando zonas diferentes a calcetar, de
maneira a que repitam os motivos em sequência linear, formando frisos ou, nas
duas dimensões do plano, formando padrões.
A geometria demonstrada nas calçadas do
século XX apresenta-se em sete possíveis combinações simétricas no plano, sendo
sete referentes aos frisos e dezassete para os motivos padronizados (Bairrada, 1986) .
Num contexto de Arte Contemporânea, a
temática da Calçada Portuguesa tem sido abordada incansavelmente, mostrando-se
em vários e diferentes suportes, como alcatifa, papel de parede, almofadas,
garrafas, entre outros objetos.
André Lopes Cardoso
Bibliografia
Bairrada, E. M. (1986). Empedrados
artísticos em Lisboa: a arte da calçada-mosaico. Lisboa: Câmara Municipal
de Lisboa.
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