domingo, 9 de setembro de 2012

Design Gráfico em Portugal


DESIGN GRÁFICO EM PORTUGAL

O Design gráfico tem evoluído muito nos últimos anos. Ilustradores, Pintores, Ceramistas, desenhadores muito fizeram para que o design gráfico evoluísse e se tornasse aquilo que é hoje.

O que é um designer gráfico? Na verdade não existe um termo que consiga definir facilmente a profissão de designer, é todo um conjunto de skills que, quando reunidas, formam o dito designer. Não será somente alguém que desenha, mas algo bem mais complexo. Um designer é um criativo que, neste caso (gráfico), pensa cria, desenha, interpreta, reinterpreta, comenta, visualiza, pesquisa, investiga, critica, teoriza. Não podemos apelidar de designer um individuo que abre o Illustrator ou o Photoshop e faz desenhos ou até cópias de desenhos que já visualizou outrora. Um designer não trabalha com o computador, o computador é que trabalha com o designer! Este é o verdadeiro erro do século XXI, ensinar Design através de um Apple que, como é “bonito” elucida os “pseudo-designers” a trabalharem. O nosso trabalho vai muito para além de uma máquina “gira”, tudo começa aquando do lançamento do briefing, por outras palavras, o nosso pensamento começa a viajar enquanto nos estão a explicar, ou a tentar explicar, a ideia. A nossa cabeça viaja por todo o mundo, pensa em coisas ridículas, as quais nos fazem rir e dizemos para nós: “que ideia ridícula”. A viagem continua, pensamos em maneiras de mostrar o nosso valor, voamos mais alto e queremos surpreender o nosso cliente, tanto que acabamos estafados e sem nada em concreto.

Outras vezes temos uma boa ideia inicial, mas não gostamos dela, ou porque não vai chocar, ou porque é igual a tantas outras, mas o que é certo é que ligamos o “motor da viagem”, viajamos imenso, mas acabamos por ficar com a ideia inicial e o trabalho torna-se aborrecido, porque nunca quisemos que aquela ideia fosse para a frente, mas por falta de tempo, teve mesmo de ser aquela.

O designer é um viajante em busca de novidades.

O trabalho do designer gráfico assenta muito na concepção de identidades corporativas, ou seja, criação de logótipos, cartões de visita, papéis de carta, flyers, vouchers – acessórios ligados à área de impressão (papel). Desde há muitos anos que se faz este tipo de trabalho em Portugal, mas era um trabalho pouco reconhecido, também porque era pouco divulgado, não havia maneiras de mostrar o talento que estes prodigiosos designers nos deixaram, com algumas exceções.

Há uns meses falei do pintor e designer Stuart Carvalhais, o qual deixou algumas marcas que ainda hoje são utilizadas. Podemos pensar até que foi Stuart que impulsionou a Arte da Caricatura em Portugal. Almada Negreiros, Santa- Rita Pintor, Amadeo de Souza Cardoso, conhecidos como pintores, estes senhores foram os pais do Design em Portugal, não descurando outros tantos. No século XX a profissão de designer não era reconhecida, eram os pintores e desenhadores que faziam este trabalho. Desenhavam e caricaturavam para revistas, desenhavam tipos de letra, como no caso do famoso designer tipógrafo Daciano da Costa; faziam trabalho de paginação, de arte-final e, eram conhecidos como pintores.

Felizmente o conceito tem-se vindo a alterar, mas o que é certo é que com a era da máquina, muitas das práticas importantes têm vindo a cair em esquecimento. Os designers do século XXI não usam papel para desenhar, desenham diretamente no Illustrator sob a desculpa que as árvores estão a desaparecer e que a subida das águas dos mares tem a ver com a falta de árvores. Este lado ambientalista não lhes fica nada bem, até porque o computador só nos mostra aquilo que nos queremos ver. Na verdade, o computador é uma excelente acessório de trabalho, mas só faz aquilo que nós pedimos, sozinho não faz nada. Tudo o que é projetado num computador tem um fundamento, parte do nosso cérebro, e o computador realmente transforma a informação em algo palpável. O método de impressão é um ponto muito importante para um designer, pois tudo o que é feito no computador deve ser impresso, pois existem imensas variações entre cores CMYK (papel) e RGB (ecrã do computador), as quais, por vezes, podem gerar surpresas.

Às vezes dou por mim a ver se os flyers estão alinhados ou se a impressão foi concebida numa plotter ou a jacto de tinta, mas o que me impressiona mesmo é ver peças de design gráfico antigas (anos 60, 70) e que parecem tão atuais.

Falando de Design gráfico em Portugal e de peças dos anos 60,70 e 80, não posso descurar a empresa Olegário Fernandes, Artes Gráficas S.A. que tem vindo a fazer um trabalho de excelente qualidade na área. Anualmente é publicada uma Agenda Almanaque na qual estão reunidas peças de design português de extrema importância e qualidade para a nossa área. Peças estas que fazem parte da nossa memória e da nossa cultura e que, cada vez mais, são procuradas, tanto por profissionais, como por curiosos, de modo a fazerem parte das paredes de habitações ou até para fazerem parte de um café recatado. A Agenda Almanaque oferece uma coleção vastíssima de imagens de design português tais como: cartazes, fotografias, grafites, publicidades antigas, memórias. A professora Theresa Lobo faz parte deste ambicioso projeto, pois possui uma vasta experiência na História do Design Português. Theresa Lobo, professora universitária, ilustratdora, pintora, jornalista, é uma das grandes investigadoras de Design português, principalmente cartazes e ilustrações. No seu livro intitulado “Ilustração em Portugal I – 1910 a 1940”, Theresa faz uma recolha imensa de cartazes portugueses, demonstrando o espírito que se vivia na época da sua concepção, bem como as dificuldades de os artistas e a população em geral passavam. Esta recolha estruturada, fundamentada e bem documentada faz de Theresa Lobo, a meu ver, uma das grandes investigadoras na área do Design Editorial, a par de José Augusto França.

Antes mesmo de ter publicado o livro “Ilustração em Portugal I – 1910 a 1940”, em 2009, publicou também o livro “Cartazes Publicitários”, coleção Empreza do Bolhão, Porto, Edição Inapa.




Acho que todos os designers têm estas manias!