As
Tapeçarias de Portalegre são como que murais, descrevendo uma maneira de estar
na arte diferente, e que apesar de popular e artesanal, é reveladora de um
espírito muito adulto e atento da arte. Fundada por Guy Fino e Manuel Celestino
Peixeiro, em 1946, desde cedo que perceberam que o caminho do desenvolvimento
seria o que estivesse relacionado com a arte atual, favorecendo assim a sua permanente
atualização estética. Com todo este dinamismo e prestígio, resultantes do
investimento inicial, emergiu uma marca incontornável, uma aposta na
diferenciação do produto, iniciando-se com artistas ligados ao movimento
neorrealista português, como Júlio Pomar, Lima de Freitas, Rogério Ribeiro, não
querendo afirmar que estavam intimamente ligados a este movimento político e
social, mas sim à contemporaneidade dos anos 40 e 50 do século XX. Extremamente
decorativas, as Tapeçarias de Portalegre são obras de arte originais,
traduzindo o espírito e o traço do pintor respetivo, sendo uma técnica
totalmente manual (Perdigão,
2002).
Domingo Lisboeta, Almada Negreiros, Tapeçarias de Portalegre.
Dimensões
– 4100mm X 2050mm (tríptico)
http://www.mtportalegre.pt/pt/catalogo,
acedido a 13 de Março de 2013.
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A
grande responsabilidade de toda esta “construção” recai na desenhadora e na
tecedeira, pois são elas que interpretam o desenho do artista, que será
posteriormente um tapete. A desenhadora tem como função ajustar o desenho do
artista, aumentando ou diminuindo, consoante o tamanho do tapete, recorrendo a
um papel quadriculado próprio, sendo que cada quadrícula corresponde a um ponto
– desenho de tecelagem. Posteriormente, a desenhadora cria os contornos de
todos os elementos do desenho, formas e cores, passando posteriormente todo
este trabalho à tecedeira, iniciando o processo de tecimento. A escolha dos matizes é crucial, caso não correspondam ao original, a tapeçaria
pode perder legitimidade e impacte; para tal, as fábricas detém um vasto
espólio de cores (cerca de 7000), de maneira a compor qualquer trama decorativa[1].
Após selecionadas as cores a utilizar, o desenho original é colocado no tear
vertical e é iniciado o processo manual de tecelagem, criando assim uma
ampliação ou diminuição, em lã, do desenho do autor. A construção da tapeçaria
dá-se na horizontal, a cada passagem de trama decorativa passa-se uma fina
trama de ligação, ficando esta escondida pela primeira, conseguindo-se
estruturas únicas. As Tapeçarias de Portalegre são extremamente reconhecidas
devido ao desenho original de artista e a todo o trabalho que é feito, desde a
escolha das cores, dimensões da peça, técnica aplicada (Perdigão,
2002).
Todas
as peças são limitadas entre 1 a 8 exemplares, autenticados pelo artista no
bolduc[2].
São muitos os artistas que já viram as suas obras tecidas, sendo algumas feitas
a convite e outras a pedido do próprio artista, vendo assim disseminados os
seus conceitos e valores humanistas (Fortunato, 2013) .
Bibliografia
Fortunato, F. (2013). Manufactura de
Tapeçarias de Portalegre. Obtido em 13 de Março de 2013, de
http://www.mtportalegre.pt/pt/
Perdigão, T. (2002). Tesouros do
Artesanato Português - Têxteis (Vol. II). Lisboa: Editorial Verbo.
[1] A trama
decorativa é o esquema de tecelagem, composta por oito
cabos, permitindo assim misturar fios de diferentes cores, criando efeitos de
profundidade, transparência, sobreposição. Toda a trama é concebida em lã,
correspondendo a uma densidade de 2500 pontos/dm2.
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