sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Colete Encarnado - repensamento

O Colete Encarnado é o cânone da festa popular por excelência, no entanto existe um conjunto de actividades, inerentes a esta que acabam por desvirtuá-la, contrariamente ao que se pensa. O CE 2015 sofreu de uma programação que fugiu à tradicional Festa, isto é, concertos de bandas ditas contemporâneas, como foi o caso dos Amor Electro ou dos variadíssimos grupos de sevilhanas que nada têm a ver com a Festa Tradicional Portuguesa.
Pensa-se que seria interessante haver uma modernização do programa, apesar de este ser tão característico e específico, reforçando-lhe a identidade. Por exemplo, uma Picaria é uma tradição ribatejana e deveria estar incluída nesta programação. Outro ponto que merece ser repensado é a Cerimónia de Entrega do Pampilho ao Campinho homenageado e o posterior Desfile de Campinos, Cavaleiros e Marialvas. Este Desfile poderia decorrer mais à noite, visto ser um dos momentos solenes da Festa, como que se tratasse de uma parada. Era muito mais agradável ver as ruas cheias de cavalos, charretes, durante a noite, pela fresca, não faz sentido o Desfile ser à hora de maior calor, nem para os participantes, nem para os animais, nem para os espectadores.
Existe ainda a questão cultural ligada aos artefactos vernaculares ribatejanos, numa tentativa de que o turista perceba a essência da Festa e os seus objectos de culto; como sabem, existem muitas varandas engalanadas, montras de lojas, e muitos transeuntes se perguntam o que é o cobertor de papa e não há uma brochura, um folheto que permita perceber as histórias ribatejanas e os artefactos que delas fazem parte.
A tradição de usar “o lenço encarnado ao pescoço” também ainda não está descrita, deveria existir um documento que explique ao turista a sua origem e disseminação.
O traje português de equitação, bem como o traje de campino, da varina, da avieira, são tudo objectos da nossa Cultura Popular Portuguesa que precisam urgentemente de estar descritos, de maneira a que as gerações vindouras consigam perceber a tradição tal qual ela é. Por outro lado, deveria ser reforçado o papel do Cavalo, em particular do Puro Sangue Lusitano, morador que é nas Lezírias de Vila Franca de Xira, apelando à sua conservação, quer seja enquanto cultura, como seja enquanto veículo para a campinagem, toureio ou lazer.
Os locais de sardinha, pão e vinho devidamente assinalados, quer nos folhetos, quer numa plataforma online que permita dinamizar o evento. Esta plataforma onde estejam todos os pontos de interesse, como sejam, os postos de sardinhas, tertúlias, museus, restaurantes, praça de touros, condicionamentos de trânsito, permitiria ao turista deslocar-se da melhor maneira dentro da cidade e, por isso, desfrutar da Festa.
A Confederação de Tertúlias deveria pensar nestes aspectos de dinamização da Festa, deveriam repensar a festa, perceber quais as iniciativas que deveriam estar patentes, como exemplo, fados, concurso de montras, concurso de tertúlias, carros alegóricos, quer outro tipo de ações.
Recuperar a antiga noite de Fado. Muitos ainda se lembram que a noite de Domingo era praticamente dedicada aos vilafranquenses e o espaço onde decorriam os Fados era precisamente no idílico coreto do Jardim Constantino Palha, seguido do Espectáculo de Pirotecnia. Neste momento, o jardim não está promovido, apenas é visitado aquando do espectáculo pirotécnico. Contudo, pensa-se que o fogo-de-artifício no Monte Gordo era mais visível, quer em Vila Franca, quer nas regiões próximas.

As largadas – continuam a atrair imensos aficionados.

Não deixemos que estas nossas raízes desapareçam, caso contrário as gerações vindouras não poderão constatar, como nós, a essência do nosso coração ribatejano.

André Lopes Cardoso