Como já
todos, de alguma maneira sabemos, o nosso país é extremamente rico em cultura,
variando esta de região para região. Na época natalícia, muitas são as
tradições que vêm à tona, mas muitas delas suscitam duvidas, principalmente
sobre a árvore de natal e o presépio.
Civilizações antigas que habitaram os continentes europeu e asiático no terceiro milénio
a.C já consideravam as árvores como um símbolo divino. Essas crenças ligavam as
árvores a entidades mitológicas, pois a sua projeção vertical desde as raízes
fincadas no solo, marcava a simbólica aliança entre os céus e a mãe terra.
Nas vésperas do solstício de
inverno, os povos pagãos
da região dos países
bálticos cortavam pinheiros,
levavam-nos para seus lares e enfeitavam-nos de forma muito semelhante ao que se
faz nas atuais árvores de Natal. A primeira árvore de Natal foi decorada
em Riga, na Letónia, em 1510.
Árvore de Natal, sendo que o pinheiro é artificial |
No início do século XVIII, o monge beneditino
São Bonifácio
tentou acabar com essa crença pagã que havia na Turíngia, para onde fora
como missionário.
Com um machado cortou um pinheiro sagrado que os habitantes locais adoravam no
alto de um monte. Como teve insucesso na erradicação da crença, decidiu
associar o formato triangular do pinheiro à Santíssima
Trindade e as suas folhas resistentes e perenes à eternidade de Jesus. Nascia aí a Árvore
de Natal.
Acredita-se também que esta tradição começou em 1530, na Alemanha, com Martinho Lutero. Certa
noite, enquanto caminhava pela floresta, Lutero ficou impressionado com a
beleza dos pinheiros cobertos de neve. As estrelas do céu ajudaram a compor a
imagem que Lutero reproduziu com galhos de árvore em sua casa. Além das
estrelas, algodão e outros enfeites, ele utilizou velas acesas para mostrar aos
seus familiares a bela cena que havia presenciado na floresta.
Há outras versões, porém, a moderna árvore de natal teria realmente surgido
na Alemanha entre os século
XVI e XVIII. Não se sabe exatamente em que cidade ela tenha surgido. Durante o
século XIX a prática foi levada para outros países europeus e para os Estados Unidos. Apenas no
século XX esta tradição chegou à América Latina.
A
tradição portuguesa é de facto o presépio. Começando pela extrapolação da
palavra, presépio significa o local onde de se guarda o gado. Por outro lado,
sabe-se também que o presépio é a referencia cristã que relaciona o nascimento
de Cristo numa gruta especial em Belém, na companhia de Nossa Senhora, São
José, uma vaca e um burro. O nascimento deu-se numa gruta, pois Nossa Senhora e
José andavam em recenseamento de toda a região e, na noite de 24 de Dezembro
refugiaram-se numa gruta destinada ao abrigo de animais, daí Jesus ser
representado no presépio, deitado numa manjedoura com palhinhas.
Contudo,
e de maneira a celebrar o nascimento de Jesus – Nosso Salvador – várias
culturas começaram a construir o presépio aquando da chegada da época
natalícia. Muitas podem ser as diferenças, tanto de tamanho, como em figuras,
mas o mais importante é reunir a sagrada família Jesus, Nossa Senhora e São
José. O primeiro presépio que surge foi concebido em Argila por São Francisco
de Assis, em 1223. Com esta pratica, o costume espalhou-se por entre as
principais catedrais, igrejas e mosteiros da Europa, durante a Idade Média. Foi
já no século XVIII que o costume se disseminou por todo o mundo.
Presépio
Português
Tal como
foi dito anteriormente, o presépio pode apresentar-se de várias maneiras,
contudo o elemento chave é o Menino Jesus. Existe também o costume de colocar o
Menino Jesus nas palhinhas, depois da Missa do Galo. Tendencionalmente é também
junto do presépio que se colocam os presentes que posteriormente serão
distribuídos pela família, em referencia aos presentes que os Reis Magos
ofereceram ao Menino Jesus. A execução do presépio dá-se no dia 8 de Dezembro –
Dia de Nossa Senhora da Conceição – e o desmontar dá-se no dia 7 de Janeiro,
dia seguinte ao Dia de Reis.
Presépio tradicional português |
O Presépio Português é diferente dos presépios que encontramos noutros países, pois é formado por figuras que não correspondem à época que deveriam de facto representar. Excluindo a Sagrada Família, os Pastores e os Reis Magos, as restantes peças que surgem no presépio foram adicionadas de maneira a dar um cunho “aportuguesado” à história. As peças são normalmente dispostas numa plataforma firme, revestida com musgo, de maneira a tornar o artefacto mais natural, há que use também água para simular os rios, também há quem opte por colocar espelho ou papel de prata. Pode-se encontrar o moleiro, a lavadeira, bailarinos de rancho folclórico, banda de música, mulher com cântaro à cabeça, castelos, pontes romanas, fontes, variados animais, entre outros. Estas peças são normalmente de cerâmica provenientes dos arredores de Barcelos, onde ainda hoje são produzidas em larga escala. Já em Estremoz, o presépio é bastante típico, concebido com base nas peças dos conhecidos Bonequeiros de Estremoz.
Em Lisboa, existe na Basílica da Estrela um presépio da
autoria de Joaquim Machado de Castro que é um verdadeiro ex-libris.
Atualmente muitos são os artistas ou curiosos que criam
os seus presépios.
Presépio da autoria de Machado de castro, Basílica da Estrela |
Presépio concebido com base em pessoas. |