Vinho do Porto
Natural e fortificado, o vinho do Porto é um tipo de
vinho específico da região demarcada do Douro. Régua e Pinhão são os principais
centros de produção deste néctar. A história do vinho é bastante antiga,
pensa-se que na época dos Descobrimentos Marítimos já se produzia, mas em menor
quantidade. Por outro lado, existem alguns historiadores que declaram que o
vinho do Porto é originário dos ideais ingleses, pois durante o século XVII
começou a ser exportado para todo o mundo. Desta maneira, os ingleses adicionavam
brandy, de maneira a que não azedasse
(Sellers,
1899).
Reza a lenda
que o aparecimento do vinho do Porto aconteceu há muitos séculos, mas como o
conhecemos hoje, só surgiu por volta do século XVII. Em 1386, o Tratado de
Windsor veio estabelecer uma forte aliança entre Portugal e Inglaterra,
fomentando a comercialização dos produtos de ambos os países. Durante o século
XV, a exportação do vinho era feita, muitas vezes, em troca do famoso bacalhau.
Mais tarde, o tratado comercial anglo-português de 1654 criou um novo leque de
oportunidades para os ingleses e escoceses que viviam em Portugal,
fornecendo-lhes privilégios. O centro vinhateiro a Norte de Portugal não era o
Porto, mas sim Viana do Castelo, pois tinha um bom porto natural no Rio Lima.
As trocas comerciais que se davam através deste porto era a exportação de
cereais, fruta, azeite e vinho (“red
Portugal”) e importava-se lã e tecidos de algodão da Inglaterra. Em 1667,
Colbert implementou uma série de medidas que impediam a importação de bens de
Inglaterra para França. Desta maneira, Charles II de Inglaterra aumentou o
imposto sobre os vinhos franceses, acabando por proibir a sua importação. Foi a
partir daqui (1667) que o vinho do Porto se exportou mais e mais. Os ingleses
que residiam em Portugal sabiam que o vinho do Porto não era muito apreciado
pelos ingleses, então decidiram ir mais para o interior de Portugal, procurar
vinho mais forte, encorpado – Alto Douro. É desta região que é hoje produzido o
vinho do Porto. Assim, o vinho circulava da região do Alto Douro até ao Porto,
por meio de barcos pelo Rio Douro abaixo, chegando sim à porta da exportação.
Peter Bearsley[1] foi um
dos primeiros comerciantes de vinho do Porto a fixar-se no Porto, antes
residindo em Viana do Castelo. Pensa-se ainda que a primeira exportação do
vinho do Porto ocorreu em 1678. De maneira a aguentar a longa viagem, era
adicionada aguardente vínica, aumentando a sua força alcoólica, impedindo o
azedamento. Esta técnica não pode ser confundida com a adição de aguardente
durante o processo de fermentação, pois só durante a fermentação é que adotada
o sabor característico. Em 1703, o Tratado de Methuen entre Portugal e
Inglaterra veio ainda fortalecer mais a relação comercial existente. O “vinho
do Porto” era agora mais ao gosto do consumidor inglês do que o “tinto de
Portugal” do Minho. Na segunda metade do século XVIII houve uma nova expansão
do vinho mas, desta vez, já fortificado durante o processo de produção, tal
como hoje conhecemos, acabando em 1850 por ser totalmente fortificado durante a
produção. Forrester foi um barão que sempre se opôs à fortificação do vinho do
Porto. Em 1887, a criação da linha de caminhos de ferro foi uma mais valia para
o transporte do vinho, pois os rabelos eram menos estáveis e mais demorados. As
garrafas de início do século XVIII eram bulbosas, de base larga e pescoço
curto. A ideia inicial era que o vinho fosse bebido diretamente da pipa, sendo
transportado nesta garrafa com as iniciais do seu proprietário. Com o advento
do Vidro, as garrafas começaram a ser produzidas, de maneira a poderem ser
guardadas na horizontal, coisa que não acontecia com as pioneiras (História do
Vinho do Porto, 2011).
Existem três tipos de Vinho do Porto: Branco, Ruby e Tawny, dependendo, claro está, da casta que é utilizada. O Porto
Branco é produzido num processo distinto, pois as castas não entram em contacto
com o mosto na fase de fermentação e envelhece em balseiros de 20 mil litros.
Tendo um sabor jovem e frutado, o Porto Branco é caraterizado pela sua doçura.
Ainda dentro desta categoria, pode-se ainda destacar o Branco Seco, Branco
Meio-Seco e Branco Doce, sendo que possuem todos um trave doce, devido ao seu
método de produção.
O Porto Ruby é um vinho muito frutado de coloração
escura (rubi), devido ao baixo contacto com a madeira, conservando assim as
suas características iniciais, devido à baixa oxidação. Com um forte sabor
adocicado a frutos vermelhos, principalmente frutos silvestres e ameixas, mas
sempre com um cariz jovem, envelhecendo também em balseiros.
Porto Tawny é um vinho tinto, feito das mesmas uvas
que o Ruby, mas envelhece em menos tempo do que o Ruby, cerca de dois a três
anos nos balseiros. Posteriormente ao envelhecimento nos balseiros, Ruby passa
para as pipas de 550m litros, permitindo a entrega à madeira e ao ar. Assim
sendo, o Porto Tawny envelhece mais rapidamente do que os outros vinhos Porto,
respirando mais e oxidando. Devido à elevada oxidação, o Tawny acaba por perder
a cor inicial característica, adquirindo tons âmbar e um sabor a frutos secos.
Com o envelhecimento, o Tawny ganha ainda mais complexidade aromática,
fortalecendo os característicos sabores iniciais a frutos secos.
Tanto o Branco, como o Ruby ou o Tawny podem ser
denominados por Vintage, que é um
termo aplicado ao melhor vinho do Porto existente. Só se considera vintage um
vinho obtido da colheita somente de um ano, pertencendo assim à classe dos vinhos
considerados de qualidade excecional. O seu envelhecimento demora cerca de dois
anos em casco, depois envelhecem em garrafa. Assim, recomenda-se que envelheçam
três anos, no mínimo, em garrafa (Sellers, 1899).
Fig. – Croft Port
Vintage 2000, Vinho do Porto.
http://www.winespiritus.com/743-1160-thickbox/croft-vintage-port-2000-vinho-do-porto-the-fladgate-company.jpg,
acedido a 22 de Fevereiro de 2013.
Muitas são as marcas que hoje comercializam este produto,
sendo as melhores: Barros Burmester, Calem, Calem “Velhotes”, Croft,
Delaforce, Ferreira Fonseca, Kopke, Messias, Cotto, Offley, Ramos, Pinto
Romariz, Rozes, Sandeman, Taylors. Vinho do Porto Vintage (Vinho do Porto
– 16 Marcas à disposição, 2006).
[1] Peter
Bearsley era filho do fundador da Taylor’s, que se diz ter sido o primeiro
comerciante inglês do vinho a fazer a perigosa e desconfortável viagem para
além do Marão, em busca de melhor vinho.
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