segunda-feira, 27 de maio de 2013

Nélson Oliveira

A data de entrega da nossa investigação sobre a Cultura Popular Portuguesa está próxima e hoje apetece-me partilhar convosco um tema que me suscitou imenso interesse, Nélson Oliveira. Já tem alguns seguidores, mas o interesse da nossa tese também se resume na divulgação de novos artistas portugueses. Assim sendo, apresento-vos um texto que teve por base uma entrevista ao artista.

Nélson Oliveira nasceu a 1985, em Airó (Barcelos), no berço de uma família que em nada se ligava às Artes. Começou por pintar telas, atividade que ainda desempenha, mas o contato que teve com artesãos ligados ao Figurado despoletou-lhe o interesse, passar de uma realidade bidimensional para uma tridimensional. Um dos seus colegas declarou que Nélson tinha muito “jeito” para pintar, então que deveria experimentar o barro. Pouco tempo depois, começou a trabalhar o barro e ainda não o conseguiu largar. É um autodidata na arte de modelar, mas posteriormente contou com a orientação de dois colegas de profissão João Ferreira e Manuel Macedo.
A modelar o barro em 2005 e, desde então, foi um sucesso. Todo o seu trabalho consiste na modelação totalmente manual do barro, usando algumas técnicas adquiridas e outras transmitidas por colegas da área. Com a prática e destreza manual que tanto o caracteriza, Nélson utiliza técnicas e métodos que o próprio desenvolveu.



A temática das suas peças não tem limites, mas o seu foco é desenvolver produtos artesanais a partir de temas quotidianos, reportando sempre para o clássico. Aprecia o trabalho desenvolvido por Manuel Macedo, Joaquim Esteves, Família Baraça, Irmãos Mistério. As suas peças têm três características distintas de todos os outros ceramistas barcelense, são como que a imagem de marca de Oliveira.
O embutimento dos olhos na peça é um dos traços distintivos, bem como as grandes bochechas. Oliveira, de alguma maneira, caricatura os seus cerâmicos, tornando-os únicos. Os pés sempre descalços remetem para uma abordagem bastante popular e simples. Mantendo sempre estas características, bem como as características do Figurado de Barcelos, tentando utilizar, sempre que pode, cores alegres, pois são elas que transmitem o espírito português. Conta que não tem peças preferidas, mas a última que concebe é sempre a sua eleita. Revela ainda que as que lhe dão mais gosto conceber é Galinha a parir, Galo pregado na cruz, Diabo, Santo António, Galo Humanizado, sendo que as mais populares são Santo António, Presépio e o Galo.





A sua fértil imaginação revela-se quando tem que criar algo inovador, como foi o caso da peça Galinha a parir, com qual recebeu o prémio Revelação na Feira de Artesanato e Cerâmica de Barcelos, em 2011. Desde o sagrado ao profano, do quotidiano às tradições tudo é contemplado no seu vasto espólio de Figurado, como por exemplo o Santo António tradicional, o Santo António brincalhão, Galos Homem, Galos Zé Povinho, Galos Médico.



Para os mais curiosos, deixo-vos a morada:

www.nelson-oliveira.com

André Lopes Cardoso

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