Intitulado por Linhas de Wellington, é um filme épico que
retrata, e bem, a Revolução Francesa em Portugal. Num cenário de pobreza e
desgraça conseguem-se perceber vários grupos sociais, este que são adjuvantes
ao entendimento da trama do filme. As Invasões Francesas a Portugal decorrem
após a Revolução Francesa, que surgiu para acabar com os privilégios da Nobreza
e do Clero. Na trama, conseguimos
claramente perceber o estado de guerra que se sentia em Portugal. Pessoas
famintas, guerrilhas internas, casas destruídas – devastação. A passagem das
tropas francesas por Portugal fez com que tudo o que tínhamos ficasse
destruído. Incêndios, Assaltos, tudo era assolado pelos franceses. Conhecidos
por jacobinos, os franceses (povo e exército) tomaram posse de França e
começaram a invadir os países em seu redor, segundo as ordens de Napoleão
Bonaparte que queria ser o dono do Mundo. Portugal mantinha uma velha aliança
com a Inglaterra daí, ao perder algum terreno em França, começa a voltar para o
Reino de Portugal, de modo a proteger Lisboa das tropas jacobinas. A famosa
Batalha do Buçaco foi ganha pelos portugueses, mas o objetivo francês era
conquistar a capital portuguesa e foi aí que Wellington interveio positivamente
ao criar as Famosas Linhas de Torres Vedras. A caracterização dos ingleses está
muito bem conseguida. O general Wellington protagonizado por John Malkovich foi
o verdadeiro idealista destas linhas defensivas que tanto valeram às nossas
tropas. O cenário de peregrinação que se vislumbra na trama é totalmente dramático.
A fuga dos portugueses e dos ingleses para as Linhas de Torres é
verdadeiramente aterrador. Enquanto guerrilhavam em França, o general
Wellington mandou conceber linhas de proteção à cidade lisboeta. Estas Linhas
defensivas, conhecidas por Linhas de Torres Vedras foram a salvação dos
portugueses. Os ingleses, nossos aliados, declararam que se os franceses
passassem as ditas linhas, fugiriam para a Inglaterra através de barcos. Tal
não aconteceu, as tropas francesas renderam-se e voltaram para França. Por
entre todo este enredo bélico, existe ainda espaço para episódios da vida
quotidiana. O lado erótico sexual não foi descurado e foi-se presenciando
positivamente durante o épico, vem dinamizar e animar as mentes assoladas pela
destruição.
Abordagem a vários temas, nomeadamente ligados à arte e cultura popular portuguesa, objectos de culto, genealogia...
domingo, 11 de novembro de 2012
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
Vila Franca de Xira
Vila Franca de Xira foi um
grande ponto de paragem, tanto de turistas, como de viajantes ou mercadores.
Foi em Vila Franca que foi erigida a primeira ponte sobre o Rio Tejo portuguesa,
ponte esta que veio facilitar as trocas comerciais entre as duas margens,
proporcionando uma maior ligação de todo o território. Por outro lado, a ponte,
de seu nome Marechal Carmona, veio extinguir praticamente o tráfego fluvial. A
sua proximidade com Lisboa é mais um atrativo desta cidade, pois rápida e
facilmente chegamos à capital, através da A1 (autoestrada do Norte).
A cidade está desenhada num vale, vale este que é flanqueado por
dois montes: o Monte Gordo e o Bom Retiro. Ambos fazem parte da cidade (zona
alta), dos quais se consegue alcançar visualmente as Lezírias e até a Ponte
Vasco da Gama. O Monte Gordo, como é vulgarmente conhecido é o ponto mais alto
da cidade, possui alguns prédios altos, moradias, escolas. O Bom Retiro,
conhecido como zona de dormitório, é onde existe a maior concentração de prédios
da cidade. Inicialmente este bairro era praticamente suportado pelas escolas
que aqui haviam; atualmente já tem imensos espaços, como cafés, engomadorias,
peixarias, minimercados, mercearias, escritórios, escolas...
A necessidade de que a cidade crescesse fez com que a área de
construção fosse subindo os dois montes, pois a baixa da cidade está cheia e
sem área de construção. Pena dá em onservar casas devolutas em pequenas ruas e
becos, que podiam ser recuperadas, evitando o BOOM da Construção dos Anos 80 e
90.
A Arquitetura da cidade é muito interessante, pois apesar de ser
uma cidade muito antiga, tem imensos estilos arquitectónicos diferentes.
Podemos agradecer ao Governo de Maria da Luz Rosinha (PS) pelo excelente
trabalho que fez desde a sua chegada à Câmara Municipal, pois revitalizou
imensos espaços importantes da cidade, como por exemplo, o Jardim Municipal
Constantino Palha, o Parque Urbano Luís César Pereira, ... A criação de edifícios de estilo
contemporâneo veio abrir um novo paradigma: “colocar caixotes no meio de casas
bonitas”, estas são as frases dos vila-franquenses que pouco estão habituados a
edifícios contemporâneos puristas.
Esta reviravolta na Arquitetura da cidade veio alterar a Arquitetura e abrir novos tópicos investigativos. Agora conta com passagens aéreas futuristas, paredão, de modo a
proporcionar uma pista de corrida, museus, cafés, restaurantes, tertúlias.
O Páteo da Galache é uma das habitações mais conhecidas da velha vila. Em tempos era o Palácio da Família Galache, mesmo na Rua Direita, rua esta que faz a ligação entre a Igreja Museu em honra do Mártir Santo São Sebastião e a Câmara Municipal. Por cima do portão do Páteo e bem ao centro encontra-se o escudo das armas da família, que era pertença do Sr. Manuel Mendes. No mesmo páteo encontram-se lindos e valiosos painéis de Azulejaria, tanto na parede do alçado lateral, como no escoramento da habitação.
Atualmente o espaço é ocupado por um lar de Idosos, no primeiro andar e por um Pub/ Restaurante denominado VariNaice, no Rés-do Chão.
O Páteo da Galache é uma das habitações mais conhecidas da velha vila. Em tempos era o Palácio da Família Galache, mesmo na Rua Direita, rua esta que faz a ligação entre a Igreja Museu em honra do Mártir Santo São Sebastião e a Câmara Municipal. Por cima do portão do Páteo e bem ao centro encontra-se o escudo das armas da família, que era pertença do Sr. Manuel Mendes. No mesmo páteo encontram-se lindos e valiosos painéis de Azulejaria, tanto na parede do alçado lateral, como no escoramento da habitação.
Atualmente o espaço é ocupado por um lar de Idosos, no primeiro andar e por um Pub/ Restaurante denominado VariNaice, no Rés-do Chão.
Páteo da Galache, Vila Franca de Xira |
Rua Dr. Miguel Bombarda (Rua Direita), Vila Franca de Xira |
Vila Franca é uma localidade cheia de tradições, praticamente todas
ligadas ao Campo e ao Rio. A Festa mais importante da cidade comemora-se no
primeiro fim de semana de Julho, com a duração de 3 dias e denomina-se por
Colete Encarnado. A festa do Colete Encarnado é uma homenagem ao Campino
Ribatejano, campino este que é um guardador de gabo bovino e que opera,
habitualmente nas Lezírias Ribatejanas. O outro momento de festa é em Outubro,
com início no primeiro fim de semana e com a duração de 7 dias. Esta
tradicional festa vila-franquense é bem mais antiga do que o Colete Encarnado,
mas menos valorosa. É uma espécie de montra de Artesanato e diversões para os
mais jovens; a meu ver, deveria ser a altura em que as gentes de Vila Franca
vinham vender os seus produtos, de modo a divulgá-los a um vasto público, que
visitava a cidade. Atualmente a feira alberga artesãos de todo o país, tendo um
stand para cada zona de Portugal, de acordo com as regiões.
As Esperas de Touros e Largadas são um ponto de diferenciação de
Vila Franca de Xira! Desde tempos longínquos que os vila-franquenses esperam
touros vindos das lezírias, conduzidos por campinos e maiorais, que
posteriormente eram largados nas ruas, de modo a fazerem as delícias dos
aficionados. Atualmente os touros são largados da corraleta (cerca) situada
junto à ponte. Os campinos conduzem as rezes até à praça de touros e lá são
apartados. Depois de separados são largados em quatro zonas distintas da Rua 1º
de Dezembro e da Rua Serpa Pinto. Para proteção dos aficionados, a Câmara
coloca tranqueiras, de modo aos aficionados (marialvas) se resguardarem das investidas das
rezes.
Apesar de ser um ritual que não constitui grande interesse para
mim, acredito que sejam estes momentos que dinamizam a cidade. São nestas
alturas que a cidade é bombeada por imensos foliões que vêm mostrar os seus
dotes. Há algum tempo atrás, os rapazes que queriam seguir a carreira de
toureiro ou forcado, aproveitavam estas festas para mostrarem a sua destreza, a sua habilis.
Penso que atualmente a população vai às Largadas de touros para encontrar
amigos que não vê há muito tempo ou então para tourear de tranqueira, com a
imperial na mão.
A nível artístico, Vila Franca nunca foi um centro de artes por excelência. Existem alguns pintores anónimos que pontuam o Jardim Constantino Palha ao Domingo ou o GART (Grupo de Artistas e Amigos da Arte) que vai despertando a atenção a alguns pintores amadores que, de vez em quando, expoem os seus trabalhos "Realistas" no Salão da Patriarcal, antiga Vacaria de Arquitetura Clássica.
O Jornal "A Hora" foi um grande fornecedor de notícias a toda a região vilafranquense. Admnistrado por Bandeira de Tóro, o Jornal abordava os mais variados temas e tinha ainda espaço para expôr patrocínios, com imagens.
Nesta imagem encontramos, tal como hoje em dia, uma lista imensa de Publicidade. O interessante nesta imagem é mesmo a variação de Lettering que encontramos. Já existia, por volta dos anos 50, uma preocupação com as fontes (tipos de letra) e penso que é até poderia passar o dia a redigir sobre este assunto, mas não vem a calhar...
O edifíco da Câmara Municipal, tal como na atualidade, com a sua estrutura clássica, com a torre sineira, alinhada ao centro da fachada. Este edifício constitui um ícone arquitetónico vilafranquense.
A Cimento Tejo, atualmento Cimpor, foi das primeiras fábricas a produzir Cimento em Portugal. Situada em Alhandra, concelho de Vila Franca de Xira, esta fábrica já vem de longa data, contando com mais duas fábricas, uma perto de Faro e outra perto de Coimbra.
A nível artístico, Vila Franca nunca foi um centro de artes por excelência. Existem alguns pintores anónimos que pontuam o Jardim Constantino Palha ao Domingo ou o GART (Grupo de Artistas e Amigos da Arte) que vai despertando a atenção a alguns pintores amadores que, de vez em quando, expoem os seus trabalhos "Realistas" no Salão da Patriarcal, antiga Vacaria de Arquitetura Clássica.
O Jornal "A Hora" foi um grande fornecedor de notícias a toda a região vilafranquense. Admnistrado por Bandeira de Tóro, o Jornal abordava os mais variados temas e tinha ainda espaço para expôr patrocínios, com imagens.
Anúncios em jornal regional ribatejano |
Câmara Municipal de Vila Franca de Xira |
Cimento tejo, atual Cimpor |
O edifíco da Câmara Municipal, tal como na atualidade, com a sua estrutura clássica, com a torre sineira, alinhada ao centro da fachada. Este edifício constitui um ícone arquitetónico vilafranquense.
A Cimento Tejo, atualmento Cimpor, foi das primeiras fábricas a produzir Cimento em Portugal. Situada em Alhandra, concelho de Vila Franca de Xira, esta fábrica já vem de longa data, contando com mais duas fábricas, uma perto de Faro e outra perto de Coimbra.
A cidade perdeu muitos habitantes devido ao valor do m2. Morar no
centro da cidade é um “luxo”, pois as habitações são caríssimas, têm preços
equiparados aos preços praticados na capital. A construção fugiu do centro por
estes motivos e as habitações antigas existentes, encontram-se, muitas delas,
em avançado estado de degradação.
A política de aquisição de imóveis tem de ser alterada, pois se
continuarmos assim, iremos perder muito património relevante, como é o caso do
Palácio do Farrobo.
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Vila Franca de Xira
segunda-feira, 15 de outubro de 2012
Júlia Ramalho
O Surrealismo português nunca
teve grande expressão. Muitas das obras do século XX estão agora a começar a
receber alguma atenção por parte dos críticos de arte. Uma das mais promissoras
artesãs de todos os tempos, Rosa Ramalho, foi exímia na Arte Surreal. De nome
Rosa Barbosa Lopes, nasceu a 14 de Agosto de 1888 e faleceu em Dezembro de
1977. O seu pai era sapateiro e a mãe tecedeira, por isso, desde muito cedo,
tomou conhecimento e contacto com as artes ditas manuais. Aprendeu a moldar em
jovem, mas abandonou a atividade para cuidar da família. Só com 68 anos de
idade, Rosa voltou a moldar o barro e a criar as peças surrealistas e
fantasiosas que tanto a caracterizam.
As suas peças são todo um
conjunto de conceitos, pois são simultâneamente dramáticas, fantasistas,
surrealistas, animalescas, bíblicas – tudo isto devido à sua poderosa
imaginação e criatividade. Foi toda esta mistura de conceitos que a distinguiu
perante os restantes ceramistas, atingindo uma fama “mundial”. Segundo Júlia
Ramalho, a sua avó ia encontrar esta inspiração em sonhos que tinha. Sonhava
com figuras mitológicas, medusas, diabos.
Descoberta por António Quadros
(designer), foi a partir dele que começaram que começaram as primeiras críticas
aos seus trabalhos, começou a ser divulgado nos meios de culto.
Em 1968 foi-lhe entregue a
medalha “As Artes ao Serviço da Nação”. Mais tarde, o reconhecimento pelo
Presidente da República a 9 de Abril de 1981, atribui-lhe o grau de Dama da
Ordem de Santiago da Espada.
Mário Cláudio escreveu um livro
sobre Ramalho intitulado Rosa, de 1988, integrado na Trilogia da mão. Existe ainda uma
curta-metragem de Nuno Paulo intitulada À
volta de Rosa Ramalho, de 1996. Como reconhecimento do seu trabalho,
atualmente dá nome a uma rua da cidade de Barcelos e à Escola Básica 2,3 de
Barcelinhos. Pensa-se ainda que a sua habitação venha a transformar-se em Museu
de Olaria homónimo, bem como a sua oficina, situado em São Martinho de Galegos.
Júlia Ramalho (3 de Maio de
1946), neta da famosa ceramista Rosa Ramalho, é um marco na Produção de
Cerâmica Nacional. Ramalho continua a seguir a sua avó, a herança que lhe
deixou, conseguindo criar peças bastante idênticas, mas com o cunho Júlia
Ramalho. Foi sua discípula desde muito nova, herdou da avó o gosto pela Olaria
e a Criatividade. As temáticas não são muito variadas, como fulcral são o Tema
dos Pecados (Gula, Avareza) e o Tema das Virtudes (Paciência, Justiça). A
ceramista também produz o Cristo na Cruz e o bode que eram as imagens de marca
da sua avó, para além dos diabos. Estes últimos, Júlia deixou de os produzir,
pois conta que, algumas pessoas a quem lhes era oferecido o diabo ou mesmo
comprado pelo próprio, trazia imenso azar. Júlia recomendou que o deitassem ao
Douro (rio português), de maneira a libertarem os “males”.
Segundo a ceramista, a peça mais
emocionante que projetou foi uma medusa gigante que tem no seu atelier, mas
também declarou que não repetirá tal proeza. Medusas, Bacos, Diabos Trovadores,
figuras fantásticas, Padre Inácio, figuras marcantes e que têm uma atmosfera
própria.
Júlia Ramalho faz peças por
encomenda, “há minha maneira, toscas...”, mas se o cliente não gostar do
resultado final não há problema, “(...) eu fico com a peça...”. Trabalha por
gosto e não por dinheiro, mas lamenta que o mesmo faz falta e que move o mundo.
Quando está em dia mau, declara que não adianta. Quando em dia bom, tudo sai
bem e orgulha-se disso.
Numa pequena troca de palavras
com a artista durante a Feira de Artesanato de Vila Franca de Xira, percebeu-se
rapidamente que a sua peça favorita é a Paciência, pois “é elaborada e nunca
sai igual...”. Júlia mantém a sua postura no stand, enquanto aguarda pela venda
de qualquer peça. Segundo a ceramista, as feiras de artesanato são muito
cansativas e vende-se pouco, é a crise desabafa. Para o ano não pensa vir ao
Salão de Artesanato, se vier é muito a pedido dos seus fãs, pois vende “pouco”
e porque está a avizinhar-se uma altura que tem imensas vendas, o Natal -
“Estou aqui parada, podendo estar a trabalhar no atelier”. O que compensa Júlia
é realmente a quantidade de seguidores que tem, já há muito tempo em Vila
Franca, Alhandra, Lisboa.
A concorrência é forte, nomes
sonantes como Rosalina Baraça ou Júlia Côta, são também ceramistas ótimas, mas
que abordam um estilo diferente, mais popular, ainda dentro da área do Figurado
Barcelense. Tem algumas abordagens interessantes da parte de alguns clientes,
um partiu uma orelha de uma peça e pediu a Júlia para repetir a peça, mas ficou
maior. Não houve problema, porque as virtudes “devem” ser maiores do que os
“pecados”, logo correu bem. Outro cliente disse que as peças davam vontade de
comer, pareciam caramelizadas. Os clientes normalmente compram colecções
completas das virtudes e dos pecados.
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terça-feira, 9 de outubro de 2012
Less is more
1. O Início de um grande futuro
Por volta da (1900) viragem do século
XIX para o século XX, não existia uma linha projectual coerente entre os
diversos criadores. A obra de Mies Van der Rohe surgiu na sequencia do
movimento Arte Nova[1]. Sendo
que, a obra do arquitecto faz, por isso, a ponte entre o movimento Arte Nova e
o Modernismo.
A principal preocupação de Mies foi a
Arquitectura Internacional que consiste na racionalização das formas; geometrização e depuração das formas foram as
suas grandes preocupações, para que pudesse guiar todo o processo criativo e
projectual.
Começou a trabalhar com catorze anos
numa empresa de construção civil, mas mais tarde tirou um curso de designer
numa escola de comércio, acabando com um diploma em revestimento de estuque.
Quanto à sua formação artística, Mies
foi bastante inspirado por Berlage (Neoclassicismo), contrariamente ao seu contemporâneo
Le Corbusier[2], que
seguiu as pegadas do movimento Arts & Crafts[3].
Em 1905 saiu de Aachen, foi morar para
Berlim em busca de novas oportunidades de carreira. Aqui trabalhou para um
arquitecto, mas este não o deixava explorar a sua criatividade, então
especializou-se novamente em design, mas desta vez em design de equipamento
(móveis) sob a alçada de Bruno Paul.
Todas estas trocas de empresas e
arquitectos iam revelando a Mies que o futuro não era estar sob a alçada de um
arquitecto, mas sim por sua própria conta. Foi então que encontrou Peter
Behrens, criador do logótipo da AEG e com quem trabalhou durante três anos.
A derrota e o colapso do império
militar-industrial alemão no fim da Primeira Guerra Mundial reduziram o país a
uma situação de caos económico e político, daí Mies criar uma arquitectura mais
orgânica do que a permitida pelos cânones autocráticos de Karl Friedrich
Schinkel[4].
O pós-guerra foi uma fase bastante
produtiva para Mies, pois começou a projectar arranha-céus, em vidro, que marcaram
profundamente toda a Arquitectura Moderna. Participou em vários concursos com
projectos altamente inovadores, que foram bastante bem recebidos pelos
clientes, pela sociedade em geral.
2. Alemanha versus Estados Unidos da
América
A Alemanha sempre foi uma referência na
Arquitectura, mas com o fecho da Bauhaus, pelos nazis (Adolf Hitler) em 1934,
as coisas mudaram radicalmente.
Os arquitectos reconhecidos deixaram de
poder concretizar os seus projectos devido às condições precárias que a Alemanha
oferecia na fase pós-guerra. Extremamente arrojados, estes projectos alemães
começaram então a ser implementados nos Estados Unidos. Foi aqui que Mies veio
a crescer enquanto arquitecto, pois a América era um país que procurava pessoas
que soubessem criar, inovadoras; país de oportunidades.
Com o crash da bolsa de Nova Iorque, os
Estados Unidos começaram de novo a gerar riqueza, riqueza esta que disparou e
que criou imensos postos de trabalho. O país começou a desenvolver-se a vários
níveis. Na Arquitectura, os arquitectos europeus optaram por criar carreira na
América, pois haviam muito mais oportunidades.
3. Edifícios minimalistas
No inicio da sua carreira, foi extremamente
influenciado por Peter Behrens, logo de princípio os seus edifícios não eram
minimalistas. Com o passar do tempo e também com a evolução da tecnologia, Rohe
foi refinando. Se calhar o melhor exemplo da sua Arquitectura minimalista está
no Crown Hall.
A preocupação com a natureza exterior é
de extrema importância, pois incorpora e faz a ligação entre os dois universos,
o interior e o exterior.
Grandes superfícies em vidro, o que dá
imensa luminosidade, mas que também tem condicionantes, como por exemplo, ao
nível da privacidade e da isolação térmica. Neste caso, os vidros ajudariam a
criar o ambiente interior, que seria um ambiente de trabalho, visto este
edifício pertencer a um Instituto de Investigação.
O concreto foi uma grande novidade na
Arquitectura Internacional, pois conseguiam montar toda a ideia através de
paredes amplas, procurando não fugir das formas ditas puras. A base da
construção residia agora em colunas, as quais suportavam o peso da estrutura,
de tal maneira que, as paredes podiam ser escassas, de modo a haver uma
multiplicidade de áreas distintas e amplas.
4. Pavilhão Alemão na Exposição de
Barcelona
Na sequência da administração bem
sucedida, em 1927, da Exposição da Werkbund
em Estugarda, Mies foi incumbido da gestão artística e da construção dos
edifícios para todas as secções da Exposição universal de 1929.
O «Pavilhão de Barcelona», como é
vulgarmente conhecido, é uma das
principais obras de Mies. Projectado e concretizado em menos de um ano, o
pavilhão deveria representar uma Alemanha democrática, culturalmente progressista,
próspera e completamente pacifista.
Os passos que Mies seguiu para criar o
pavilhão foram a «planta livre» e o «compartimento flutuante». Como um templo
antigo, o edifício assenta numa base de travertino[5] com uma
vedação do mesmo material em forma de U, a sul, que dá para um pequeno anexo de
serviço. Uma grande bacia de água, estende-se para sudoeste e cujas lajes do
chão se projectam por cima das bordas, dando a impressão de uma cobertura
suspensa, revelando o carácter estrutural das paredes. Placas de pedra de alta
qualidade, como o mármore de Tinos, mármore verde-antigo e ónix doré, assim como o vidro colorido,
marcam e pontuam todo o espaço, criando valiosas divisórias espaciais, deslizando
debaixo da placa de cobertura, criando uma transição suave entre o interior e o
exterior – sempre uma preocupação para Mies.
Estas placas marmoreadas compõem todo o
espaço, criando uma harmonia entre os vários compartimentos. A conjugação dos
vários planos transmitem uma harmonia inquestionável, necessária numa visita a
uma qualquer exposição agitada. A simplicidade de planos e o carácter texturado
transmitido pelos mármores são os grandes marcos desta obra, contrastando com
as amplas áreas de circulação e naturalmente, com o exterior.
As áreas de circulação, tanto as
interiores, como as exteriores, foram pensadas, transmitindo um movimento
rítmico coordenado com vistas cuidadosamente compostas – promenade.
Sendo que a sua importância recaía
particularmente para a estrutura, Mies pontuou os interiores do pavilhão com
pouco mobiliário, o necessário, de modo a transmitir a leveza e pureza do espaço,
dado pela diversidade de materiais. Pretendia isolar o individuo do mundo
exterior, tudo combinava de modo a haver uma harmonia espacial. Desta maneira,
desenhou especialmente para este espaço, a cadeira que ficou conhecida como
Barcelona – desenho integral do espaço.
Conslusão: less is more
Os
edifícios deveriam ser encarados como volumes, contendo espaço em vez de
massas, isto tornara-se possível com o uso estrutural do aço. A aparência dos
edifícios podia derivar das formas dos seus elementos horizontais e verticais e
da sua repetição. A perfeição técnica e a elegância de proporções seriam
realçadas, para oferecer qualidade estética na ausência de qualquer decoração.
A maioria dos edifícios e o seu
enquadramento ambiental devia ter um caráter industrial, técnico e de produção
em massa, refletindo o ideal de desenhar para uma era da máquina. A parte
"menos" (less) estava aí claramente demostrada, onde tudo estava
reduzido aos mais simples elementos racionais e todas as outras considerações
estavam subordinadas a uma geometria retangular. Quando elevado aos céus, este
gênero de estilos geométricos angulares era francamente apropriado à
construção, em armação de aço, de arranha-céus de escritórios e à grelha dos
traçados das ruas existentes nas cidades americanas.
Bibliografia
FRAMPTON, Kenneth – História Crítica
da Arquitetura moderna. São Paulo: Martins Fontes,
ZIMMERMAN, Claire – Mies Van der
Rohe. Bremen: Taschen,
PUENTE, Moisés – Conversas com Mies
Van der Rohe. Barcelona, Espanha: Gustavo Gili, 2006.
[1][1] Arte ou Art
Nouveau (do francês) foi um estilo estético essencialmente de Design e
Arquitectura que também influenciou o mundo das Artes Plásticas. Esta
relacionado com o movimento Arts &
Crafts eteve grande destaque durante a Belle
Époque, nas ultimas décadas do século XIX e primeiras décadas do século XX.
[2] Arquitecto, urbanista de origem suíça. Foi um dos mais
notáveis arquitectos do século XX.
[3] Foi um movimento artístico que surgiu na Reino unido, aquando da
Revolução Industrial. Preservava a manufactura como alternativa à mecanização e
à produção em massa; pregava o fim da distinção entre o artista e o artesão.
[4] Foi o arquitecto neoclássico com maior destaque na
Prússia.
[5] É uma rocha
calcária, composta por de calcita, aragonita e limonita, nas quais se inscrevem pequenas cavidades, onde predominam os
tons que passam pelo branco, verde ou rosa, apresentando, frequentemente,
marcas de ramos e folhas.
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