Muitas vezes passei lá com a minha mãe, quando vinha à capital
fazer não sei o quê, não sei se era para passear, se para tomar conhecimento
com os atribulados transportes públicos, mas muitas vezes pensava – Lisboa é
diferente, nunca a vou conhecer – se calhar por ser uma pessoa muito curiosa,
tudo o que mexe é alvo de observação, até mesmo aquilo que é estático e sem
graça.
Há cerca de três anos, numa noite bem calma de Verão, surgiu a
ideia de sair para Lisboa, com destino a um bar famoso, o Hard Rock Café.
Realmente, o nome é bastante conhecido, mas nunca na minha cabeça me passou a
ideia de como seria estar naquele mesmo espaço.
Desmontando a palavra para perceber o que diz, obtemos Hard que significa duro, pesado; Rock que significa um género musical –
“Café de Rock Pesado”. Não sei se realmente é o que acontece dentro do HR, mas
o nome é marcante.
À entrada, encontrava-se um porteiro, com um ar bastante
simpático, que dizia “Boa noite”, como um papagaio numa qualquer varanda. Após
a passagem da rua para o interior do restaurante sentia-se uma enorme calma,
misturada com aromas diversos, gentes
diferentes, roupas extravagantes, música, luzes – distinto. Esta mistura de
gentes torna o espaço multicultural, se calhar era mesmo o conceito de Isaac
Tigrett (1947) e Peter Morton (Chicago, 1947) quando, em 1971, inauguraram o
seu primeiro Hard Rock Café, em Londres. Situado na zona de Picadilly Circus,
junto ao Hyde Park, o Hard Rock Café de Londres foi o pioneiro HR. A
inauguração foi um sucesso e toda esta coleção de objetos, como roupa, sapatos,
guitarras, microfones vêm explanar toda a tendência musical dos anos 70 em
Londres e no Mundo. Morton e Tigrett tiveram imenso potencial para gerir a sua
ideia que inicialmente era abrir um restaurante, mas nunca sabendo que estrelas
como Eric Clapton, Peter Townshend doariam um objeto para a sua pseudo-futura coleção de objetos rock.
Este colecionismo desencadeado primeiramente pela guitarra doada por Clapton
para o Hard Rock londrino veio abrir todo um leque de uma infindável coleção
que, até hoje, continua a ser completada, sem fim à vista. Esta coleção é o
ponto fulcral do conceito dos amigos Peter e Isaac, pois não haviam, nem há,
museus que consigam mostrar uma panóplia de equipamentos tão vasta, como os
seus restaurantes.
Se calhar não é por ser “bonitinho”
que as pessoas entram no espaço, mas sim por ter no topo do edifício um
logótipo, que tem por detrás um conceito, uma experiência positiva, uma qualquer
vivência que faça com que a pessoa volte a entrar e volte a querer experimentar
a sensação Hard Rock. Não sei se o Hard Rock Las Vegas é parecido ou igual ao
Hard Rock Lisboa. Duvido até que o seja, até porque, seria cliché demais, a
questão é mais simples do que isso. Alguém de Las Vegas, que conheça o espírito
HR e vem até Lisboa, certamente quererá experimentar o espírito HR lisboeta.
Esta troca de experiências faz com que as marcas cresçam e tornem-se fortes, não
importando mais nada. Esta divulgação, esta aprendizagem demora o seu tempo a
acontecer, mas o que é certo é que a experiencia HR, desde 1971, já deu
resultados, existindo factualmente 143 restaurantes.
Atualmente a sociedade vive muito em função da imagem. Aquilo que
vestem, aquilo que comem, o carro que utilizam – preconceitos sociais. Desta
maneira, as pessoas vêem-se obrigadas a consumir o que realmente a sociedade
sugere, muitas vezes sem possibilidades para este consumo exacerbado, mas que
no final podem dizer – Comi caviar, estive em LA ou simplesmente, comprei umas
Levi’s – clichés que não se esperam vivenciar no século XXI, mas a culpa é do
Marketing. Voltando à nossa questão, o HR é mais uma grande marca que
monopoliza o consumidor a entrar, mantendo um Marketing bastante forte e
comunicativo, como é o caso das camisolas brancas que possuem um logótipo
gigante anunciando HARD ROCK CAFÉ – e o local onde foi adquirida – de modo a
mostrar à rua que esteve no sítio x, no local y – “mini-painéis publicitários”,
tal como Klein sugere no seu livro No
Logo.
A marca Hard Rock Café não é um espaço – não é um produto é uma
experiência! A HR é uma Atitude, um Valor, uma Experiência. Atualmente, mas
marcas não se baseiam num espaço físico ou mesmo num produto, o conceito é bem
mais importante e, por vezes, o ponto fulcral da marca. Os produtos são os
meios para vincar a marca na sociedade, normalmente causam impacto, de modo a
promover a marca e disseminá-la. No caso do HR, o produto que está mais
associado é a camisola branca, pois foi uma maneira fácil e cool que se encontrou para a divulgação da marca.
Sem comentários:
Enviar um comentário