Hoje recupero um texto sobre o Salão do Cavalo de Vila Franca de Xira.
“O Salão do Cavalo em Vila Franca de Xira era um certame dedicado ao cavalo, principalmente Lusitano e à Companhia das Lezírias. Sabe-se que a região de Vila Franca tem fortes ligações ao campo, à Festa Brava e, por isso, ao cavalo. O certame foi iniciado no final da década de 80, particularmente em 1989, tendo sido fortemente apoiado pelo Eng. Sommer d'Andrade, o Dr. Torcato de Freitas, José Assis Pereira Palha, Major Simões Pereira, Coronel Cabedo entre outros elementos que faziam parte da comissão organizadora. Acontecia tipicamente no primeiro fim-de-semana do mês de Maio, no local que hoje conhecemos como Campo do Cevadeiro, junto à entrada sul da cidade. Era nesse campo que vinham de todo o país cavaleiros, marialvas, e entusiastas curiosos espreitar os místicos de quatro patas. Era uma regressão ao passado com pompa e circunstância, desde os trajes típicos aos passos equestres que se vislumbravam às pargas, não só no local da feira, mas por toda a cidade.
Não só era um desfile de cultura, havia também um conjunto de provas equestres que, nalguns casos, pontuavam para o campeonato nacional. Modalidades como o Horseball, Equitação de Trabalho, Condução de cabrestos, Picaria à vara larga, Concurso do Poldro mamão, eram alguns dos momentos do certame. Normalmente acontecia também um show equestre protagonizado pelo Centro Equestre da Lezíria Grande, se a memória não me trai.
Paralelamente a este conjunto de actividades, existia também o comércio de cavalos.”
In Concept Board por André Lopes Cardoso, publicado em 18 de Janeiro de 2015
Após várias conversas com amigos e entusiastas de cavalos relativamente ao texto acima sobre o cavalo e o Salão de Cavalo de Vila Franca, pensei em fazer um apanhado sobre o dito Salão de Primavera.
Como sabemos, Vila Franca é considerada a sevilha portuguesa, isto porque está envolvida pelas Lezírias, mas porque vive a afición da Festa Brava. Este contexto permite perceber que quem aqui vive, vive as coisas da terra e dos animais de uma maneira muito particular, particularmente as tradições e os costumes tipicamente ribatejanos. Foi desta cidade que saíram os maiores toureiros e cavaleiros de todos os tempos, porque existe de facto esta ligação sanguínea nas gentes da terra.
O Salão do Cavalo termina por volta de 2006/2010, numa tentativa de acabarem com as tradições desta cidade. Foi lentamente movido para as Lezírias, atraindo menos visitantes, justificando assim o seu terminus.
Fiz um levantamento de pontos positivos, outros a melhor, de maneira a que se perceba mais facilmente as mais-valias que poderia trazer à cidade.
Apresento alguns pontos positivos:
• Manter viva a tradição ribatejana;
• Manter viva a tradição equestre portuguesa;
• Revitalizar a cidade;
• Movimentação e fluxo de comércio, sejam restaurantes, hotéis, pensões.
Pontos a melhorar:
• Manter as raízes do certame tradicional, mas fazer ligeiras actualizações, como por exemplo, trazer a festa novamente para a cidade;
• Promover o cavalo na região, para tal, instalar um picadeiro/hipódromo em Vila Franca, de maneira a que os cavaleiros da região tenham um local onde possam treinar os seus equídeos gratuitamente, tal como acontece na Golegã (manga);
• Criar parcerias com Escolas e Companhias Agrícolas para patrocinarem o certame;
• Criar estruturas para que a festa não se desvaneça no tempo;
• Apelar a que as tertúlias tauromáquicas não só colaborem na Festa do Colete Encarnado, mas que apoiem e disseminem a Festa dos Cavalos.
Vila Franca de Xira está situada numa zona muito acessível, pois está próxima de Lisboa, da capital do Cavalo (Golegã, para os mais distraídos) mas também do campo. Os acessos são óptimos, desde o comboio, ao Auto-Estrada, a Recta do Cabo para quem vem de Sul, enfim é um núcleo óptimo de encontro, pois é central.
O Largo da Câmara, por ser o da cidade e, porque tradicionalmente é o local onde se entregam prémios e condecorações, era importante ser aqui o local solene da Feira, onde aconteça a abertura do Certame, entregas de prémios, entre outros.
Relativamente ao ponto Entrega de prémios, deveriam ser criados e considerados vários Prémios como: Melhor Poldro mamão; Melhor traje à portuguesa, entre outros.
O Campo do Cevadeiro seria o coração da Feira, como já era no antigo Salão. No entanto, deveria ser repensado o ordenamento do espaço. O pavilhão deveria servir stands de venda de equipamento, vestuário, e outros artigos relacionados com cavalos, como boxes, atrelados. Já no exterior, poder-se-ia cumprir a tradição e utilizar o espaço para actividades como Condução de gado e cabrestos, Tradicionais jogos, Campeonato de Horseball.
Criar parcerias com as Coudelarias da região, de maneira a virem apresentar os seus produtos. Os Centros Hípicos - O Centro Equestre da Lezíria Grande e o Mestre Luis Valença, o Morgado Lusitano, o Centro Equestre das Cachoeiras, a Quinta da Lezíria, a Quinta da Bela Vista - também deveriam colaborar, através de baptismos equestres, ou até shows no caso do Mestre Luís Valença e do Morgado Lusitano.
Dotar a cidade de pontos estratégicos para colocação de boxes ou aluguer de boxes.
Foi no Cabo das Lezírias que terminou o Salão do Cavalo mas não podemos esquecer das vantagens que o espaço poderia trazer ao evento, desde a sua localização, longe da confusão e do barulho aos próprios equipamentos que lá constam, como: Tentadeiro, Dormitório, Casas agrícolas. Neste local era interessante colocar provas de C.C.E. – Concurso Completo de Equitação – pois tem imenso espaço para este tipo de provas. Poder-se-ia também abrir um Restaurante, ainda que de cariz temporário, servisse refeições durante a Feira.
A Praça de Touros Palha Blanco e o Museu Etnográfico nela inserido seriam outro ponto forte do certame. Dar a conhecer a Palha Blanco e a sua história desde a edificação em 1901, até aos nossos dias, lembrando que antes desta praça existiram outras duas, sendo que a anterior foi vítima de incêndio. Revitalização deste recurso, abertura do Museu Etnográfico que muito agradará este público. Outro ponto interessante seria a apresentação de exposições de pintura, como por exemplo do, José Serrão de Faria. Aproveitar também o certame para fazer um show de Recortadores.
A Companhia das Lezírias é a maior exploração agro-pecuária e florestal existente em Portugal, compreendendo a Lezíria de Vila Franca de Xira, a Charneca do Infantado, o Catapereiro e os Pauis (Magos, Belmonte e Lavouras). A Coudelaria da Companhia das Lezírias, dedica-se actualmente, em exclusivo, à criação do cavalo Puro-Sangue Lusitano, cujos produtos macho recria e aos três anos desbasta e comercializa, no mercado interno e externo. A éguada, com um efectivo de 30 fêmeas de ventre, pasta próximo de Samora Correia - Benavente, na Charneca de Braço de Prata e Vale do Roubão.
As nossas tradições são a nossa identidade, são elas que nos conferem o carácter distinto dos outros povos, não os deixemos perecer.
“O Salão do Cavalo em Vila Franca de Xira era um certame dedicado ao cavalo, principalmente Lusitano e à Companhia das Lezírias. Sabe-se que a região de Vila Franca tem fortes ligações ao campo, à Festa Brava e, por isso, ao cavalo. O certame foi iniciado no final da década de 80, particularmente em 1989, tendo sido fortemente apoiado pelo Eng. Sommer d'Andrade, o Dr. Torcato de Freitas, José Assis Pereira Palha, Major Simões Pereira, Coronel Cabedo entre outros elementos que faziam parte da comissão organizadora. Acontecia tipicamente no primeiro fim-de-semana do mês de Maio, no local que hoje conhecemos como Campo do Cevadeiro, junto à entrada sul da cidade. Era nesse campo que vinham de todo o país cavaleiros, marialvas, e entusiastas curiosos espreitar os místicos de quatro patas. Era uma regressão ao passado com pompa e circunstância, desde os trajes típicos aos passos equestres que se vislumbravam às pargas, não só no local da feira, mas por toda a cidade.
Não só era um desfile de cultura, havia também um conjunto de provas equestres que, nalguns casos, pontuavam para o campeonato nacional. Modalidades como o Horseball, Equitação de Trabalho, Condução de cabrestos, Picaria à vara larga, Concurso do Poldro mamão, eram alguns dos momentos do certame. Normalmente acontecia também um show equestre protagonizado pelo Centro Equestre da Lezíria Grande, se a memória não me trai.
Paralelamente a este conjunto de actividades, existia também o comércio de cavalos.”
In Concept Board por André Lopes Cardoso, publicado em 18 de Janeiro de 2015
Após várias conversas com amigos e entusiastas de cavalos relativamente ao texto acima sobre o cavalo e o Salão de Cavalo de Vila Franca, pensei em fazer um apanhado sobre o dito Salão de Primavera.
Como sabemos, Vila Franca é considerada a sevilha portuguesa, isto porque está envolvida pelas Lezírias, mas porque vive a afición da Festa Brava. Este contexto permite perceber que quem aqui vive, vive as coisas da terra e dos animais de uma maneira muito particular, particularmente as tradições e os costumes tipicamente ribatejanos. Foi desta cidade que saíram os maiores toureiros e cavaleiros de todos os tempos, porque existe de facto esta ligação sanguínea nas gentes da terra.
O Salão do Cavalo termina por volta de 2006/2010, numa tentativa de acabarem com as tradições desta cidade. Foi lentamente movido para as Lezírias, atraindo menos visitantes, justificando assim o seu terminus.
Fiz um levantamento de pontos positivos, outros a melhor, de maneira a que se perceba mais facilmente as mais-valias que poderia trazer à cidade.
Apresento alguns pontos positivos:
• Manter viva a tradição ribatejana;
• Manter viva a tradição equestre portuguesa;
• Revitalizar a cidade;
• Movimentação e fluxo de comércio, sejam restaurantes, hotéis, pensões.
Pontos a melhorar:
• Manter as raízes do certame tradicional, mas fazer ligeiras actualizações, como por exemplo, trazer a festa novamente para a cidade;
• Promover o cavalo na região, para tal, instalar um picadeiro/hipódromo em Vila Franca, de maneira a que os cavaleiros da região tenham um local onde possam treinar os seus equídeos gratuitamente, tal como acontece na Golegã (manga);
• Criar parcerias com Escolas e Companhias Agrícolas para patrocinarem o certame;
• Criar estruturas para que a festa não se desvaneça no tempo;
• Apelar a que as tertúlias tauromáquicas não só colaborem na Festa do Colete Encarnado, mas que apoiem e disseminem a Festa dos Cavalos.
Vila Franca de Xira está situada numa zona muito acessível, pois está próxima de Lisboa, da capital do Cavalo (Golegã, para os mais distraídos) mas também do campo. Os acessos são óptimos, desde o comboio, ao Auto-Estrada, a Recta do Cabo para quem vem de Sul, enfim é um núcleo óptimo de encontro, pois é central.
Disposição da Cidade e Hipótese de Sítios estratégicos para Salão de Cavalo, Vila Franca de Xira |
O Largo da Câmara, por ser o
Relativamente ao ponto Entrega de prémios, deveriam ser criados e considerados vários Prémios como: Melhor Poldro mamão; Melhor traje à portuguesa, entre outros.
O Campo do Cevadeiro seria o coração da Feira, como já era no antigo Salão. No entanto, deveria ser repensado o ordenamento do espaço. O pavilhão deveria servir stands de venda de equipamento, vestuário, e outros artigos relacionados com cavalos, como boxes, atrelados. Já no exterior, poder-se-ia cumprir a tradição e utilizar o espaço para actividades como Condução de gado e cabrestos, Tradicionais jogos, Campeonato de Horseball.
Criar parcerias com as Coudelarias da região, de maneira a virem apresentar os seus produtos. Os Centros Hípicos - O Centro Equestre da Lezíria Grande e o Mestre Luis Valença, o Morgado Lusitano, o Centro Equestre das Cachoeiras, a Quinta da Lezíria, a Quinta da Bela Vista - também deveriam colaborar, através de baptismos equestres, ou até shows no caso do Mestre Luís Valença e do Morgado Lusitano.
Dotar a cidade de pontos estratégicos para colocação de boxes ou aluguer de boxes.
Foi no Cabo das Lezírias que terminou o Salão do Cavalo mas não podemos esquecer das vantagens que o espaço poderia trazer ao evento, desde a sua localização, longe da confusão e do barulho aos próprios equipamentos que lá constam, como: Tentadeiro, Dormitório, Casas agrícolas. Neste local era interessante colocar provas de C.C.E. – Concurso Completo de Equitação – pois tem imenso espaço para este tipo de provas. Poder-se-ia também abrir um Restaurante, ainda que de cariz temporário, servisse refeições durante a Feira.
A Praça de Touros Palha Blanco e o Museu Etnográfico nela inserido seriam outro ponto forte do certame. Dar a conhecer a Palha Blanco e a sua história desde a edificação em 1901, até aos nossos dias, lembrando que antes desta praça existiram outras duas, sendo que a anterior foi vítima de incêndio. Revitalização deste recurso, abertura do Museu Etnográfico que muito agradará este público. Outro ponto interessante seria a apresentação de exposições de pintura, como por exemplo do
A Companhia das Lezírias é a maior exploração agro-pecuária e florestal existente em Portugal, compreendendo a Lezíria de Vila Franca de Xira, a Charneca do Infantado, o Catapereiro e os Pauis (Magos, Belmonte e Lavouras). A Coudelaria da Companhia das Lezírias, dedica-se actualmente, em exclusivo, à criação do cavalo Puro-Sangue Lusitano, cujos produtos macho recria e aos três anos desbasta e comercializa, no mercado interno e externo. A éguada, com um efectivo de 30 fêmeas de ventre, pasta próximo de Samora Correia - Benavente, na Charneca de Braço de Prata e Vale do Roubão.
Não esquecer as raízes e por isso fazer uma Largada de Touros no Largo da Praça de Touros Palha Blanco, de maneira a atrair um público diversificado.
As nossas tradições são a nossa identidade, são elas que nos conferem o carácter distinto dos outros povos, não os deixemos perecer.
André Lopes Cardoso