Arquimedes da Silva Santos nasceu a
18 de Junho de 1921, na Póvoa de Santa Iria, freguesia do concelho de Vila
Franca de Xira. Filho de José da Silva Santos (Santiago dos Velhos, Arruda dos Vinhos, 26 de Setembro de 1893) funcionário público da Junta Autónoma de Estradas e de Iria da Conceição Ventura e Silva (Póvoa de Santa Iria, Vila Franca de Xira).
Apesar de ter nascido na Póvoa de Santa Iria, cedo veio viver para Vila Franca de Xira, para uma casa sito na Av. dos Combatentes da Grande Guerra. Foi com os amigos desta cidade, nomeadamente Alves Redol, Soeiro Poeira Gomes, Pato, que se desenvolveu o pensamento neo-realista.
José da Silva Santos com sua esposa D. Iria da Conceição Ventura e Silva e o filho Arquimedes da Silva Santos Lisboa, 1922 |
Apesar de ter nascido na Póvoa de Santa Iria, cedo veio viver para Vila Franca de Xira, para uma casa sito na Av. dos Combatentes da Grande Guerra. Foi com os amigos desta cidade, nomeadamente Alves Redol, Soeiro Poeira Gomes, Pato, que se desenvolveu o pensamento neo-realista.
Arquimedes da Silva Santos |
Licenciou-se em Medicina, tendo
exercido clínica geral durante 50 anos e foi um dos primeiros neuropsiquiatras
infantis portugueses, sendo também um dos pioneiros do movimento da Educação
pela Arte e Ciências Pedagógicas. Silva Santos estudou dois anos na Universidade
Paris-Sorbonne e regressou a Portugal em 1964 para integrar o Centro de
Investigação Pedagógica da Fundação Calouste Gulbenkian.
Foi preso pela Polícia Política e
condenado, em 1949, à pena de 18 meses de prisão pelo Tribunal Criminal de
Lisboa. Acabou por ter de emigrar para França, pois que não era considerado
pessoa respeitável e fiável para poder, como médico, trabalhar num hospital
português.
Conciliando sempre o seu interesse pela
cultura, já em Coimbra, onde estudou, foi um dos impulsionadores da revista
Vértice e desenvolveu actividades no Teatro Universitário e no Ateneu de Coimbra,
representando e traduzindo um vasto número de peças. De regresso a
Lisboa estagiou em Medicina Interna e em Cirurgia, em Pediatria, Neurologia e
em Psiquiatria, sempre como voluntário. Acabou por ser reconhecido como
Neuropsiquiatra da Infância, pela Ordem dos Médicos, em 1959
Foi na área da pedagogia que mais se
destacou, no Centro de Investigação Pedagógica do Instituto Gulbenkian de
Ciências e na Escola Superior de Educação pela Arte do Conservatório Nacional
de Lisboa e na Escola Superior de Dança.
No Centro de Investigação Pedagógica
procuravam-se soluções para as dificuldades escolares, sobretudo de origem
emocional e afectiva. Recorria-se, entre outras, a técnicas de reeducação da
linguagem e da expressividade da criança, utilizando-se técnicas de pedagogia
curativa que implicavam relação com a música, o drama, o movimento e as artes
plásticas. Foi ai que foi tomando forma a criação de uma Psicopedagogia da
Expressão Artística, num primeiro tempo, dando origem, depois, ao sonho de uma
Reeducação Expressiva ou uma Arte-Terapia.
Propôs, no início dos anos 70, a criação
de dois cursos no Conservatório Nacional, um para Professores do Ensino
Artístico, e outro para Professores de Educação pela Arte. Fundador do
Movimento Português de Intervenção Artística e Educação pela Arte.
Sobre estas actividades, discorre: “Eu
tinha a formação de pedopsiquiatra e vi que a melhor maneira, do ponto de vista
educativo, de agir na vida das crianças com dificuldades era através das
expressões artísticas, quer seja da música, das artes plásticas, da
psicomotricidade, da dança, do drama, etc. …” (entrevista à revista “Noesis” –
nº 55-Julho/Setembro 2000). E ainda: “Fui um professor amador que, de algum
modo, se profissionalizou. … Como livre pensador e como franco atirador pude
fazer aquilo que achava que devia ser. … Dava liberdade aos meus alunos para
podermos fazer as coisas de maneira a enriquecermo-nos, a encontrarmo-nos, a
sermos. A minha linha de acção era essa. Não era o saber, o ter, era
exactamente o ser”.
Um dos seus pontos fulcrais de tese
é de facto, que o desenvolvimento harmonioso de uma criança é o que importa na educação
para que ela, no futuro, se encontre a si própria e se encontre com os seus concidadãos.
Participou no filme de António Reis e
Margarida Cordeiro “Rosa de Areia”(1988), com um personagem hierático, de
cabeleira branca e olhar de sonho, sempre a procurar ver para além do
horizonte.
A Fundação Gulbenkian publicou um livro de
sua autoria – “Mediações arteducacionais – ensaios dirigidos”, obra que
recomendamos a todos os intervenientes em pedagogia e onde se pretende
“prosseguir e procurar vias entre a Arte e a Educação”. Na sua introdução
pode-se ler: “À escala nacional... Duas dicas dessa prioridade: Jardins-de-infância
para todas as crianças portuguesas; Educadoras sensibilizadas para as
expressões ludo-expressivo-artísticas”.
Este autor também pode ser consultado em “Perspectivas Psicopedagógicas”, 1977, e “Mediações Artístico-Pedagógicas”, 1989, de Livros Horizonte.
Este autor também pode ser consultado em “Perspectivas Psicopedagógicas”, 1977, e “Mediações Artístico-Pedagógicas”, 1989, de Livros Horizonte.
Estátua ao Dr. Arquimedes da Silva Santos, Jardim da Quinta Municipal da Piedade, Póvoa de Santa Iria |
Foi homenageado pela Câmara Municipal de Vila Franca de
Xira com uma estátua, da autoria do Mestre Francisco Simões, a implantar no
Jardim do Palácio Municipal da Quinta da Piedade, na Póvoa de Santa Iria. O
médico do concelho, pioneiro nacional na área da pedopsiquiatria, foi também um
importante pedagogo ligado à Educação pela Arte e um reconhecido poeta, sendo
um dos fundadores do movimento neo-realista português.
Com a estátua, a autarquia vai não só qualificar o espaço
público como também homenagear uma das mais importantes figuras do concelho.
Foi agraciado com a Ordem do Infante D. Henrique e
com a da Instrução Pública.
André Lopes Cardoso