A cultura é um conjunto de modelos, que
informa e caracteriza um povo, uma região, uma comunidade. Esta caraterização,
geral e radical, deve fomentar, intervir, qualificar, condicionar toda a vida
cultural, todas as atividades culturais. É fundamental existir cultura, pois só
assim conseguimos entender os diversos valores éticos do nosso comportamento
social. Por um lado, é um conjunto de atividades e modos de agir, costumes,
gostos, comportamentos de um povo; por outro, é a maneira do Homem se adaptar
às condições de existência, acostumando-se ao meio envolvente. Porém, significa
também o conjunto de elementos materiais e espirituais, também dito
; assim, nenhum povo se pode desligar destes elementos, pois
são eles que o caracterizam, tornando-o único.
As medidas que visam a preservação do
património, que mantêm vivas as tradições, os costumes de uma certa comunidade,
são quase que uma , alheada ao aproveitamento das
obras e valores legados pelos antigos ou instituídos pelos contemporâneos.
Assim sendo, nenhuma comunidade deve aniquilar a ligação cultural, em
detrimento de perder personalidade, tornando-se num lugar de .
Segundo Nietzsche (1873),
“é um fenómeno eterno: a ávida vontade vai
sempre encontrar um meio de fixar as suas criaturas na vida através de uma
ilusão espalhada sobre as coisas, forçando-as a continuar a viver. Este vê-se
amarrado pelo prazer socrático do conhecimento e pela ilusão de poder, através
do mesmo, curar a eterna ferida da existência; aquele vê-se envolvido pelo véu
sedutor da arte ondeando diante dos seus olhos; aquele, por seu turno, pela
consolação metafísica de que sob o remoinho dos fenómenos continua a fluir,
imperturbável, a vida eterna: para não falar das ilusões mais comuns, e talvez
mais vigorosas, que a vontade tem preparadas em qualquer instante. Aqueles três
níveis de ilusão destinam-se apenas às naturezas mais nobremente apetrechadas,
nas quais a carga e o peso da existência são em geral sentidos com um desagrado
mais profundo e que podem ser ilusoriamente desviadas desse desagrado através
de estimulantes selecionados. É nestes estimulantes que consiste tudo o que
chamamos cultura”.
Friedrich Nietzsche (1873) in O
Nascimento da Tragédia
André Lopes Cardoso
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