domingo, 27 de maio de 2012

Euforia


André Lopes Cardoso, Euforia, 2007
Dim. 50X60, Óleo sobre tela

O tema central da pintura é o Nascimento. Apesar de ter sido pintada na adolescência, tem uma temática que não é frequentemente abordada pelos jovens, considerada até de tabu. A escolha da temática foi difícil, queria transmitir alteração, então surgiu a ideia de Fertilização, Mudança. A escolha cromática foi também uma tarefa bastante difícil, mas deixei-me influenciar pela ingenuidade e ousei em aplicar cores quentes  e frias, transmitindo uma explosão de várias emoções, o que remete imediatamente para a fecundação - orgasmo.

Esta tela veio espalhar a polémica na aula de Desenho, pois ninguém arriscaria num tema arrojado. Parece que não foi há muito tempo, mas realmente nota-se uma grande diferente das crianças dos finais dos Anos 80 para as dos Anos 2000.

Hoje não causaria o impacto que causou na altura.

domingo, 20 de maio de 2012

Kitsche



Serviço de café chinês datado de aproximadamente 1950. A evolução da moda e das tendências tem avanços e recuos, podemos dizer que é cíclica. Este serviço de café é o caso, pois usou-se em tempos e agora está de novo na "moda". É uma peça kitsch, que está bem patente no nosso dia-a-dia. O conceito de kitsch veio para ficar! Se pensarmos em termos filosóficos e nos abstrairmos das peças e apontamentos que compoem o kitsch, podemos perceber que é um movimento bastante arrojado, vincado, ousado. Será esse o ponto fulcral do kitsch? Vejamos um sofá cheio de padrões e cores gritantes numa sala toda branca, é um cenário kitsch, mas um kitsch estudado e argumentado, com certeza. Desta maneira, quero só fazer crer que nós vivemos com as peças com os objetos, quer sejam eles kitsch, barrocos, contemporâneos, vintage - o Homem é que tem o poder de os organizar, de modo a conseguir a Harmonia.

Adolf Loos



Por volta da (1900) viragem do século XIX para o século XX, não existia uma linha projectual coerente entre os diversos criadores. A obra de Adolf Loos surgiu na sequência do movimento Arte Nova1. A obra de Loos faz, por isso, a ponte entre o movimento Arte Nova e o Modernismo.

A principal preocupação de Loos foi o Ornamento. Para o arquitecto, o ornament era um desperdício de tempo, de energia, de matéria; para Loos o material deveria ser valorizado e não o acabamento, daí ter o seu foco nas formas simplistas e depuradas.

Adolf Loos nasceu em Brno, na Morávia, em 1870. Estudou durante alguns anos Arquitectura em Dresden, na Alemanha. Em 1892 deslocou-se para os Estados Unidos da América, de modo a conhecer uma nova cultura e também para aprofundar a sua teoria noutros exemplos de Arte, que não os europeus.

Em 1896 voltou para a Europa, onde começou a trabalhar com o mestre Karl
Mayreder, mas não demorou muito tempo até conseguir arranjar o seu próprio atelier em Viena. Este passo foi um dos mais importantes que Loos deu na sua carreira, pois foi aqui que começou a opor-se ao movimento da Secessão Vienense; acabou por fundar a sua própria escola de Arquitectura.
Em 1897, Loos começou com a sua publicação de artigos polémicos, que viriam a ser responsáveis pela sua reputação internacional. A sua principal crítica à Arte assenta no excesso de decoração, no Design concebido em Viena e nos mais recentes produtos dos movimentos da Secessão Vienense e da Art Noveau.

Todas estas reflexões críticas culminaram num ensaio, denominado “Ornamento e Crime”. Ensaio este que foi publicado em 1908; uma importante marca na evolução da Arte e por conseguinte um documento fulcral para a literatura modernista.

Adolf Loos foi um dos primeiros arquitectos a reagir contra o rebuscamento da Art Noveau. Assim, cria maneiras para alterar a mentalidade da época. Deixou imensos documentos críticos relativamente à Arte que se assumia na Europa, de modo a que os novos artistas não seguissem as pisadas dos antigos.

Por volta de 1922, Loos viaja para França, onde permanece durante cinco anos. Em França, integra-se entusiasticamente no movimento avant-garde, influenciando grandes nomes da arquitectura, como por exemplo, Le Corbusier.

Loos tinha uma mentalidade muito à frente da época em que vivia, daí pensar mais além do que os demais arquitectos da sua geração.
Só aos sessenta anos (1930) é que Adolf Loos é oficialmente reconhecido como grande nome da arquitectura vienense. Os seus ensaios e críticas foram compilados em volume no ano seguinte.
Loos morre a 23 de Agosto de 1933, em Kalksburg.



Villa Muller, República Checa, 1930 (exterior)

Villa Muller, República Checa, 1930 (interior)

A Arte Nova foi a principal manifestação cultural desta época. Surgiu um pouco por toda a Europa, nos finais do século XIX. Foi um movimento bastante importante, pois devido à Revolução Industrial, começaram-se a utilizar novos materiais, nomeadamente o vidro e o ferro. Este movimento caracteriza-se pela utilização de formas orgânicas, formas muito ligadas à Natureza. Valorizava-se o trabalho artesanal, pois a sociedade já
estava a confrontar-se com o problema da produção em série, produção considerada sem personalidade artística.
Todo este desenvolvimento, resultante da Revolução Industrial, foi muito importante para a Arte mas, segundo Loos, o ornamento aplicado neste movimento (Arte Nova) é excessivo e deprimente.

O movimento Arts & Crafts (Artes e Ofícios) foi outra das heranças culturais desta época. Surgiu no Reino Unido, como forma de contrariar a mecanização da produção, valorizando a produção artesanal. Durou pouco tempo, mas deixou marcas, pois foi a partir do movimento Arts & Crafts que surgiu o movimento Arte Nova.
Adolf Loos em 1892 mudou-se para os Estados Unidos da América, de modo a enriquecer-se culturalmente. Lá trabalhava como pedreiro, mas o seu principal objectivo era verificar a Arte, pois a Arte praticada na Europa estava “intoxicada”.
Deparando-se com a obra de grandes nomes da Arquitectura, como é o caso de Louis Sullivan . Este arquitecto foi, como que uma fonte de inspiração para Loos, pois a sua noção de Estética baseava-se na premissa de que “a forma segue sempre a sua função”.

Em 1896 volta para a Europa, com maior conhecimento, de modo a aplica-lo na Arquitectura “europeia”.


Hard Rock Café






Muitas vezes passei lá com a minha mãe, quando vinha à capital fazer não sei o quê, não sei se era para passear, se para tomar conhecimento com os atribulados transportes públicos, mas muitas vezes pensava – Lisboa é diferente, nunca a vou conhecer – se calhar por ser uma pessoa muito curiosa, tudo o que mexe é alvo de observação, até mesmo aquilo que é estático e sem graça.
Há cerca de três anos, numa noite bem calma de Verão, surgiu a ideia de sair para Lisboa, com destino a um bar famoso, o Hard Rock Café. Realmente, o nome é bastante conhecido, mas nunca na minha cabeça me passou a ideia de como seria estar naquele mesmo espaço.

Desmontando a palavra para perceber o que diz, obtemos Hard que significa duro, pesado; Rock que significa um género musical – “Café de Rock Pesado”. Não sei se realmente é o que acontece dentro do HR, mas o nome é marcante.

À entrada, encontrava-se um porteiro, com um ar bastante simpático, que dizia “Boa noite”, como um papagaio numa qualquer varanda. Após a passagem da rua para o interior do restaurante sentia-se uma enorme calma, misturada com aromas  diversos, gentes diferentes, roupas extravagantes, música, luzes – distinto. Esta mistura de gentes torna o espaço multicultural, se calhar era mesmo o conceito de Isaac Tigrett (1947) e Peter Morton (Chicago, 1947) quando, em 1971, inauguraram o seu primeiro Hard Rock Café, em Londres. Situado na zona de Picadilly Circus, junto ao Hyde Park, o Hard Rock Café de Londres foi o pioneiro HR. A inauguração foi um sucesso e toda esta coleção de objetos, como roupa, sapatos, guitarras, microfones vêm explanar toda a tendência musical dos anos 70 em Londres e no Mundo. Morton e Tigrett tiveram imenso potencial para gerir a sua ideia que inicialmente era abrir um restaurante, mas nunca sabendo que estrelas como Eric Clapton, Peter Townshend doariam um objeto para a sua pseudo-futura coleção de objetos rock. Este colecionismo desencadeado primeiramente pela guitarra doada por Clapton para o Hard Rock londrino veio abrir todo um leque de uma infindável coleção que, até hoje, continua a ser completada, sem fim à vista. Esta coleção é o ponto fulcral do conceito dos amigos Peter e Isaac, pois não haviam, nem há, museus que consigam mostrar uma panóplia de equipamentos tão vasta, como os seus restaurantes.

Se calhar não é por ser “bonitinho” que as pessoas entram no espaço, mas sim por ter no topo do edifício um logótipo, que tem por detrás um conceito, uma experiência positiva, uma qualquer vivência que faça com que a pessoa volte a entrar e volte a querer experimentar a sensação Hard Rock. Não sei se o Hard Rock Las Vegas é parecido ou igual ao Hard Rock Lisboa. Duvido até que o seja, até porque, seria cliché demais, a questão é mais simples do que isso. Alguém de Las Vegas, que conheça o espírito HR e vem até Lisboa, certamente quererá experimentar o espírito HR lisboeta. Esta troca de experiências faz com que as marcas cresçam e tornem-se fortes, não importando mais nada. Esta divulgação, esta aprendizagem demora o seu tempo a acontecer, mas o que é certo é que a experiencia HR, desde 1971, já deu resultados, existindo factualmente 143 restaurantes.

Atualmente a sociedade vive muito em função da imagem. Aquilo que vestem, aquilo que comem, o carro que utilizam – preconceitos sociais. Desta maneira, as pessoas vêem-se obrigadas a consumir o que realmente a sociedade sugere, muitas vezes sem possibilidades para este consumo exacerbado, mas que no final podem dizer – Comi caviar, estive em LA ou simplesmente, comprei umas Levi’s – clichés que não se esperam vivenciar no século XXI, mas a culpa é do Marketing. Voltando à nossa questão, o HR é mais uma grande marca que monopoliza o consumidor a entrar, mantendo um Marketing bastante forte e comunicativo, como é o caso das camisolas brancas que possuem um logótipo gigante anunciando HARD ROCK CAFÉ – e o local onde foi adquirida – de modo a mostrar à rua que esteve no sítio x, no local y – “mini-painéis publicitários”, tal como Klein sugere no seu livro No Logo.





A marca Hard Rock Café não é um espaço – não é um produto é uma experiência! A HR é uma Atitude, um Valor, uma Experiência. Atualmente, mas marcas não se baseiam num espaço físico ou mesmo num produto, o conceito é bem mais importante e, por vezes, o ponto fulcral da marca. Os produtos são os meios para vincar a marca na sociedade, normalmente causam impacto, de modo a promover a marca e disseminá-la. No caso do HR, o produto que está mais associado é a camisola branca, pois foi uma maneira fácil e cool  que se encontrou para a divulgação da marca.