A data de entrega da nossa investigação sobre a Cultura Popular Portuguesa está próxima e hoje apetece-me partilhar convosco um tema que me suscitou imenso interesse, Nélson Oliveira. Já tem alguns seguidores, mas o interesse da nossa tese também se resume na divulgação de novos artistas portugueses. Assim sendo, apresento-vos um texto que teve por base uma entrevista ao artista.
Nélson Oliveira nasceu a 1985, em
Airó (Barcelos), no berço de uma família que em nada se ligava às Artes.
Começou por pintar telas, atividade que ainda desempenha, mas o contato que
teve com artesãos ligados ao Figurado despoletou-lhe o interesse, passar de uma
realidade bidimensional para uma tridimensional. Um dos seus colegas declarou
que Nélson tinha muito “jeito” para pintar, então que deveria experimentar o
barro. Pouco tempo depois, começou a trabalhar o barro e ainda não o conseguiu
largar. É um autodidata na arte de modelar, mas posteriormente contou com a
orientação de dois colegas de profissão João Ferreira e Manuel Macedo.
A modelar o barro em 2005 e, desde
então, foi um sucesso. Todo o seu trabalho consiste na modelação
totalmente manual do barro, usando algumas técnicas adquiridas e outras
transmitidas por colegas da área. Com a prática e destreza manual que tanto o
caracteriza, Nélson utiliza técnicas e métodos que o próprio desenvolveu.
A temática das suas peças
não tem limites, mas o seu foco é desenvolver produtos artesanais a partir de
temas quotidianos, reportando sempre para o clássico. Aprecia o trabalho
desenvolvido por Manuel Macedo, Joaquim Esteves, Família Baraça, Irmãos
Mistério. As suas peças têm três características distintas de todos os outros
ceramistas barcelense, são como que a imagem de marca de Oliveira.
O embutimento dos olhos
na peça é um dos traços distintivos, bem como as grandes bochechas. Oliveira,
de alguma maneira, caricatura os seus cerâmicos, tornando-os únicos. Os pés
sempre descalços remetem para uma abordagem bastante popular e simples. Mantendo
sempre estas características, bem como as características do Figurado de
Barcelos, tentando utilizar, sempre que pode, cores alegres, pois são elas que
transmitem o espírito português. Conta que não tem peças preferidas, mas a
última que concebe é sempre a sua eleita. Revela ainda que as que lhe dão mais
gosto conceber é Galinha a parir, Galo
pregado na cruz, Diabo, Santo António, Galo Humanizado, sendo que as mais
populares são Santo António, Presépio e
o Galo.
A sua fértil imaginação
revela-se quando tem que criar algo inovador, como foi o caso da peça Galinha a parir, com qual recebeu o
prémio Revelação na Feira de Artesanato e Cerâmica de Barcelos, em 2011. Desde
o sagrado ao profano, do quotidiano às tradições tudo é contemplado no seu
vasto espólio de Figurado, como por exemplo o Santo António tradicional, o Santo
António brincalhão, Galos Homem, Galos Zé
Povinho, Galos Médico.
Para os mais curiosos, deixo-vos a morada:
www.nelson-oliveira.com
André Lopes Cardoso
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