A sociedade contemporânea tem vindo a desvalorizar
um conjunto vasto de conformes, preceitos e tradições que, outrora eram levados
à risca. A questão do liberalismo totalitário veio estragar muita da nossa cultura,
da nossa identidade; não pensem por isso que sou antiquado,
penso sim que a equipa vencedora não deve ser mexida.
Se atentarmos num vídeo ou fotografias de pessoas na
primeira metade do século XX, percebemos rapidamente que os nossos usos e
costumes mudaram drasticamente. A moda é, de facto uma das áreas que mais se
degenerou, para pior na minha honesta opinião, apesar de cíclica. A
introdução do plástico no vestuário veio tornar tudo muito mais artificial e
sem qualidade, acabando por revelar modelos ridículos. A própria sociedade,
numa tentativa de estar “na moda” acaba no caricato. Por isso mesmo e, não
sendo especialista em moda, disserto sobre o traje português de equitação, o
qual tem sido alvo de grande desprezo e falta de respeito!
Sabe-se que, o traje português de equitação foi sofrendo algumas adaptações ao longo do tempo, mas a sua génese é semelhante à
indumentária utilizada em toda a Europa, após a Revolução Francesa,
principalmente a Jaqueta, o Colete e as Calças.
Repare-se no caso das províncias, nalgumas delas,
montar a cavalo não fazia parte das actividades quotidianas/profissionais da
população, no entanto o traje utilizado era semelhante, com alguns ajustes.
Podemos rapidamente percepcionar esta situação num rancho folclórico, onde nos
é apresentado um quadro social diversificado, mas maioritariamente rural. A
indumentária é semelhante entre os vários grupos étnicos, tanto pela cor,
corte, adornos. No caso do traje português de equitação, os pormenores que lhe são
inerentes fazem a diferença, distinguindo-o do traje popular.
A Jaqueta, Jaleca ou Jabona assemelha-se a uma casaca a que se cortaram as abas, trata-se
de um casaco curto aflorado a linha da cintura ou terminando um pouco abaixo
desta. A gola de virados é frequentemente enriquecida pela aplicação de veludo
ou veludilho na sobre gola, tem dois bolsos verticais de cada lado do peito
debruados com veludo, pela fenda do bolso sobressai uma réstia do tecido do
forro em vermelho. A jaqueta fecha-se no peito com botões ou alamares que podem
ser de prata ou cordão. Atualmente tem-se visto, cada vez mais, jaquetas em que
a gola é forrada a pele de raposa. O colete é abotoado até a altura do
diafragma podendo este ter a gola de revirados e ter a abertura a frente em
forma de V ou arredondado para se possa ver os folhos da camisa, as costas
feitas de tecido mais leve com cordão a ajustar o tronco. A calça do traje a
portuguesa é de perna cortada a direito, terminando à altura do tornozelo sem
dobra, o cós é alto, atingindo quase a extremidade inferior do esterno,
acompanhando os rins, bem ajustado ao corpo, a braguilha de casas e botões está
escondida pela pestana, mas a partir da cintura os botões tornam-se visíveis. Chapéu
à portuguesa de aba larga, copa côncava com uma virola, também conhecido por "mazantini". A camisa é confeccionada com tecido fino e de boa
qualidade em branco, a carcela pode ser enriquecida com pequenos canudos ou de
um folho largo franzido feito do próprio tecido da camisa, o peito pode ser
adornado de nervuras, ou de pregas pequenas ou largas. As botas ou botins
costumam ser curtos, de maneira a poderem ser acopladas as polainas. O salto da
bota é de prateleira, suportando a espora.
Em suma, as
tradições são para preservar, pois são elas que definem a nossa verdadeira cultura.
Tem-se visto em Feiras do Cavalo, por todo o país, pessoas mal trajadas o que
acaba por vir descontextualizar tudo aquilo que aqui foi dito. Façam o favor de
serem portugueses e reforcem a nossa identidade!
André Lopes
Cardoso