Manuel Lopes Bexiga |
Manuel Lopes Bexiga, nasce a 11 de Abril de 1861 na Quinta
de Fernandares, em Santiago dos Velhos, foi baptizado a 29 de Abril do mesmo
ano, na Igreja de Santiago dos Velhos pelo Presbítero João José Pereira da
Silva. Foi seu padrinho Manuel Lopes e invocou-se para madrinha Nossa Senhora
da Conceição, tocou com a prenda da mesma Senhora Manuel Lopes Baixinho, seu
tio, casado, lavrador e morador no lugar de A-de-Mourão.
Filho de Manuel José Lopes Bexiga e de Ana Maria Baixinho, perde
a sua mãe quando tinha 2 anos de idade. O pai, em 1864, casa em segundas
núpcias com Gertrudes da Conceição Lopes. Deste segundo matrimónio nascem: José
Lopes Bexiga (c. 1865), João Lopes Bexiga (1867-1956), Maria Lopes Bexiga (c.
1869), António Lopes Bexiga (c. 1869), José Lopes Bexiga (c. 1872), Joaquim
Lopes Bexiga (c. 1874).
A relação familiar não era fácil e fez-se “maltês”, saindo
de casa antes da idade para casar em busca de novas oportunidades. Em 1896 casa
com D. Gertrudes da Conceição em São João dos Montes, em 1896. Deste casamento
nascem: Teodora da Conceição Lopes (1897-1989), Maria da Conceição Lopes
(1899), Guilhermina da Conceição Lopes (1901-1956), Romana da Conceição Lopes
(1903), Marcolina da Conceição Lopes (c.1905), Gertrudes Lopes (1913-1977),
Manuel Lopes Bexiga Jr. (1915-1948) e Teresa Lopes (1917); todos com
descendência.
Homem de cabelo suavemente ondulado e curto, olhos claros e
rasgados, olhar terno e profundo, face queimada do trabalho, coberta de barba
rija e suíças à "moda do Ribatejo", disfarçando o queixo saliente,
insinuando ligeiro prognatismo, estatura baixa e seca, bem típica da família
Lopes.
Confiante e autoritário, responsável e pouco afável, fruto talvez
da sofrida juventude que viveu. Quem pelas ruas o admirasse, pensaria decerto
que mal passava. De aparência simples, barrete negro sobre a orelha, deambulava
pelas ruas da pequena vila, entretido com os negócios que qualquer estranho
questionaria.
Tornou-se Lavrador desde tenra idade iniciando a exploração
agrícola na zona de Santiago dos Velhos, com base em várias propriedades de
família, particularmente a Quinta de Fernandares, Gian, Casal Novo, Terra
Grande. Destacou-se no seu tempo pelo trabalho que realizou e pela sua
excelente capacidade de gestão de propriedades. Um pequeno império foi
crescendo iniciando-se a expansão para a zona de Vila Franca de Xira, à época fora
de vasto comércio. Foi então que adquiriu a Quinta da Mata, a Quinta da
Valencia e a Quinta da Costa Branca, explorando em todas elas fruta.
Situada em Vila Franca de
Xira, a Quinta da Valencia tornou-se a residência oficial de Lopes Bexiga. Uma
propriedade bastante grande, confrontada a Norte pela Ribeira de Santa Sofia, a
Sul pelo Caminho Velho, atual Rua Dona Froiles Ermiges de Ribadouro, a Oeste
pela Quinta do Conde Farrobo e a Este pelo ribeiro.
Manuel Lopes Bexiga à conversa com Padre Ramalho |
Os seus bens avultaram-se
mais, muitos já caíram no esquecimento. O monopólio que detinha fazia de si um
dos homens mais ricos de Vila Franca de Xira. O controlo das propriedades era
feito pelo próprio, pelo filho Manuel Lopes Bexiga Jr. e por alguns genros.
Tinha também vários foreiros a explorarem os seus terrenos, o que era uma fonte
de rendimentos, seja através de dinheiro, seja através de alqueires de produtos
agrícolas. Paralelamente às estas actividades agrícolas, fundou uma pequena
empresa de Transportes.
Homem de fé e acérrimo crente de Santa Quitéria de Meca (Alenquer), anualmente
peregrinava à Basílica, jurando votos para que visse benzido o seu gado.
Embora fosse varão, pensa-se
que não terá recebido heranças, mas segundo Graça Soares Nunes (2006) in Vila Franca de Xira, existe
uma propriedade registada na Fazenda Nacional de 1841 denominada por Trindade,
na qual constam casas e terras na zona de Calhandriz em nome do foreiro Manuel
Lopes, presumível pai de Manuel Lopes Bexiga.
Família Bexiga em Meca, Alenquer |
Alguns dos seus familiares
ainda pensam que ao adquirir uma falsa máquina de “fazer dinheiro”, Lopes
Bexiga terá acabado por enlouquecer, ao perceber que teria sido enganado por um
presumível amigo, gastando uma fortuna na compra do dito artefacto. A revolta
que sentiu quando percebeu que teria sido ludibriado, acabou por o deixar
exposto à "loucura".
Manuel Lopes Bexiga tornou-se um dos maiores lavradores da
zona de Vila Franca de Xira, ficando conhecido por “Maltez Rico” .
Falece a 20 de Setembro de 1947.
Pelo trisneto,
André Lopes Cardoso