quinta-feira, 7 de setembro de 2017

Natureza na actualidade

O conceito de Ecologia, é desde há muito tempo, uma das preocupações cimeiras do dito ideal monárquico e é revelador, claro está, da qualidade de vida no nosso planeta. Existem vários exemplos que podia abordar sobre plantações e formas de preservação da Natureza que evidenciam ou demonstram uma preocupação com as temáticas da Ecologia e da Biosfera.
Como sabemos, o Pinhal de Leiria, ou Pinhais Reais de Leiria, foi um grandioso projecto iniciado pelo rei D. Afonso III (1248-1279), com o qual se percebe a importância da Ecologia, enquanto tentativa de travar o avanço e degradação das dunas, protegendo também a cidade de Leiria e toda a área/região agrícola circundante à cidade. Durante anos, o corte de árvores foi seguido de replantação, mantendo-se o pinhal intacto e rejuvenescido. Foi no reinado de D. Dinis que o pinhal assistiu ao seu maior crescimento. A sua manutenção era assegurada pelo Guarda-Mor dos Pinhais de El-Rei, o Guarda e Couteiro das Matas dos Pinhais do Rei, responsável pela segurança de toda a área.
Além de garantir a preservação das dunas no litoral e proteger a cidade dos efeitos da erosão, anos mais tarde o pinhal teve também um importante papel, para os Descobrimentos Marítimos, com a utilização da madeira dos pinho na construção de embarcações. Também nos séculos XVIII e XIX, contribuiu enquanto impulsionador das indústrias da construção naval, vidreira, metalurgia e de produtos resinosos. A madeira era utilizada como matéria-prima ou como adjuvante na produção de energia tanto pelas indústrias, como no próprio aquecimento das habitações.
Outro marco de sucesso no campo da Ecologia foi o Parque da Serra de Sintra que ainda nos dias de hoje nos oferece magnificas paisagens e um enquadramento holístico e místico à vila de Sintra. O apogeu da plantação do Parque da Serra de Sintra aconteceu durante o reinado de D. Fernando II (Saxe-Cobourg-Gotha), em pleno século XIX, após a compra do Palácio Nacional da Pena. Esta plantação surge em resultado da ideia de enriquecer toda a envolvente do palácio, numa experiência de recriação do Castelo de Neuchwanstein na Alemanha, plantando-se para o efeito, nas escarpas da Serra de Sintra árvores raras e exóticas, criando em simultâneo fontes, cursos de água e lagos. Para além desta nova plantação, o monarca tratou de replantar a floresta já existente, nomeadamente com carvalhos, e pinheiros mansos indígenas, ciprestes mexicanos, acácias da Austrália, entre várias outras espécies.
Todo este legado de uma refinada preocupações com as plantações vem sendo descurada ao longo dos últimos anos. Planta-se desordenadamente, debaixo de uma cultura hegemonicamente capitalista e desordeira, de que é exemplo a aposta na quase monocultura do eucalipto que se vem revelando uma verdadeira praga. O drama dos incêndios que vêm ocorrendo no nosso país, não é alheio a um deficiente ou ausente planeamento territorial que implica estratégias ao nível de espécies arbóreas, desmatação e limpeza de terrenos a par de um trabalho continuado de vigilância e protecção da floresta. Embora esta seja uma temática da actualidade que está em cima da mesa, as soluções tardam a ser apresentadas. Se pensarmos que, durante o Governo de Salazar existiam dois grupos profissionais que asseguravam o bem da qualidade florestal, podemos questionar se a nossa “evolução” tem sido feita da melhor maneira; refiro-me aos cantoneiros que asseguravam o tratamento e limpeza dos caminhos em áreas particularmente rurais e aos guardas-florestais, que, tal qual o nome indica, são os guardadores das nossas florestas, da nossa Natureza. Sabe-se que com estes dois “preventivos” sistemas, o risco de incêndio e de outras tantas contaminações seria reduzido.
Também o rito da caça assume o seu contributo como medida de preservação de espécies num contexto de Ecologia. No caso do javali, animal que se encontra no topo da cadeia alimentar e também em regime de praga (principalmente na zona arraiana), terá de ser controlado sob risco de exterminar as espécies que estão abaixo na cadeia alimentar, como é o exemplo dos coelhos ou mesmo, de arruinar terrenos agrícolas, como milharais. Esta caça não passa por ser apenas um desporto, chamo-lhe actividade de controlo venatório, na medida em que controla a praga e elimina os animais doentes e transmissores de doença a outras espécies. Fundamental também, não menosprezar a presença do homem e o contacto com a natureza enquanto mais-valia para evitar calamidades ou mesmo no seu combate ao poderem mais rapidamente ser identificadas situações de desordem territorial.

O ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas tem feito um óptimo trabalho neste sentido com a contribuição para a conservação da Natureza e das espécies que nela habitam. É fundamental assimilarmos que a Natureza tem de ser controlada, vigiada, a isto denomina-se preservação. É com base neste espírito que a Juventude Monárquica Portuguesa, organiza anualmente um evento dedicado à vida campestre. O Dia de Campo do ano corrente teve lugar na Ganadaria J. Rosa Rodrigues, na Chamusca, num extraordinário ambiente de convívio, com almoço, tenta de vacas bravas e uma visita guiada aos campos da região. Este evento permite às camadas mais jovens perceberem a interiorização da Agricultura, da Ecologia e das mais variadas temáticas ambientalistas, sensibilizando-as para a preservação e conservação das mesmas, indispensáveis à afirmação da verdadeira cultura de sustentabilidade comprometida com o bem-estar das gerações actuais e vindouras.

André Lopes Cardoso
Secretário geral da JMP, publicado in Real Gazeta do Minho, 30 de Junho de 2017

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