O conceito de Ecologia, é desde há muito tempo, uma das
preocupações cimeiras do dito ideal monárquico e é revelador, claro está, da
qualidade de vida no nosso planeta. Existem vários exemplos que podia abordar sobre
plantações e formas de preservação da Natureza que evidenciam ou demonstram uma
preocupação com as temáticas da Ecologia e da Biosfera.
Como sabemos, o Pinhal de Leiria, ou Pinhais Reais de Leiria,
foi um grandioso projecto iniciado pelo rei D. Afonso III (1248-1279), com o
qual se percebe a importância da Ecologia, enquanto tentativa de travar o
avanço e degradação das dunas, protegendo também a cidade de Leiria e toda a
área/região agrícola circundante à cidade. Durante anos, o corte de árvores foi
seguido de replantação, mantendo-se o pinhal intacto e rejuvenescido. Foi no
reinado de D. Dinis que o pinhal assistiu ao seu maior crescimento. A sua
manutenção era assegurada pelo Guarda-Mor dos Pinhais de El-Rei, o Guarda e Couteiro das Matas dos Pinhais do
Rei, responsável pela segurança de toda a área.
Além de garantir a preservação das dunas no litoral e
proteger a cidade dos efeitos da erosão, anos mais tarde o pinhal teve também um
importante papel, para os Descobrimentos Marítimos, com a utilização da madeira
dos pinho na construção de embarcações. Também nos séculos XVIII e XIX, contribuiu
enquanto impulsionador das indústrias da construção naval, vidreira, metalurgia
e de produtos resinosos. A madeira era utilizada como matéria-prima ou como
adjuvante na produção de energia tanto pelas indústrias, como no próprio
aquecimento das habitações.
Outro marco de sucesso no campo da Ecologia foi o Parque da
Serra de Sintra que ainda nos dias de hoje nos oferece magnificas paisagens e
um enquadramento holístico e místico à vila de Sintra. O apogeu da plantação do
Parque da Serra de Sintra aconteceu durante o reinado de D. Fernando II
(Saxe-Cobourg-Gotha), em pleno século XIX, após a compra do Palácio Nacional da
Pena. Esta plantação surge em resultado da ideia de enriquecer toda a
envolvente do palácio, numa experiência de recriação do Castelo de
Neuchwanstein na Alemanha, plantando-se para o efeito, nas escarpas da Serra de
Sintra árvores raras e exóticas, criando em simultâneo fontes, cursos de água e
lagos. Para além desta nova plantação, o monarca tratou de replantar a floresta
já existente, nomeadamente com carvalhos, e pinheiros mansos indígenas,
ciprestes mexicanos, acácias da Austrália, entre várias outras espécies.
Todo este legado de uma refinada preocupações com as
plantações vem sendo descurada ao longo dos últimos anos. Planta-se desordenadamente,
debaixo de uma cultura hegemonicamente capitalista e desordeira, de que é exemplo
a aposta na quase monocultura do eucalipto que se vem revelando uma verdadeira
praga. O drama dos incêndios que vêm ocorrendo no nosso país, não é alheio a um
deficiente ou ausente planeamento territorial que implica estratégias ao nível de
espécies arbóreas, desmatação e limpeza de terrenos a par de um trabalho
continuado de vigilância e protecção da floresta. Embora esta seja uma temática
da actualidade que está em cima da mesa, as soluções tardam a ser apresentadas.
Se pensarmos que, durante o Governo de Salazar existiam dois grupos
profissionais que asseguravam o bem da qualidade florestal, podemos questionar
se a nossa “evolução” tem sido feita da melhor maneira; refiro-me aos
cantoneiros que asseguravam o tratamento e limpeza dos caminhos em áreas
particularmente rurais e aos guardas-florestais, que, tal qual o nome indica, são
os guardadores das nossas florestas, da nossa Natureza. Sabe-se que com estes
dois “preventivos” sistemas, o risco de incêndio e de outras tantas
contaminações seria reduzido.
Também o rito da caça assume o seu contributo como medida de
preservação de espécies num contexto de Ecologia. No caso do javali, animal que
se encontra no topo da cadeia alimentar e também em regime de praga
(principalmente na zona arraiana), terá de ser controlado sob risco de
exterminar as espécies que estão abaixo na cadeia alimentar, como é o exemplo
dos coelhos ou mesmo, de arruinar terrenos agrícolas, como milharais. Esta caça
não passa por ser apenas um desporto, chamo-lhe actividade de controlo
venatório, na medida em que controla a praga e elimina os animais doentes e
transmissores de doença a outras espécies. Fundamental também, não menosprezar a
presença do homem e o contacto com a natureza enquanto mais-valia para evitar
calamidades ou mesmo no seu combate ao poderem mais rapidamente ser
identificadas situações de desordem territorial.
O ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das
Florestas tem feito um óptimo trabalho neste sentido com a contribuição para a
conservação da Natureza e das espécies que nela habitam. É fundamental assimilarmos
que a Natureza tem de ser controlada, vigiada, a isto denomina-se preservação. É
com base neste espírito que a Juventude Monárquica Portuguesa, organiza
anualmente um evento dedicado à vida campestre. O Dia de Campo do ano corrente
teve lugar na Ganadaria J. Rosa Rodrigues, na Chamusca, num extraordinário
ambiente de convívio, com almoço, tenta de vacas bravas e uma visita guiada aos
campos da região. Este evento permite às camadas mais jovens perceberem a interiorização
da Agricultura, da Ecologia e das mais variadas temáticas ambientalistas,
sensibilizando-as para a preservação e conservação das mesmas, indispensáveis à
afirmação da verdadeira cultura de sustentabilidade comprometida com o bem-estar
das gerações actuais e vindouras.
André Lopes Cardoso
Secretário geral da JMP, publicado in Real Gazeta do Minho, 30 de Junho de 2017
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