O cobertor de papa também vulgarmente
conhecido como manta lobeira, é um ícone bem português que detém muito valor em
todo o território nacional. A sua origem é na Guarda, mais propriamente na
aldeia de Maçainhas, onde em 1966 foi fundada a Fábrica de Cobertores de José
de Freire, sendo a única a produzir este tipo de cobertor. O material utilizado
neste produto é a lã churra ou melhor, lã de ovelha de Raça Churra.
Cobertor de papa original |
Estes ícones ganham forma nos grandes teares de Maçainhas,
pelas mãos dos escassos artesãos da região que detém ainda a arte de tecer a
lã. Apesar de ser pouco produzido, é no Verão que a lã churra é fiada e tecida,
sendo posteriormente colocada no pisão, de modo a ser lavada e feltrada[1],
depois vai à máquina cardar, puxando-lhe o pelo, sendo por fim esticada para
secar ao Sol. Estas práticas são morosas e cansativas, mas só assim se consegue
obter o verdadeiro cobertor de papa, consistente e muito quente. Existem
variações de cor, dependendo do gosto do cliente, poderá ser riscado ou liso.
No Ribatejo, o cobertor de papa é utilizado pelos campinos para proteger as suas montadas e as suas costas. É colocado sob a sela como de um suadouro se tratasse, tornando mais confortável a prática de montar a cavalo.
Riscado de verde, encarnado, castanho e amarelo, sobre fundo bege, também
conhecido por manta espanhola. Por outro lado, durante as festas do Colete Encarnado, a cidade é invadida dos por estes gigantes do tipo espanhol, os quais são utilizados para ornamentar as janelas e varandas das casas vilafranquenses. São ornados com flores e artefactos tipicamente ribatejanos, guarnecendo as ruas da cidade. No Minho e Norte do país utiliza-se o cobertor de papa original. Também os há do tipo "barrento" que recursa dos matizes bege e castanho na sua coloração (Pomar, 2010) .
Campino em prova de perícia, com cobertor de papa |
Manta lobeira (cobertor de papa) tipo espanhol, utilizado no Ribatejo |
Atualmente existem grupos
organizados para evitar a extinção de tal arte, evitando que caiam no
esquecimento, através de escolas e ateliers
junto das camadas mais jovens, promovendo a arte de bem tear(Duarte,
2009).
Conheça também a Escola de Artes e Ofícios que foi fundada em 2008, precisamente em Maçaínhas, através do endereço: http://eaomacainhas.com/
André Lopes Cardoso
[1] A feltragem, processo
feito à base de água e sabão, serve para tornar a lã churra num tecido (feltro) de lã.
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