Situado a caminho da famosa e conhecida praia
da Ericeira, na costa Oeste de Portugal, encontra-se a pequena povoação
denominada por Sobreiro. Conhecida por fazer parte da “Rota Saloia”, como é
vulgarmente conhecida, esta povoação alberga a obra de José Franco, escultor
português, tendo uma vasta obra ao nível de altos relevos e pequenas esculturas
representativas de santos populares.
José Silos Franco (19 de Março de 1920 – 14
de Abril de 2009) foi um conhecido oleiro, escultor e ceramista português. A
sua obra tem como ponto fulcral, a criação de estatuetas religiosas. Estas
estatuetas são bastante marcantes, pois representam simbolicamente entidades
religiosas, mas de maneira suave, sem grande recurso a pormenores – “tosco”.
Conhecidas um pouco por todo o país e até no estrangeiro, estas representações
adorativas são um marco na Olaria portuguesa. Filho de pais humildes, desde
cedo tomou conhecimento com o barro, pois os seus pais eram produtores de
produtos concebidos em barro. Franco e seus irmãos (catorze), vendiam as peças
produzidas pelos pais em festas, colocando-as e transportando-as no lombo de um
burro.
Intitulada por mim de “Vila Franca” é o local
onde está exposta a obra deste grande escultor.
A vila descreve-se em rampa, como que uma
vila presépio, na qual encontramos edifícios que são essenciais numa qualquer
povoação. De entre pequenas casinhas, lagos, riachos, Franco conseguiu fazer
uma excelente recriação da vida quotidiana campestre. No topo da vila
encontramos a Igreja, referencia dos mais crentes, é essencial e marcante em
todas as povoações portuguesas. Bem perto da Igreja, encontram-se casas de
maiores dimensões, as quais fazem referência às famílias mais abastadas da
região. À medida que vamos descendo na povoação vamos, cada vez mais, encontrar
as casas referentes ao povo trabalhador, casas pequenas, simples, sem grandes
luxos, o essencial para sobreviver. De entre tanto pormenor, Franco conseguiu
de maneira soberba recriar o quotidiano das gentes do campo. O moleiro, o
lenhador, o pescador, todas estas profissões foram representadas na sua “vila”.
Caricaturou os seus movimentos sistemáticos, como o de serrar a lenha, de
maneira rápida e convicta, que faz as caras mais sisudas esboçarem um sorriso.
Estão muito bem conseguidas estas caricaturas em movimento, são uma graça e
revelam bem o trabalho árduo do campo.
O rio que refresca esta “vila” está muito bem
pensado, percorre toda a vila, utilizando sempre a mesma água, criando limos
que o tornam bastante real.
Este conjunto ou até instalação ganha vida
quando acionado o botão que garante e fornece energia a todas estas pequenas
animações.
Para além desta “vila”, Franco projetou pequenos
recantos no seu museu a céu aberto que representam as profissões por muitos
esquecidas, como é o caso do boticário, do cesteiro, da professora. Estas
representações são feitas em cera ou plástico, tornando os personagens bastante
reais para o efeito.
Foram também criados ambientes bem
portugueses, como a escola, a casa dos agricultores, a Igreja, a Padaria,
pequenos ambientes que estão fielmente representados em comparação com os
ambientes existentes por este por Portugal fora.
A obra de
Franco é divulgada através dos objetos que são produzidos na sua oficina e
vendidos na sua loja, existente no mesmo espaço do “Museu a Céu Aberto”. Muitos
são os visitantes que passam por esta loja, nem que seja só para deixar um
olhar maroto, mas o que é certo é que existem imensas pessoas interessadas em
obter uma pequena réplica do trabalho do escultor. Existem pratos, conjuntos de
chá, conjuntos de café, serviços de cozinha, utensílios de cozinha, castiçais,
copos, animais em barro, relógios, galheteiros, tudo isto produzido em barro.
O desgosto
foi as santas, que são o marco de Franco e, que atualmente já não são
produzidas, pois o seu “pai” faleceu e ninguém deu seguimento ao seu trabalho.
Quem tem uma
herança deste escultor, tem uma relíquia em casa. As centenas de santas e
santos que foram produzidas são peças únicas, peças que já não são mais
produzidas (com pesar). Estes objetos de arte valem imenso dinheiro, mas o
dinheiro não é tudo e, quem tem a possibilidade de ter um exemplar destes, é um
sortudo.