Com o terminus do
mês de Junho começa-se a sentir a agitação nas gentes ribatejanas, engalanando
as varandas e janelas, limpando e abrindo as casas desocupadas durante o
rigoroso Inverno, a cidade - Vila Franca de Xira - começa a inspirar-se e a
preparar-se para a epítome das festas populares portuguesas de variante
tauromáquica, o Colete Encarnado.
Como antecessores do 81º Colete Encarnado, foram inauguradas
algumas exposições que vêm compor e encenar algumas outras abordagens da festa
popular, mostrando assim algumas diferentes visões do que é a festa popular por
excelência. No dia 28 de Junho foi inaugurada a Exposição “O Campino,
imaginários de uma identidade” que é uma mostra de várias representações de
arte portuguesas, desde a Pintura, à Escultura. A exposição está patente até
Outubro e contou com o visionamento de um vídeo relativo à cidade e ao Campino,
culminando com um momento de Fado na inauguração. Quanto ao conteúdo da
exposição, revela-se que o imaginário do campino é uma temática regional e
popular muito intensa que perpetua nas gentes ribatejanas. Sendo o campino o
centro de toda a exposição, são visíveis algumas diferentes visões
relativamente a esta . A exposição inicia-se com alguns
jornais regionais que fazem referência à temática central, bem como ao Colete
Encarnado. Estão ainda representados pintores como Simão da Veiga, Stuart
Carvalhais, Rafael Bordalo Pinheiro, Júlio Goes, com visões diferentes, mas que
conseguem transmitir a essência do homem que trabalha no campo a dorso de
cavalo, comandando gado bravo.
Paralelamente à inauguração da Exposição “O
Campino, imaginários de uma identidade” foram hoje, 29 de Junho, inauguradas
quatro outras exposições sobre a temática tauromáquica, representando assim a
cultura popular. O início da Semana da Cultura Tauromáquica de Vila Franca de Xira
deu-se hoje, nos Paços do Concelho de Vila Franca de Xira, mais precisamente no
Salão Nobre da Câmara Municipal. Este enceto foi comunicado pela presidente da
câmara, Maria da Luz Rosinha, num discurso emotivo, que fazia ponte entre a
cultura tauromáquica e a própria Festa Brava. Ainda nos Paços do Concelho
estará patente a exposição da artista Ana Maria Malta intitulada “Emoções
Taurinas”. É uma pequena mostra dos trabalhos da artista que tenta, de alguma
maneira, transmitir as emoções que são sentidas tanto na área, como nas
bancadas de uma praça de touros.
Posteriormente foi também inaugurada a
Exposição “Cartazes de Seda”, uma pequena reunião de alguns cartazes concebidos
em seda, técnica que caiu em desuso, mas que era bastante pertinente, pois
fazia a ligação entre o cartaz publicitário e o material utilizado na
indumentária do toureiro, a seda.
E, foi um dia cheio de inaugurações, foi
também inaugurada a exposição “Cintas Encarnadas” na Igreja-Museu Mártir Santo
São Sebastião. Neste local idílico-religioso, foram instaladas algumas obras de
arte contemporânea que, analogamente, tentam fazer a ponte entre o religioso e
a festa brava. Os artistas que fazem parte desta exposição são Paulo Robalo,
Mathieu Sodore e Cláudia Teixeira. Neste
caso, podem-se observar instalações, pinturas e fotografias, mas sempre com
enfoque no Forcado.
Em jeito de culminar, a Câmara Municipal e o
Museu do Neo Realismo uniram-se e apresentaram um acervo de Boligán intitulado
“Faenas de Tinta”. O acervo é bastante interessante e revelador de um profundo
conhecimento do traço e do desenho de jeito humorístico. É assim que se inicia
uma Semana Cultural Tauromáquica, conjugando várias expressões e campos da arte
com enfâse na temática tauromáquica. É desta maneira que se anseia o Colete
Encarnado, é desta maneira que se vive a Festa Popular.
André Lopes Cardoso